07. O difícil caminho para a Luz

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Finalmente chegou o dia da partida, sentei-me nas pedras observando o horizonte do mar distante e azul, fiquei imaginando se minha mãe, ou meus "amigos", estavam me procurando desesperados, ou quantos dias haviam passado, já que meu celular havia descarregado e sem o sol e sua luz, sem dia e noite, meu senso de tempo havia se perdido completamente: estava ali há uma semana? Ou duas semanas? Ou um mês... simplesmente já não sabia.

Minha impressão e que havia passado um bom tempo, havia me acostumado com a vida na aldeia, com a estranha comida com que se alimentavam, umas verduras, peixes, algumas algas e a carne de alguns animais que os caçadores conseguiam abater, de tempos em tempos.

Quando retornei do santuário confiante, Raven não se conteve e correu em minha direção, soltando sua lança e me agarrando com força, dando um intenso abraço, senti o quanto de medo que ela tinha de me perder, e nesse instante também hesitei, sentido meu estado vibracional cair e perder a sensação de leveza.

Mas agora sabia como me concentrar e reconquistar essa habilidade, e nos dias seguintes ensinei minha amiga a também flutuar, todos ficaram admirados mas somente ela conseguirá adquirir a habilidade.

Logo nos duas estávamos tentando atravessar as névoas, indo até as rochas e o oceano de ondas agitadas, explorando as cavernas e brechas entre elas, como ela era teimosa ainda achava que devia subir até o limite do céu, mas as investidas para o alto sempre se limitavam a alguns metros acima do solo, ela retornava aos rochedos sentindo raiva, o que fazia ela rolar pelo chão na queda.

Quando ela se acalmou eu me aproximei dela e apontei para a região azul de onde eu havia vindo. A 'área proibida', olhando naquela direção pudemos ver, mais atentamente, uma região aonde brilhava uma esfera azul escura, ali havia sido o início da minha jornada, atravessando o imenso mar azul.

- É proibido atravessar o mar! Ela disse me olhando, e após esse comentário ela não conseguiu mais flutuar. E depois disso foram dias, ou noites, de angústia até que ela conseguiu superar seu medo por aquele tabu ancestral, enraizado na mente das pessoas de sua vila.

Ela partiu até o santuário de pedras para refletir, e quando retornou estava mais decidida, abandonara seus medos, estava tudo pronto para nossa jornada.

Nos despedimos de todos, de sua família, dos anciões, do pequeno Kian, foi um momento triste, principalmente para Raven, a partir daquele instante ela teria que deixar para trás todo o seu passado para partir rumo a luz do sol.

- Até mais! Acenei, e recebi um abraço do pequeno garoto.

- Até! Irmã Tsuki! Disse ele em lágrimas, fiz um cafuné em seus cabelos sedosos e caminhei até Raven, na beira do mar. Fechamos os olhos, nos concentrando, e no instante seguinte estávamos flutuando, sem mais hesitar atravessamos aquela imensa região azul, segurei firmemente sua mão e não tive mais medo, logo estamos viajando velozmente sobre as ondas tempestuosas e agitadas.


No meio do mar, uma onda enorme surgiu querendo nos engolfar, um horrível monstro marinho me capturou e puxou para as profundezas, parecia meu fim, não tinha força para me soltar.

Porém, minha amiga guerreira mergulhou, e lutou contra ele, cravando no monstro sua lança, que, ao sentir a dor do ataque, acabou me soltando, e pudemos regressar o quanto antes a superfície, aliviada após sentir o gosto da morte.

Nos recuperamos, e após um esforço conseguimos flutuar novamente e continuar nossa jornada até o brilho azul no horizonte que nos chamava intensamente.


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