– Moça, eu já disse, estão em horário de almoço.
– As duas da tarde?
– Bem...
– Por favor, eu só quero abri um boletim.
– Então é só fazer seu B.O aqui que eu logo passo pro delegado.
– Não, eu preciso falar com ele, por favor eu te peço.
Eu só ouvia de longe a atendente lidar com a mulher desesperada pedindo uma oportunidade pra falar, enquanto a atendente não sabia o que fazer olhava pra um lugar, e sei que não era pra moça na frente dela. Segui seu olhar e do lado oposto o delegado Alan estava na porta de sua sala fazendo um sinal que eu sabia bem o que significava. "Livre-se dela".
Revirei os olhos, é sempre assim quando essa mesma morena aparece. Finalmente decidi intervir, andei em direção as duas olhando nos olhos de Alan como se o desafiasse, ele pode ser meu chefe mas tenho um juramento a seguir.– Boa tarde, senhorita, pode me seguir por favor?
– Eu...
– Cris o que você..
– O delegado não está disponível no momento mas você pode falar comigo, venha.
Toquei seu ombro e ela não tinha escolha, ou me seguia ou sairia da delegacia sem conseguir o que veio procurar de modo algum.
Entrando na minha sala, sim felizmente eu tenho uma sala própria, já até vejo porque me transferiram, ninguém aqui faz nada e tem poucos agentes.– Então senhorita....
– Hannah, Hannah Donfot.
– Certo. O que veio denunciar Hannah? Furto? Agressão?
– Você vai me achar louca.
– Não vou, eu prometo.
– Eu estou sendo seguida.
– Seguida? Por quem?
– Eu não sei.
Elevei uma sobrancelha e peguei uma pasta de ocorrências, até agora vazia. E comecei a escrever.
– Alguma desavença? Ex talvez?
– Eu simplesmente não sei.
Isso é estranho, como ela não sabe quem está a seguindo?
– Tem algo que você não está contando Hannah?
– . . . Eu não quero fazer o papel de maluca outra vez.
– Fique tranquila.
– Eu fiz algo ruim no passado.. há uns dez anos.
– Prossiga.
– E acho que essa pessoa está atrás de mim por isso.
– Nenhuma suspeita de quem seja?
Ela apenas negou com a cabeça e logo olhou pro chão visivelmente sem jeito, entendo agora porque o Alan não a atende. Mas não é por isso que vou deixar de lado.
– Sinto muito que tenha perdido seu tempo..
– Não perdi Hannah.
Ainda sinto que tem algo que ela não está contando mas ela está obviamente com medo. Me levanto de minha cadeira, o que fez a Hannah erguer a cabeça e olhar pra mim.
– Acho que já notou que a ação do delegado é meio.. precária. Mas qualquer coisa, se se sentir sendo seguida de novo, me procure.
Assim como eu a Hannah se levantou, pego um papelzinho e aproveitando que já tenho uma caneta na mão anotei o meu número.
– Aqui, como eu disse. É só pedir ajuda.
– Obrigada....
– Cris, Cris Honorato.
– Obrigada, Cris.
Eu a acompanhei até a saída e foi só pararmos na entrada que pude ouvir a voz grossa do Alan logo atrás de nós.
– Cris!
E cá estava eu, sem saber se virava e respondia ou se continuava, a Hannah olhou pra mim meio preocupada, lógico, pelo seu tom de voz coisa boa não é.
– Bem, Hannah, tenha um bom dia.
– Você também.
Antes de sair ela olhou pro delegado zangão brevemente e eu me virei assim que ela sumiu de minha vista.
– Sim senhor?
– Na minha sala, agora.
A atendente só olhava a cena e pelo que eu vejo só faltava pipoca.. fofoqueira curiosa.
Já na sala o Alan mal se sentou, só deu tempo de fechar a porta.– Desde que você chegou só tem sido insolente.
– Não vejo como sou insolente senhor, só cumpro meu papel.
– Silêncio enquanto estou falando com você.
Fechei a boca mas continuei de cabeça erguida, até parece que vou abaixar a cabeça diante dele. Vi ele se sentar me encarando seriamente.
– Você não vai pegar esse caso.
– Mas...
– Você não vai. A Hannah é louca sempre vem com a mesma história.
– Mas senhor, você nunca a escuta, mês passado ela veio aqui duas vezes a cada semana.
– Não é a primeira vez que ela vem aqui dizer que tem alguém a seguindo e não será a última. Mas quero você longe desse caso.
– . . .
– Ouviu bem?
Acenti com a cabeça um pouco irritada. Não entendo, como um policial se recusa a cumprir seu dever na qual com certeza jurou assim que saiu da academia? Especialmente um delegado.
– Quero ouvir da sua boca.
– Sim senhor.
– Ótimo... Volte pra sua sala.
Tencionei os lábios tentando segurar as mil e uma coisas que estava entalado, pena que não posso ir conta a agência.
Quando o "senhor delegado" me permitiu ir saio da sala dele batendo a porta com força, estou aqui a mais de dois meses e constatei que nada acontece. Eu posso ter ouvido um grito de reclamação vindo do Alan, mas pouco me importei e olhei pelo canto do olho pra atendente, ela estava sorrindo, ou melhor, rindo da minha cara. Essa cobra....
VOCÊ ESTÁ LENDO
Investigação policial - Duskwood (Parada)
FanfictionSou a Cris, uma policial recém formada, bem, era o que eu deveria ser, a APNY, agência de polícia de New York, me transferiu pra uma cidadezinha pacata no interior na qual nunca ouvi falar, Duskwood. E.. foi quando conheci a Hannah. Só não imaginava...