Capítulo 6 - Encontro

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– Está me chamando pra sair?

– Depende, qual é a resposta?

– Depende, pra onde vai me levar?

      Realmente respondi uma pergunta com a outra na mesma altura. Claro que eu vou, é bom sair de vez em quando... Nossa, olha quem fala, mas enfim, antes é melhor saber pra onde vou.

– O que acha de.. um restaurante?

      Tem restaurantes? Pensando bem, eu não conheço tanto a cidade, quem faz as patrulhas não sou eu, bom eu não faço nada.

– Não me olhe assim, temos bons restaurantes, não é New York mas..

– Pode ir parando.

      Nem vem com "não é como New York" as cidades têm suas diferenças mas não significa que é melhor ou pior, tem seus bens e males.

– Certo, certo, mas que eu saiba você está aqui a quase de três meses e só foi de casa pro trabalho em virse-versa.

– Como sabe?

– Palpite.

      Pior que ele acertou, além de fazer minha corrida matinal com o Lucky, ou ir na lan house de vez em quando eu só venho pro trabalho. A Rainbow não conta, é do outro lado da rua. Conclusão, não conheço nem metade da cidade.

– Mudando de assunto, eu nem te perguntei como foi as multas.

– Péssimo.

      Fui direto ao ponto, pra que ficar de rodeios? Peguei a folha de papel que mal tinha vinte linhas.

– Fiz o relatório faz tempo, entrego pra ele na saída.

– Ah, não pode ter sido tão ruim.

– Pff. Ele vai ter que se contentar com as cinco multas.

– . . .

      Obviamente deixei de fora o me quase atropelado, de realmente isso acorreu por conta da investigação não é da conta dele

– Não é melhor entregar agora?

– Não estou a fim de olhar pra ele no momento.

      Me encostei na cadeira fazendo um coque desajeitado e ouvi um suspiro profundo vindo do Jonny.

– Olha, o Alan não faz por mal ...

– ... Por que você sempre o defende?

      É no mínimo estranho ele tentando justificar o Alan, mas não vou pensar muito sobre isso, por agora.

– Ele não gosta de mim, está claro.

– Bem .. Cris posso te perguntar uma coisa?

– Pergunte.

– É que alguns pedem pra sair nesses casos, porque você...

– Não pedi?

– Basicamente.

– Talvez porque não sou como elas.

      Suspirei inconscientemente, ele está certo em perguntar, nem todos têm essa paciência diante de certas circunstâncias, especialmente essa.

– Tenho muitos motivos Jonathan.

      Fixei meu olhar a um lugar inexistente daquele cômodo onde fico maior parte do tempo. Grande parte de minha vida passou diante dos meus olhos como um flash.

– Não foi fácil chegar aqui, nunca é fácil. Minha mãe dizia que quando quer uma coisa tem que correr atrás.

      Fechei os olhos lembrando de seu rosto meigo e sorriso doce, sinto falta dele e de como ela parecia ter uma resposta pra tudo.

Investigação policial - Duskwood (Parada)Onde histórias criam vida. Descubra agora