II.II: Ação, reação, atração e comunicação rimam

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Semana I, dia II 


A aldeia do Sol é como eu lembrava, idêntica a memória do dia em que me misturei entre as pessoas na nomeação de Naruto, tropeçando pelas ruas cheias para encontrar Konohamaru. Casas coloridas subindo ruas de paralelepípedos amarelados, árvores e jardins com papoulas e crisântemos de cores quentes, crianças correndo para lá e para cá, pessoas sorridentes conversando animadas. 

É óbvio que eu, com a pele clara e cara fechada, não combino nem um pouco com o lugar. Sou uma forasteira notória, e logo estou sendo alvo de muitos pares de olhos, os quais ignoro. Na última vez ali, eu estava feliz. Agora estava confusa, e um pouco estressada.

Meus passos pesados me levam até o casarão do Sol, onde fica a sede de treinamento dos guerreiros. Ninguém me barrou na porta ou implicou comigo, o que foi realmente agradável. Caminhei sozinha na direção do campo enorme onde estavam dispostos todo tipo de estrutura para treinamento de guerra, e pude ouvir de longe os ruídos inconfundíveis de espadas e golpes. 

Eu estava indo naquela direção quando escutei as conversas próximas, e parei. Me escondi atrás de uma parede de escalada, espichando um pouco o corpo para tentar escutar o que estava acontecendo.

Espero que seja fácil compreender porque decidi fazer isso.

— Ele teve sorte que os bebês são a cara dele. Um pouco menos e ele ia virar piada por criar filho dos outros.

— Ha, eu ignoraria isso se pudesse ficar com aquela mulher...

— Ela nem 'tá aqui...parece que ela não gosta muito dele.

— Foda-se...eles fazem o maior mistério sobre aqueles dois, nem da 'pra saber se realmente são um casal. O importante eu sei o que é...

Eu acabo franzindo a sobrancelha. Meu sangue ferve. Ótimo, minha irmã sempre disse que escutar atrás da porta nunca resultava em coisa boa, agora eu entendia. Mas que porra, eu não podia ignorar aquilo nem se quisesse muito! Estavam falando de mim e do superior deles daquele jeito!? 

Eu continuei ali, tentando ouvir um pouco mais, embora as vozes estivessem se afastando.

— Eu ouvi muito o que os caras do outro clã falam sobre ela. Como podemos confiar num general que não consegue controlar nem a própria mulher? 

Então as vozes se afastaram, regadas a risos. Eu cruzei os braços, sabendo que pela maneira que falavam, eram guerreiros do Sol. 

Era só o que me faltava, não confiarem em Konohamaru. Ver ele lutar uma outra vez foi suficiente para me dar a certeza de que nenhum babaca fofoqueiro é melhor que ele. Aqueles idiotas estavam malucos em subestimá-lo.

De repente, estou muito incomodada com isso, porque não quero que vejam Konohamaru como um idiota que leva pisa ou chifre de sua (modo de falar) mulher. Não quero que pensem nada de mim, mais do que isso, gostaria que pensassem algo decente de Konohamaru. Meu pai costumava dizer que respeito era fruto de diversos plantios; uma família equilibrada, boas ações, eloquência, etc...e isso fazia bastante sentido agora. O que as pessoas deveriam pensar de um general cujo a mulher viveu reclusa durante a gestação e sumiu de vez da sociedade pelo mês depois do parto? Podiam ter pensado que eu estava escondendo os bebês, que não fossem filhos de Konohamaru, ou que a gente nem estivesse junto, ou que eu fosse maluca! E ele, mais maluco ainda por estar comigo.

Aquilo me estressa. Caminho para o campo de treinamento, passando pelos olhares atentos dos guerreiros, empinando meu nariz e cruzando os braços. Konohamaru está num canto sentado, observando tudo em silêncio, com Kanae em seu colo e Hitomi adormecido em um pequeno cesto bem ao seu lado, revestido com cobertas, de modo que parece muito confortável. Fico feliz que ele tenha dado atenção a manter os gêmeos por perto e a vontade, o que me me faz suavizar a expressão e quase sorrir. Quando Konohamaru me vê, possivelmente estou muito expressiva, porque ele parece curioso. 

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