VIII: Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação

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Semana II, dia VII.

Konohamaru levou muito a sério não permitir brigas com facilidade.

Estou de braços cruzados, encarando a alguns segundos a lista exposta na parede do meu quarto. Acabei de acordar, e os bebês ainda estão ressonando em seus berços, as janelas ainda estão fechadas. Nenhum som além dos pássaros e do vento nas árvores. Eu leio baixinho.

- Não discutir na frente dos bebês. Não desenterrar coisas do passado para discutir. Não tirar conclusões precipitadas. Não hesitar em falar. Não manter segredos um do outro... - Levanto as sobrancelhas. O último item da lista era "Não dormir juntos" mas agora está riscado e quase ilegível. Um sorriso me escapa.

- O que acha das novas regras? - Eu olho para a porta, onde Konohamaru está encostado no batente, de braços cruzados, me olhando em silêncio. Não sei desde quando ele está ali; suas habilidades de espionar são ótimas, eu devo admitir.

- Uma verdade por outra era mais fácil. - Brinco, esfregando minhas mãos juntas de maneira nervosa. Ele é bonito o suficiente para me deixar confusa, e está de banho tomado, cheiroso, com os cabelos úmidos penteados para trás. Eu mordo o lábio inferior, desviando o olhar. - Você riscou o último item.

- Ehh... - Ele ri nervoso, coçando a nuca. - Se estamos falando de facilidade, o último item não se encaixava. Acho que eu posso fazer todos os outros, exceto ele.

Não sei se estou vermelha, mas eu desconfio que sim. A luta travada no fundo da minha mente entre as inseguranças e afirmações é sangrenta e estrondosa; ele disse isso? Ele realmente não consegue evitar dormir comigo, cedo ou tarde? Ele disse que vai ficar longe dela, ele não se importa, ele continua dizendo que sou a única, que vai se casar comigo, que não tenho saída...

Mas eu ainda sou Hanabi Hyuuga. Eu ainda sou insuportável, imprevisível, confusa, suja...quanto tempo até ele perceber isso? Quanto tempo até ele notar que, ainda que com regras e limites e paciência e melhora, eu ainda sou Hanabi Hyuuga e ainda seria impossível viver feliz comigo para o resto da vida?

Meu sorriso cai lentamente. Céus, eu sou uma bagunça. E eu temo que quanto mais tarde ele digerir essa informação, pior será.

- Hana? Você me escutou?

Levanto o olhar, piscando com força, como se saísse de um feitiço. Konohamaru está na minha frente com uma expressão preocupada. O seu cheiro depois do banho é bom; ele não usou meu sabonete de flores dessa vez, e escapou de uma discussão. Seu aroma é de ervas, sálvia e hortelã, fresco e forte. Eu engulo seco.

- Desculpa... - Balanço a cabeça, forçando um sorriso menos amarelo. Ele contorna meu corpo, parando atrás de mim. Eu prendo a respiração. - O que você disse?

Suas mãos fortes deslizam da minha nuca para meus ombros. Solto o ar quando Konohamaru aperta a área tensionada do meu corpo, num carinho firme. Minha mente fica acelerada.

- Eu disse que quero fazer as coisas melhores entre nós. Vamos tentar? - Esclarece baixinho para mim. Faço um movimento afirmativo com a cabeça, penteando meu cabelo para trás com os dedos. No mesmo instante, as mãos dele abandonam meu corpo e correm para segurar meu cabelo. Ele junta as mechas, enrola em seu punho, e segura com firmeza. Eu sorrio, tola.

- Kono...

- Hmm... - Responde, antes de beijar minha nuca com devoção. Eu sei que ele gosta quando chamo seu nome assim, já percebi isso. Entretanto, o encanto do momento é rapidamente cortado por um resmungo delicado. Kanae acordou. - Vai lá, Hana.

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