Noite da invasão

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Era madrugada de quarta-feira. No fim desse mesmo dia, que mal havia iniciado, Levi dirigiria até a cidade, seguindo diretamente até a casa da família Delyon. Lá era onde o grupo se reuniria antes de cometer, provavelmente, a maior loucura da vida deles.

Iriam invadir a porra de uma instituição. Não só invadir, mas eles iriam garantir a quebra daquele sistema de merda.

Alfas, ômegas e betas, um grupo de pessoas totalmente diferentes entre si, mas unidas por um motivo principal: salvar Eren.

O relógio deixado em cima da superfície de uma mesinha de madeira marcava uma hora da madrugada. E Levi Ackerman ainda estava acordado. Ele rolou pela cama diversas vezes, se enroscando nas cobertas e se soltando outra vez, uma ansiedade estranha em seu peito o mantinha acordado. Sua pequena gatinha de pelos pretos e brancos, Athena, estava enroladinha como uma bola de pelos fofa em seus braços. Nos últimos dias, até ela estava silenciosa e cansada, a pequena também sentia falta da presença de Eren.

Levi apertou um pouco ela, acariciando seus pêlos macios. Sentia um soluço entalado na garganta. Queria chorar.

— Você também sente saudade dele? — perguntou para a gata, baixinho, como se fosse um tipo de segredo, o animal  limitou-se a soltar um miado baixinho e triste — É, você tem razão, pequenina.

Uma lágrima gelada e solitária fez uma trilha pelo rosto pálido, manchando uma das bochechas de Levi. Ele queria gritar e chorar alto, chutar e dar um tiro certeiro na testa daqueles que fizeram mal a Eren. E seu tio…  Ah, ele prometeu a si mesmo que o mataria, não importa como. Nem que para isso tivesse que ser arrastado junto com Kenny direto ao inferno!

Levi respirou fundo, enchendo seus pulmões com o ar gelado da madrugada. Isso o fez lembrar de algumas coisas. Dizem que, à noite, as melhores ideias vêm à nossa mente.

Para Levi era mais como um vazio que o engolia, não um momento de luz que o daria uma ideia encantadora.

Ele refletiu sobre o estranho sonho que teve, duas vezes, quando estava dormindo com Eren. Agora, a resposta estava bem mais clara em sua mente, era, de alguma forma, um aviso.

A figura de vestes velhas, dançando sobre a música desafinada, onde apenas um sorriso macabro podia ser visto em seu rosto, era Kenny. Os tiros e o grito agonizante de tom feminino, era Sasha sendo atingida pelo Ackerman ao tentar proteger o irmão. Aquilo que se afastava de si e o deixava desesperado, querendo alcançar com todas as suas forças, era claramente seu amado Eren.

Levi poderia passar horas tentando entender o porquê daqueles sonhos bizarros ou o motivo deles terem o avisado sobre algo que aconteceria futuramente, e como?

Talvez simplesmente não houvesse explicação lógica. Poderiam ser coisas mais fantasiosas, como um destino já escrito nas estrelas, ou a tal força do amor… Quem sabe a resposta?

Em algum momento, ele mergulhou em um sono sem sonhos de fumaça cinzenta, tiros ou sorrisos macabros. Simplesmente algo vazio. O descanso não foi tão longe, porém maior se comparado aos dias anteriores. Às cinco da manhã ele acordou e não conseguiu mais pegar no sono.

Aquele dia passou como um grande borrão, onde tudo que ele fez foi irrelevante e frívolo. O dia foi tão desprovido de sentimentos que o Ackerman mal percebeu quando já estacionava seu carro no pátio da casa de Sasha e, antes de desembarcar, ajeitava o cachecol vermelho em seu pescoço, o qual agora tinha apenas um resquício de um aroma frutado.

Mesmo sendo tarde da noite, Gabi, que deveria estar na cama, apareceu correndo e pulou no colo do padrinho com animação.

— Padrinho, onde está o tio Eren? — ela perguntou inocentemente, sem saber da verdade. É claro que ninguém teve coragem de contar o que havia acontecido com o ômega, e a menina permanecia ignorante perante toda aquela situação.

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