Em breve

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2 dias para a invasão:

O fato de Ymir bater na porta da casa de Levi era, de longe, o acontecimento mais normal em sua vida nas últimas semanas. Isso só mostrava o quão caótica a situação estava.

— Elise está dormindo, então vamos tentar não fazer tanto barulho — Ymir concordou fazendo um gesto de sim com a cabeça ao ouvir a fala de Levi. Sentada no sofá, ainda vestindo suas roupas de segurança falsas, a alfa bebia um pouco de café preto servido por Levi, como se tudo fosse muito normal — Diga, o que você precisa tanto me dizer?

— Eu encontrei o Eren — Levi engasgou com o próprio café, e por pouco e líquido escuro não cai na superfície branquinha do sofá — Respire um pouco e eu lhe explico com calma.

Foi o que o mais velho fez. Respirou fundo e pousou sua xícara no pires, em cima da mesinha de centro, a fim de evitar a tragédia que seria manchar o estofado do sofá caso as notícias de Ymir fossem mais chocantes ainda.

— Eu estava andando discretamente pela casa, para conhecer a área e me situar melhor no local, entende? É uma caminhada muito desagradável. O aroma de diversos feromônios estava impregnado por todo o canto daquele lugar. De início, eu não achei que fosse nada de errado, já que estamos falando de uma mansão de um cara super rico, cheia de funcionários e visitantes importantes a todo momento… mas então eu senti aquele cheiro característico de mel mesclado com frutas silvestres, o perfume inconfundível do Eren — Ymir fez uma pausa rápida para bebericar um pouco de café, tempo suficiente para deixar Levi ainda mais nervoso — Ele está preso em um dos quartos do terceiro andar e a primeira coisa que fiz foi tentar abrir a porta, obviamente estava trancada. Foi doloroso. Consegui conversar com ele, estávamos tão perto, mas ainda assim não o suficiente. A voz dele saiu tão quebrada, Levi… — a voz da própria Ymir tremeu durante o relato dela mesma, doía estar tão longe do melhor amigo e ter a confirmação de que ele estava sendo tratado como um animal engaiolado — Quando o chamei ele respondeu imediatamente, cheio de esperança. Foi horrível dizer a ele que não ia poder tirá-lo de lá naquele momento…

— O que o Eren disse? — Levi pergunta em um tom desesperado para saber sobre o seu ômega, como ele estava, como ele se sentia.

— Eu disse que não tinha muito tempo, mas que nós iríamos tirar ele de lá, logo. Eren pareceu quebrar mais ainda, e sua voz tremeu quando ele disse que tinham mais ômegas presos lá… tem mais deles presos, Levi! Aquele Erwin é completamente maluco, tem vários ômegas guardados em cativeiro, como se fossem animais!

— Ele… ele está bem? Sabe se Eren não foi machucado? — Levi perguntou com a voz meio embargada, enraivecido com aquele alfa louro e nojento apenas de pensar nele, e também quebrado por dentro por tudo que acontecia com seu amado.

— Eren me disse que não foi machucado. Mas depois disso, pessoas estavam vindo para o mesmo corredor em que eu estava e tive que ir embora.

— Isso… isso é bom — Levi bebeu um grande gole de café para processar todas as informações — Mas se há outros ômegas lá, precisamos salvá-los também. Não podemos deixar que fiquem com aquele doente.

— Você está certo, conte tudo para o pessoal hoje a tarde. Eu vou voltar para a mansão Smith outra vez, tentar descobrir mais coisas… Ah, também diga que já sei por onde vocês podem entrar, vou abrir uma porta dos fundos enquanto estiver infiltrada no dia.

— Ótimo, vou avisar a todos mais tarde.

A sala de estar ficou em silêncio por alguns instantes. Ambos os ocupantes dela tinham pensamentos demais correndo em suas mentes. Coisas demais, problemas demais.

Logo depois da conversa ter acabado e Ymir decidir voltar para casa, sabendo que a namorada estava à sua espera, Levi se despediu da amiga, desligou as luzes da sala e voltou para o seu quarto.

O quarto parecia tão sem graça sem a presença do marido. Sem o seu sorriso bonito ou os olhos brilhantes e verdes lhe encarando com amor. Assim como no dia em que os dois trocaram o primeiro beijo após tomar um sorvete do sorveteiro André, Levi ainda achava os olhos esmeralda de Eren uma das coisas mais lindas que já tinha visto no mundo.

Ele sentia falta de um olhar esverdeado cheio de paixão e alegria sendo exibido com aquela intensidade apenas para ele.

Sozinho, Levi se enrolou nas cobertas fofinhas da sua cama e ficou encarando o teto em silêncio, sem conseguir dormir. Não muito tempo depois, viu a sua porta sendo aberta aos poucos e pensou que fosse Athena com aquela sua habilidade estranha de abrir portas. Não era exatamente aquilo, já que Athena realmente apareceu no quarto, mas não sozinha, e sim enroscada nos braços de Elise.

— Senhor Levi — ela chamou acanhada — Posso entrar?

— É claro que sim, querida. O que houve? — Levi abriu espaço nas cobertas para receber a pequena.

A menina foi até ele, bem quietinha, e se aconchegou no meio dos tecidos quentinhos ainda com Athena por perto. A gatinha se aconchegou em um travesseiro, totalmente à vontade. Já com Elise bem próxima a Levi, ele pôde perceber que ela tremia de leve.

— Lizzie, tudo bem?

— E-eu tive um pesadelo — ela revelou baixinho, as imagens desagradáveis ainda perturbando sua mente — Eu sonhei que você me abandonava naquele lugar horrível em que me deixavam antes, na IPPO… que aqueles médicos do mal me prendiam lá para sempre e eu ficava sem família outra vez. Promete não me abandonar, senhor Levi? — ela pergunta, buscando algum conforto ao pedir aquela promessa, seus olhinhos brilhantes por causa das lágrimas.

— Ah, minha pequena… — Levi sussurrou, fazendo um carinho nos cabelos cor de fogo da garotinha — Vem mais pertinho, isso, se aconchega. É claro que eu prometo que não vou te abandonar, Lizzie. Quando eu conseguir encontrar a minha pessoa outra vez, o meu Eren, nós três seremos como uma família e ninguém vai poder machucar você outra vez, nós não vamos deixar.

— Família? — ela pergunta, maravilhada com a ideia — Como se você fosse… meu novo papai?

— Se você gostar da ideia. Será como você preferir — Levi responde, e o alfa sentia uma imensa vontade de sorrir. Elise era uma criança tão adorável e tinha cativado o seu coração rápido demais! No meio de tanta tragédia, Elise tinha aparecido para suavizar um pouco da dor que sentia.

A pequena ruivinha sorriu, abraçando Levi com força.

— Pai Levi! — seus olhinhos verdes brilharam, pequenas esmeraldas adoráveis que lembravam muito as de Eren. Isso o fez pensar em como um filhote dos dois seria adorável e soava, estranhamente, como uma ideia incrível — Você é tão incrível!

Levi se deu ao luxo de sorrir.

Em breve, tinha certeza, ele, Eren, Elise e até mesmo a Athena, e talvez  lindos e fofos filhotes, formariam uma família!

Assim que tudo acabasse, que Eren voltasse para ele, que Erwin Smith tivesse seu destino merecido e que o país abolisse as instituições de uma vez por todas… eles seriam uma família.

Não interessa o quão complicado pareça ou o quão insano seja, Levi sentia que tudo daria certo. Finalmente.

Unidos Pelo Sistema - ! RIREN/ABO -Onde histórias criam vida. Descubra agora