Aroma (O grande dia parte 2)

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— Levi, Hanji, conseguem me ouvir? — a voz de Armin soou através do comunicador e automaticamente Levi tocou no pequeno aparelho tecnológico em sua orelha. Mesmo depois da noite na IPPO, aquela sensação ainda era um pouco estranha.

— Positivo, Armin — Hanji responde pelos dois, enquanto acelerava sua caminhada. Tinha estacionado um tanto longe da casa, para evitar suspeitas. Além disso, os outros colegas também não chegariam todos de uma vez, seriam cuidadosos e tentariam fazer uma operação mais calma — Como estão as câmeras?

— Acabei de terminar essa parte, as gravações vêm direto para mim e são apagadas logo em seguida. Eles não verão nada de diferente na sala de câmeras, serão apenas corredores calmos e sem movimentação. Vocês serão como fantasmas — a voz que respondeu por trás do aparelho, dessa vez, foi a de Historia — Em contrapartida, já estou monitorando toda a movimentação de dentro da casa, mas é uma tarefa difícil, já que é uma mansão enorme. Sem pressão, mas vocês têm cinco andares e um quarteirão inteiro para percorrer. Temos as localizações corretas, de qualquer forma, devem focar nos últimos andares — Hisu ficou quieta por um momento, e um murmúrio baixinho de Armin foi ouvido — Temos problemas. Kenny ainda está na casa.

A notícia não poderia ser mais desanimadora. Eles estariam agindo na mansão enquanto um maluco procurado e perigoso perambulava por lá.

Como esperado, depois de chegarem até os fundos da mansão, Ymir abriu a porta assim que os dois apareceram. Levi não queria esperar, não tinha tempo.

— Ymir, me leve até ele — ele disse, firme.

— Tenha paciência, temos que agir com calma hoje — Hanji tocou no ombro de Levi, que estava tenso — Vamos até os andares dos quartos, sem chamar atenção, lembra? Nossos colegas estão chegando em poucos instantes.

— Certo, eu sei — Levi suspirou, mexendo os ombros para diminuir aquela tensão desconfortável que estava presente, o tomando cada vez mais — Eu só… já esperamos muito tempo. Eren já esperou muito tempo.

— Nós entendemos sua dor, mas não podemos colocar ninguém em risco — Hanji comentou, tirando um elástico do pulso e prendendo os cabelos castanhos em um coque no topo da cabeça — Isso vai ser intenso.

A espera é angustiante, e a paciência se esvazia muito rápido conforme esperam. Ocasionalmente, ouviam avisos e sugestões de Historia e Armin. A quantidade de seguranças no local e a posição deles, também, e principalmente, a posição de Kenny. Este, que de certa forma era uma das maiores preocupações ali.

— A Leon e o grupo dela está chegando — Hanji observou, vendo ao longe três pessoas se aproximando de uma determinada direção, elas sendo Reiner, Hitch e Carolina, assim como outras três, Annie, Galliard e Pieck, que viam de uma direção mais afastada, assim como bem mais para atrás que os outros — Tenho que confessar, amei esse apelido dela!

Quando aqueles seis chegam, juntam-se ali, ainda naquele corredor que os funcionários da casa usam como saída em seus dias de trabalho. Todos estavam um tanto silenciosos e o clima parecia pesado, como se estivessem prestes a cometer um crime, de fato eles cometeriam, mas isso não precisa ser levado em conta…

As últimas duas a chegarem, Mikasa e Louise, logo se juntaram a aquela reunião esquisita no corredor.

— Beleza, pessoal — Mikasa diz — Todos prontos? Ótimo. Nosso foco são os últimos dois andares, onde ficam os quartos e os ômegas presos. Além do Eren, acreditamos que haja mais 8 aqui. Evitem chamar muito atenção, então atirem apenas se for necessário. É isso, boa sorte e lembrem-se de manter contato — a alfa sinalizou o comunicador preso a sua orelha.

Não havia mais nada a ser dito.

Hora de agir.

Sem esperar que ninguém mais falasse, Levi disparou pelo corredor, seguindo para as escadas. Quinto andar. Quinto andar. Essas duas palavras ecoavam e se repetiam em sua mente como um mantra.

— Levi, seu maluco, me espere! — ouviu Ymir chamando ao fundo. Estava tão desesperado para agir que simplesmente esqueceu que a morena estaria junto dele.

A alfa apertou o passo, até alinhar sua corrida com Levi.

Seguiram juntos pelas escadas, e em algum Levi nem sentia mais a presença de seus colegas, que sumiram naquele labirinto de diversos corredores.

— Ymir, Levi! — a voz de Hisu soou como um aviso muito assustado, fazendo com que a dupla parasse imediatamente, prestes a virar em um corredor — Tem dois seguranças aí, no corredor em que vão virar!

Os dois alfas trocaram um olhar rápido e assentiram. Ymir puxou o cassetete de sua cintura, equipamento presente no conjunto de armas de toda a equipe de seguranças do Smith, inclusive ela, como infiltrada. Levi, animado para agredir alguns babacas, confiava plenamente em seus chutes, dos quais ele orgulhosamente podia dizer que já tinham derrubado uma boa quantidade de homens na IPPO.

Avançaram juntos e de força sincronizada. Ymir o golpeou na cabeça e o cara caiu no chão desacordado. Levi, com toda a sua força, acertou um chute certeiro fazendo o segundo homem, com inconfundíveis feromônios alfa, bater na parede e deslizar pelo chão.

— Uau — Ymir girou o cassetete nas mãos — Eu sou incrível.

— É sim, bonitona. Eu também fui, caso não tenha visto. Agora vamos continuar — Levi voltou a correr, ignorando os homens caídos e voltando a seguir em direção a Eren.

Continuavam avançando juntos, ocasionalmente derrubando um ou outro segurança de forma rápida e eficaz. Eles não notavam nenhuma aproximação e, quando o faziam, era apenas por estarem perdendo a consciência depois de uma pancada.

Depois de alguns golpes, Levi se rendeu ao uso de uma arma, assim como a dupla fazia, percebendo que logo se cansaria demais.

Percebiam também as instruções dadas para os amigos que também avançavam sem hesitação. Algo como seguranças no próximo corredor, vire à esquerda, perdi Kenny se vista…

— PUTA QUE ME PARIU! — o baixinho exclamou, parando a esmo no meio do corredor elegante e bem decorado, assim como todo o resto da casa era — PERDERAM O KENNY?!

— Ele sumiu do mapa, simplesmente evaporou! — Armin responde, aflito.

— Achem ele, porra! — Levi esbraveja de má vontade.

Merda. Merda. Merda.

Se deixassem Kenny Ackerman sem monitoramento, perambulando por aí sem ser visto nem por Armin nem Hisu, e alguém desse de cara com ele… Todos sabiam que, diferente deles, Kenny mirava na testa, não em lugares potencialmente não fatais. O maior perigo estava com toda certeza por perto e, se não fosse encontrado, estariam perdidos.

— Estamos tentando! — a voz de Historia tem um tom esganiçado, demonstrando o puro desespero que aquela nova situação trazia a ela.

A cabeça de Levi começou a zumbir e, assustado, buscou se apoiar em uma parede. Conhecia a fama do tio, sabia das histórias e o viu, sem dó nem piedade, atirar em Sasha, contribuir para toda aquela situação e ser uma das principais causas para estarem ali naquele momento.

— Ele… Kenny sabe que… — a voz morreu em sua garganta quando, ao respirar fundo para recobrar a si mesmo, aquele aroma característico finalmente invadiu os sistemas de Levi.

Frutas silvestres e mel.






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