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Sela terminou de ajeitar todos os ferimentos do elfo em cerca de duas horas, e passou tudo que podia para ajudá-lo a se recuperar mais rápido. Virou o rosto na direção de Adele, e focou sua audição nela. Ela soltava alguns grunhidos enquanto dormia. Sonhos? Pesadelos? Parecia íntimo demais para bisbilhotar. Acordou-a, mexendo em seus cabelos. Os reflexos da assassina foram de instantaneamente agarrar os braços da cega e prendê-la numa posição em que poderia facilmente machucá-la.

— Eita. Eu diria bom dia se ainda não fosse noite. Dormiu bem?

Adele estava ofegante, e bufou pesadamente quando disse:

— Desculpa. Reflexos de assassina.

Então soltou Sela grosseiramente e levantou-se, prendendo os cabelos em um coque. Vestiu um manto e continuou:

— Não posso ser ligada a isso. Vou ir para o castelo sorrateiramente, e te encontro lá. Prenda ele e o coloque na masmorra. Vamos, Hank. Vamos embora.

Sela concordou com a cabeça. Ela chamou os soldados que a seguiram do castelo até ali, que entraram e prenderam o elfo, tomando cuidado para não abrir nenhum ponto. Enquanto o levavam algemado, ele gemia de dor e caminhava cambaleando. Sela não gostava daquilo, mas ainda não era a hora. Quando chegaram ao castelo e o prenderam numa cela, Sela chegou próxima dele, soltou seu cabelo que estava preso, fingiu aos guardas que estava guardando a presilha no bolso, mas o deu.

— É uma presilha de pedra da lua menor. Se usar ela, vai conseguir quebrar a trava da cela com as mãos. Use quando estiver recuperado. Eu e o meu grupo vamos sair numa busca pelo Castelo de Cores. Acha que consegue nos rastrear pela marca no amigo da assassina?

— Sim. Mas por que quer eu vá atrás de você?

— Para te devolver seja lá o que os dois tenham roubado de você. Mas antes, quero que você fale com a rainha, conte o que aconteceu. Diga que Sela Wisllow quer o perdão dos dois, que o que foi roubado será devolvido, e pelo bem da paz, a morte dos seus amigos terá de ser perdoada como as dos meus foram.

— Vou falar com ela, mas não te garanto nada. Foi sincera comigo desde o início, então vou ser sincero com você, Sela. Vou pedir a ela que desconsidere isso e mate seus amigos, logo após entregar sua mensagem. E se estiver junto com eles, vou te matar também.

— Apenas diga a ela.

Então deixou a presilha dentro da cela e saiu.

Foi em direção ao seu quarto, enquanto pensava no que o rei havia lhe pedido.

Quando chegou, Adele estava na porta.

— Hark vai ir conosco. E me mostre o amuleto que roubaram dos elfos. — disse Sela, direta, como se fosse uma ordem.

— O Hark? Não, ele não está nisso.

— Eu estou no comando, não você. Ele vai conosco, não só para resolver essa situação, como para proteger ele. Precisamos ficar por perto pra caso apareçam mais elfos. Não se esqueça que ele continua marcado. Agora, o amuleto.

Então estendeu a mão, pedindo o objeto. Adele entregou, e observou enquanto Sela tocava nele.

— Você tem noção do que é isso?

— Não, ele só pegou isso com os elfos da lua e disse que simplesmente sentiu que deveria estar comigo.

— Esse é o olho direito de Hórus. — Ela pressionou o dedo contra o olho, e recitou algo em élfico antigo, o que fez o olho se abrir e revelar uma pedra branca, brilhante. — Aprendi sobre durante a guerra entre os Wisllow e os elfos. Ele atrai aqueles com intuição forte, emocionais e imaturos, o que provavelmente é o motivo de Hark ter ido até ele. Mas também representa a lua. Essa pedra aqui no centro, é uma pedra da lua verdadeira. Devem existir poucos fragmentos assim no mundo. Se você enxergar através do olho, vai ver como se fosse um lunari, um espírito da lua. Então é meio que uma entrada pro mundo espiritual, você pode enxergar e se comunicar com espíritos.

— Sério, dá pra ver espíritos? Testa aí, comandante. — Zombou Adele, logo antes de entrar no quarto.

— Por que você sempre é assim? Tenta me afastar?

— Porque você e eu somos opostos, Sela. Tudo bem você me ajudar, mas não podemos ser próximas. Porque você é uma curandeira, reconstrói o que está quebrado, e eu sou uma assassina, eu só destruo.

— Talvez tenha razão sobre a função de cada uma, mas está errada sobre a distância. Deveríamos é ficar próximas uma da outra. Você faz o que eu não posso fazer, e vice-versa. A propósito, por que entrou no meu quarto?

— O rei quer que eu fique de olho em você. Aparentemente você foi de "quero que a mate" para "ela é a pessoa mais importante de todas no momento. Mantenha-a segura."

— Não tem outra cama.

— Tenho certeza que nós duas cabemos nessa cama de casal feita para a realeza, ou no norte os nobres não conseguem dormir com pouco espaço?

— Conseguimos, sim. Vejo que não vai desistir de me provocar.

— Isso seria entediante.

Adele pegou um biscoito e jogou para Maso, que estava atrás de Sela. Ele saltou e agarrou, engolindo quase instantaneamente.

— Esse seu cachorro é bom para um caolho.

— Caolho? Sério?

— O quê? É um elogio. — sentou-se na cama como se fosse dona dela, e começou a pentear-se com um dos pentes que pertenciam a Sela. — E aí, o que exatamente é essa missão que o rei passou pra nós duas, e que eu preciso concluir pra pagar minhas dívidas?

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