8

18 2 2
                                    

Sela não ficou exatamente confortável em ter Adele deitada em sua cama, enchendo seu pente preferido de fios(que estavam sujos, para variar), mas achou que ela iria provocar ainda mais se protestasse.

- O rei quer que eu, você e o príncipe encontremos o Castelo de Cores. - disse Sela. - Esse é o pedido dele.

Até o clima ficou diferente. Adele estava séria. Parou de pentear o cabelo, se ajeitou na cama, e disse:

- Essa não é uma simples aventura. Vamos ter que andar pelo mundo todo para encontrá-lo. Faz mais de 50 anos que não temos sinal de um.

- O rei disse que um de seus espiões ouviu um bardo cantar a história de um explorador de Arcania, que disse, em um dos seus contos, ter visto, distante, o castelo. Outros espiões espalhados por todos os cantos disseram a mesma coisa.

- Ah, qual foi. É isso? Histórias de bardo? Essas coisas se espalham igual água, e a maioria é mito.

- Não acha que o rei teria motivos para acreditar que é verdade, já que está nos enviando?

Adele bufou. Ela tinha razão. Mas sabia que seja lá onde o castelo estivesse escondido, para ninguém tê-lo encontrado nos últimos 50 anos, estava num lugar perigoso. Muito perigoso.

- Qual o nome do explorador?

- Arnold Michitz.

- Já ouvi falar. Não vai ser fácil encontra-lo, ele está sempre procurando tumbas e lugares inexplorados. Mas eu tenho um jeito, algo que me ensinaram para encontrar alvos quando não sabíamos onde eles estavam.

- O quê?

- Na floresta de Midea, as ninfas podem te levar até a sua senhora, e se passarmos pelos testes, ela pode nos entregar um galho mágico que, quando colocamos a boiar na água, aponta a direção do nosso alvo.

- Quais são os testes?

- Depende da pessoa que queremos encontrar.

- A floresta de Midea fica perto da fronteira com Arcania. É seguro ir lá?

- Óbvio que não. Principalmente se estivermos levando um príncipe com a gente. Se descobrirem... Vão colocar nossas cabeças a prêmios enormes.

Sela também relutou no primeiro momento, mas sabia que era a melhor opção. Sair procurando pelo mundo também seria perigoso, mais perigoso do que um caminho direto até a ninfa e depois ao seu alvo.

- Precisamos achar o Castelo rápido. Temos no máximo três meses.

- Como assim? Por quê?

- O rei está doente. O corpo está começando a falhar, parece até que está atacando a si mesmo por dentro. Como se o estivesse rejeitando. Nunca vi nada parecido. Ele quer a cura para todas as doenças que existe dentro do espectro branco do Castelo. É esse o nosso objetivo

- Então, vamos salvar o rei, e consequentemente, o reino. Em troca, a minha liberdade. E você?

- Ele vai pagar minhas dívidas estudantis.

- Vai arriscar sua vida por isso?

- Eu quero a aventura. Sempre quis descobrir o mundo, explorar.

- Me desculpe, mas o que eu estou te pedindo é um motivo para acreditar que, quando a coisa apertar, você não vai fugir.

- O cálice da cura que existe no castelo. O rei disse que vai dividir comigo. Ele vai se curar dessa aflição, e eu finalmente vou enxergar.

Adele olhou para a janela, fitou o horizonte. O amava ao mesmo tempo que o odiava. Queria explorá-lo, mas queria fazê-lo livre. A ideia de explorá-lo ainda presa a dividia e corroía toda vez. Mas dessa vez, seria a última vez que iria até ele com amarras que tiravam sua liberdade.

Castelo de CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora