digital lover

PARTE 08

19 de maio de 2020 - Atlanta, Geórgia

Hailey p.o.v.

     "— O Rick nunca tira folga, você sabe."
     Essa foi a primeira menção dele desde que eu comecei a investigação, duas semanas e uma única menção.
     Eu estou perto, sei disso, mas preciso ser cautelosa ou vou estragar tudo.
     Justin Bieber sabe quem é o Rickthesizzler e eu não posso deixar isso passar. Assisti a corrida da KJ só para me afastar do Drake, que queria me levar para longe. Esse é o lugar que eu tenho que estar agora, bem perto das informações que eu preciso, então dei um fora discreto e o deixei para trás.
     As pessoas começaram a vibrar ao meu redor e eu percebi que a corrida tinha acabado, eu nem mesmo me toquei do que estava acontecendo, a cabeça processando milhões de possibilidades.
     Justin e Khalil nunca foram os rostos mais ligados ao hacker, eles são considerados da rede 2 (o que eu chamo de próximos, mas não o bastante), mas se os dois estavam conversando abertamente sobre ele, então podem ser mais próximos do que eu imaginava.
     Olhei ao redor e vi a KJ se jogando nos braços do Khalil em uma comemoração animada, ela tinha ganhado uma boa grana pela corrida. As pessoas ao meu redor estavam voltando para a festa e alguns até iam embora, já que a corrida principal tinha acontecido.
     Quando os meus olhos pararam na porta da pequena loja de conveniência e o meu corpo acordou. Está na hora de caçar.
     Me virei e andei em direção a loja, entrei no espaço e uma luz roxa me encontrou, assim como o sino sinalizou a minha chegada. Só que a loja está vazia.
     Fechei a porta atrás de mim e andei até um dos corredores, fingindo olhar as opções disponíveis. Os meus olhos treinados foram até os cantos, procurando por câmeras. Quatro câmeras muito bem posicionadas e uma última focada apenas na porta do depósito.
     Isso é muita segurança para uma loja de conveniência.
     Abri a geladeira e peguei um energético, indo até o balcão vazio e procurando por algum sinal de atendente. Nada.
     Fui até o outro lado do balcão e vi o computador em tela de descanso. Chequei a porta mais uma vez e tirei 20 dólares do sutiã, abrindo a caixa registradora e ligando o computador discretamente.
     Antes que a tela inicial aparecesse, a porta se abriu e eu olhei para a entrada. O perfume forte me atingiu no mesmo segundo e a porta se fechou atrás do corpo musculoso e tatuado de Justin Bieber, que me olhava intrigado e com as sobrancelhas erguidas.
     — Saqueando uma lojinha, Katherine?
Ele cruzou os braços, o que só destacou os músculos tatuados, e veio até o balcão.
— Não tinha ninguém aqui e eu precisava de troco — peguei o dinheiro e levei as notas dobradas até o decote, o que chamou a atenção dele para lá — Alguém devia tomar conta disso aqui.
— É, alguém devia.
O Justin olhava para mim com interesse, o que eu considero uma vantagem, mas eu tenho a impressão de que ele não é alguém que confie fácil, então eu ia ter que jogar a longo prazo.
Abri o energético e coloquei um canudo, fazendo tudo com a maior tranquilidade do mundo.
— O meu amigo não ficou muito feliz depois que você recusou a oferta dele — Ele falou, parecendo curioso.
— Algumas pessoas querem mais do que podem ter.
Um sorriso felino se abriu no seu rosto e a loja ficou um pouco mais quente do nada.
— Tem razão — Concordou, passando a língua entre os lábios rosados — E você, o quer?
Sorri de lado e me inclinei sobre o balcão, deixando o meu decote bem a mostra. Fingi pensar um pouco e bebi um gole do energético, vendo que ele observava cada movimento meu com atenção.
— Honestamente? — Perguntei, vendo ele concordar — Eu quero a adrenalina.
Como eu sempre falo, o disfarce só fica convincente se tiver um pouco de você nele. Essa resposta é totalmente Hailey Baldwin.
— Adrenalina? — Arqueou as sobrancelhas novamente.
Inclinei a cabeça de lado e observei ele do mesmo jeito que fez comigo. O Justin parece realmente interessado, muito curioso também, e sei que o desejo dele pode ser apenas sexual, mas eu conseguiria fisgar a atenção dele. Eu preciso, na verdade. Preciso que ele confie em mim cegamente, que confie o suficiente para me apresentar aos seus... amigos.
— Sim — Respondi, por fim — Quero sentir adrenalina o máximo que puder, porque isso faz eu me sentir viva. E eu amo viver, é simplesmente o melhor presente que existe — Algo no seu olhar me prendeu, como se ele entendesse, e por um segundo, eu me esqueci que estava interpretando — Você não acha, Justin?
Ele não respondeu, só ficou ali parado me olhando. Parecia que ele tentava me desvendar, percebendo naquele momento que eu sou muito mais do que uma dançarina como as outras.
Minutos se passaram. Os olhos dele estavam pretos naquela luz e o corpo parecia ainda mais monumental. Mas foi quando ele se inclinou sobre o balcão, ficando a centímetros do meu rosto, que a minha respiração falhou.
— Você é uma caixinha de surpresas, Kath.
Sorri. Ele não faz nem ideia.