Vulcão de Sentimentos

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A imprensa estava toda rodeando meu condomínio.

Os dias que se seguiram daquele baile catastrófico foram regados por algo sombrio dentro de mim.

Eu fui acusado de assédio e perseguição, diante de pessoas influentes e que tinham confiança em mim.

Não fui trabalhar desde então. Não queria encontrar minha equipe e ouvir o que teriam para me dizer.

Não queria encontrar SeoJun, meu amigo e líder. Não posso imaginar o que ele estaria pensando sobre mim. Talvez esteja se martirizando por ter me apresentado ao seu neto.

Ah, Jimin.

Jimin e sua habilidade de me fazer de bobo.

Uma verdadeira raposa. Eu fui avisado desde o início, ele mesmo me disse com todas as palavras de que era uma bendita raposa. E mesmo assim não fui capaz de fugir de sua armadilha.

Ele sabia, ele sabia!

Mas havia algo em mim que me impedia de o odiar ou de querer que ele morra.

Havia algo em seus olhos assustados que, de certa forma, tentaram me avisar sobre o inevitável.

Eu apenas não percebi antes.

A pasta com seu perfil descrito estava em minha frente, entre meu corpo jogado no tapete e a lata de lixo a qual eu planejava o jogar.

Eu não sabia o que fazer com aquilo.

Ler? Nunca seria capaz de ler, não depois daquele pedido tão suplicante de Jimin.

Me sentei no chão, apanhando aquele arquivo tentador. Seu nome brilhava na capa.

Tirei um isqueiro do bolso da calça, ascendendo a pequena chama e deixando que o fogo fizesse o trabalho de dar um fim naqueles papéis.

Deixei a pasta escorregar de meus dedos, caindo dramaticamente na lata de lixo, fazendo as brasas arderem Ali dentro.

Respirei fundo, me sentindo menos tenso.

No mesmo instante, a campainha soou.

Caminhei até o monitor perto da porta, checando as câmeras da entrada.

Não pude processar muito a imagem conhecida que se formava ali, logo estava correndo até a porta com passos firmes e pesados. Meus dedos tremeram enquanto girava a trava, e quando abri a porta, senti meu mundo inteiro congelar.

Os olhos indecifráveis de Jimin me dilaceraram com tamanha culpa.

-Tem repórteres no quarteirão inteiro. - foi a primeira coisa que ele disse.

E mesmo não sabendo como me sentir em relação a ele, me peguei com raiva.

-O que quer?

-Posso entrar? - perguntou.

-O que mais você quer de mim? - grunhi. -Deixou a impressa tirar fotos suas vindo aqui? Está alimentando mais essa loucura?

-Acha que eu faria isso? - perguntou, e por um momento vi seu rosto se tornar sombrio.

-Você já fez, lembra? - praguejei, furioso.

Quis fechar a porta, quis manda-lo para o quinto dos infernos, mas antes que eu tivesse a chance de trair minhas próprias vontades e o deixar entrar, ele apenas passou por mim, começando a tirar seus sapatos.

Invadindo meu apartamento.

Fechei a porta, trancando-a. Quando me virei, encontrei Jimin diante das chamas, ele encarava o que queimava ali dentro.

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