Entre Partir e Ficar

547 99 7
                                    

Eu estava suando frio. 

O olhar severo de Park SeoJun me dava calafrios cruéis naquele instante. Em um dia comum, antes dessa bagunça completa, estaríamos bebendo um bom whiskey, com ele me contando piadas e histórias de golf. 

Menos de cinco minutos depois de desfrutar de Park Jimin em minha cama, fato este que ainda me parecia um sonho surreal, a campainha soou alta por toda a minha casa. 

Em silêncio, assisti Jimin vestir-se, os olhos me evitando. Eu me apressei igualmente, sabendo que se SeoJun percebesse que eu tinha trepado com seu neto, as coisas desandariam muito mais. 

Antes de o receber de verdade, Jimin me beijou. Não um simples beijo de confiança, mas sim um ósculo profundo e intenso que me pareceu o último. 

Agora, sentando diante do meu chefe e amigo, não conseguia pensar em nada além do fato de que toda aquela bagunça me tiraria algo que eu nunca pensei encontrar.

-Não entendo o que faço aqui. - o mais velho grunhiu irritado. Me mantive quieto e impassível. -Vamos embora, meu neto, não admito que fique aqui nem um minuto a mais. 

No mesmo instante em que SeoJun se levantou da poltrona, Jimin fizera o mesmo, mas apenas para se sentar ao meu lado, confrontando seu avô. 

Engoli em seco, completamente sem reação. 

-Estamos juntos, vovô... - disse o Park mais novo, então seus dedos tocaram minha perna de forma sutil.

Engoli a surpresa daquela revelação. Estávamos? Quando isso foi discutido?

Mirei Jimin, então pude entender seu plano. Mais mentiras para proteger seus pais. Pais estes que o usam como uma moeda de troca a vida toda. 

-Por isso aquelas fotos existem. - murmurou, então assistimos SeoJun se sentar outra vez, confuso e desconfiado. -Temos nos encontrado em segredo, por causa da sua aposentadoria. 

Era uma boa história, mas me corroía os ossos toda aquela situação. 

-Isso é verdade? - perguntou, severo e preocupado. 

Antes que Jimin pudesse confirmar toda a história novamente, eu intervi. Segurei sua mão, o encarando seriamente, vendo aquele vazio dar lugar ao pavor e medo no mesmo instante. 

-Não é totalmente verdade. - respondi. 

-Como assim? - elevava a voz. -O que está acontecendo?!

-SeoJae inventou que sou um perseguidor, mas... Não é mentira que Jimin e eu temos nos visto em segredo, mas não em uma relação. - suspirei. Apertei a destra de Jimin no instante em que senti que ele escaparia pelos meus dedos. 

-Jimin. - dirigiu-se ao neto, esperando uma resposta confiável. 

-Diga... - murmurei para o menor. -Estou do seu lado. 

-Dizer o que?! - rosnou o mais velho. 

-Vovô... - a voz antes firme, agora tremia vacilante. -O senhor sabe que meus pais... Eles me odeiam... 

Entrelacei nossos dedos, tentando lhe dar toda a confiança possível. 

-Acontece que, quando eu fiz oito anos, o papai me disse a verdade sobre mim. Sobre quem eu era. - fungou baixinho, engolindo o choro conforme podia. 

-Que verdade, Jimin? Do que está falando, meu neto? - SeoJun estava aflito, confuso e preocupado. 

-E-Eu não sou um Park. - contou, seu corpo tremia levemente e sua mão apertava a minha com força. 

RubisOnde histórias criam vida. Descubra agora