Beije-me

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O caos lá fora seguiu durante o final de semana.

Mas o que me fez esquecer de tudo, fora ter Jimin em meu apartamento durante aquele tempo.

Ele não queria ir embora, e eu não queria que ele fosse.

Na primeira noite, quando gritamos um com o outro, quando descobri sobre a verdade a respeito de seu parentesco, ficamos abraçados durante a noite toda. Dormimos no chão da sala. E pela manhã, conversamos com mais calma.

Jimin me disse tudo.

Sobre ser parecido com seu pai biológico, que era o maior motivo de sua mãe o odiar tanto. Sobre ter se esforçado ao máximo para que seu avô lhe visse como o favorito, apenas para que seus pais fossem recompensados por isso.

Sobre como ele odiou fazer administração, e que era apenas mais um plano de SeoJae. Sobre a suposta internação em um instituto psiquiátrico quando ele era mais novo, sob a desculpa de que tinha surtos de ansiedade.

Sobre como ele saiu de lá com fobias singelas. Medo de lugares fechados, de ambientes quentes e de calmantes.

Também me contou que o escândalo feito por seu pai fora organizado de forma veloz, pois de alguma forma, SeoJae descobriu sobre a decisão de seu pai.

-Devo pegar talheres? - perguntei assim que vi Jimin aparecer na sala com taças e vinho.

-Você tem dedos. - revirou os olhos. -Coma com a mão, senhor Coelho. - riu, sentando ao meu lado.

Era domingo, uma noite gelada de domingo. Jimin ainda estava lá, vestindo minhas roupas, passando horas e horas comigo.

Apesar de implorar para que ele fechasse todos os botões das camisas, ele abria até a metade do peito.

Durante esses dias, dormimos juntos. Nada aconteceu, mas eu me sentia tentado a cada segundo.

Pedi uma pizza para a janta, e agora, estávamos no chão da sala, sentados sobre o tapete, enquanto a pizza residia na mesa de centro.

Nesse meio tempo, tanto o seu quanto o meu celular não paravam de vibrar e apitar.

-Deveria avisar ao SeoJun... - murmurei ao ver seus ombros caírem ao encarar a centésima chamada de seu avô.

-Ele fará um escândalo se souber que estou na casa do meu perseguidor. - disparou largando o celular no chão.

-Ele me odeia agora? - perguntei receoso.

Senti a mão de Jimin segurar meu rosto. Estávamos bem perto, e não era a primeira vez. Era difícil resistir à vontade de o beijar.

-Eu sinto muito... - murmurou, pela milionésima vez.

-Não culpo você, Jimin.

-Eu sei... - se aproximou um pouco mais. -Mas eu sim. - sua canhota desceu até minha nuca, então ele deitou a cabeça em meu ombro, me olhando dali.

Lindo. Ele era absurdamente lindo.

-Eu fiz esse caos. - soprou.

Me peguei ofegante.

-Eu não queria que fosse assim... - seu dedão afagava minha pele, e seus olhos afundavam nos meus.

Céus!

-Me desculpe, JungKook... - pediu novamente, então não pude segurar-me.

Segurei seu rosto, chocando minha boca contra a sua. 

Eu imaginei como seria a sensação de beijar Jimin inúmeras vezes desde que coloquei meus olhos nele. Mas, estando ali, sentindo a maciez da sua boca, me peguei completamente surpreso com a emoção que crescia em meu interior.

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