Capítulo 6

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O mundo girava e oscilava feito um giroscópio orate e, em seu eixo, estava Red.

Desnorteado, ele ergueu a mão trêmula e esfregou a lateral de seu rosto, sentindo sua mandíbula dolorida como se tivesse tomado um soco. Não apenas sua face, mas seu corpo inteiro se condoía a cada movimento. Parecia que havia entrado em uma briga e perdido feio.

Ele exalou profundamente, enquanto que descansava seu braço sobre seu peito. A blusa parecia áspera de encontro a seu torso na altura do ventre, cingindo-o, de uma forma quase desconfortável.

O esqueleto correu os dedos pelo tecido, porém a textura não era a de sua vestimenta, e constou - atarantado - que eram bandagens que envolviam seu abdômen da crista ilíaca até suas costelas vertebrocondrais. Uma diminuta mancha avermelhada demarcava seu ferimento sob as ataduras, contudo, o talho não estava mais lhe incomodando de forma cáustica, a dor havia se tornado um latejar suportável.

Ele, finalmente, sentou-se na maca e observou seus arredores. Encontrava-se no que aparentava ser a junção maluca de uma ala hospitalar com laboratório de pesquisas. Diversos aparatos tecnológicos - e de aparência complexa - estavam espalhados por cada metro quadrado que olhasse.

Onde havia se metido desta vez?

Não conseguia lembrar de como havia chegado até ali, apenas lapsos de memória de vozes acaloradas em meio a uma discussão. Todavia, uma dor de cabeça incessante começava a lhe drenar as forças, a única coisa que conseguia lembrar era do sentimento de urgência em escapar.

A grade de ventilação acima de seu leito fazia um barulho esquisito, e o ar frígido era expelido sobre o esqueleto seminu, que não tardou a tremer devido ao frio que fazia na sala. Não haviam lençóis na maca, apenas o estofado, que fedia a bolor. Foi nesse momento que Red deu-se pela falta de sua blusa e jaqueta.

O esqueleto jogou seus pés para fora do leito e tentou ficar de pé, porém foi acometido por uma tontura que escureceu sua visão, e ele buscou apoio no objeto mais próximo. Quando sua visibilidade se restabeleceu, apercebeu-se que estava escorado em uma cadeira que não havia notado antes e, pendurado em seu encosto, estava seu benquisto casaco. Infelizmente, não havia sinal de sua blusa.

Contente, cobriu seu tronco despido. Estava para puxar o zíper para cima quando ouviu um barulho crescente vindo do lado de fora da porta.

O som de alguém correndo.

Red assustou-se, procurando invocar uma arma de cálcio para se defender, contudo, seu estado de saúde deveria ser mais preocupante do que havia imaginado, pois nem seus poderes estavam disponíveis para uso no momento. Um xingamento escapou de seus dentes cerrados.

Buscou por uma rota de fuga, escaneando o ambiente, mas só havia a porta de metal naquela sala estranha, nem mesmo a porcaria de uma janela para pular fora. Não havia como correr, logo chegou a conclusão que restava, apenas, bater.

Seu olhar recaiu sobre um suporte de soro empoeirado no canto próximo a porta. Cambaleou naquela direção e apoiou-se no metal, sua respiração acelerada devido a adrenalina. O som dos passos parou, de súbito, bem a frente da porta de onde estava.

O esqueleto preparou-se para atacar, posicionando as mãos na parte superior e mais leve do suporte.

A porta se abriu e alguém adentrou.

Red levantou o objeto hospitalar - com um gemido abafado de esforço - e usou o impulso do corpo para girá-lo feito um taco de beisebol, e a parte inferior e pesada acertou o recém-chegado bem na cara.

O princípio da Inércia - 1ª Lei de Newton - diz que um objeto em repouso ou movimento retilíneo uniforme tende a permanecer nesse estado se a força resultante sobre ele é nula. Consequentemente, um suporte de soro sendo balançado como um taco por um esqueleto tende a continuar se deslocando devido seu volume, mesmo após acertar outro monstro na face, principalmente se o obstáculo não se demonstrar denso o suficiente para absorver toda a força empregada no ato para, então, conseguir fazê-lo estancar completamente.

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