Capítulo 2

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O esqueleto corria de maneira desenfreada em meio às plantas arroxeadas de Waterfall, atrás de si, seu irmão esbravejava, invocando ossos na tentativa falha de pará-lo.

Sua respiração ofegante não lhe proporcionava oxigênio o suficiente, seu peito doía, suas pernas estavam cansadas, mas ele não poderia parar, precisava continuar ou viraria poeira em um piscar de olhos.

Ele esbarrou em um Temmie, que, irado, lhe atacou, agarrando-se em suas costas e fincando suas garras afiadas na coluna vertebral do esqueleto. Ele gritou de dor, um osso rubro surgiu de repente a sua frente, precipitando-se em sua direção. O esqueleto conseguiu desviar no último segundo, mas a ponta lhe acertou a lateral do corpo, fazendo um enorme corte em seu ectobody.

A dor lancinante o fez tropeçar e cair de uma pequena ladeira. O impacto da rocha contra seus ossos arrancou seu fôlego. Ele ficou encolhido em posição fetal enquanto tentava sorver o ar. Com a visão turva, viu um borrão vestido de preto se aproximar.

- Te peguei, seu filho da puta! – Gritou Papyrus apontando um osso afiado para o irmão. – Não há mais para onde fugir!

O esqueleto menor tossiu, seu corpo estava dolorido, o corte em sua cintura esvaía-se em sangue, sentia-se tão cansado, ele só desejava fechar os olhos e dormir.

- Responda quando eu falar com você! – Retorquiu Papyrus, irado, enfiando a ponta do osso no ferimento do irmão e girando a arma, um berro de dor escapou da mandíbula do menor. – Seu merda! – Xingou chutando o rosto dele com sua bota escarlate, o fazendo cuspir sangue.

De repente, o Temmie, que o menor havia esbarrado, atacou o esqueleto maior, que urrou de raiva enquanto tentava se livrar da ferinha. O outro esqueleto aproveitou a distração e arrancou o osso de seu ferimento, vendo sua mão tingir-se com uma torrente escarlate. Ele sentiu vertigem ao ver tanto sangue saindo de si. Uma estranha fraqueza se apossava de seu corpo, mas ele não podia cerrar os olhos e dormir. Assim que Papyrus se livrasse do Temmie, ele iria acabar com o esqueleto menor.

Com dificuldade, ele se apoiou nos braços trêmulos e se pôs de pé. Cambaleou, trôpego, por alguns metros até tombar contra a parede rochosa da caverna, a dor lancinante drenava suas forças, o impedindo de continuar. O esqueleto olhou para baixo, um enorme córrego corria abaixo da encosta na qual se encontrava.

De súbito, um grito de terror gelou sua espinha. Lentamente, ele girou sua cabeça. Papyrus se encontrava com uma das botas sobre o corpo ensanguentado do Temmie, ele segurava um enorme osso que atravessava o monstrinho. O pequenino agonizou mais um pouco até dar seu último suspiro e se desfazer em poeira. Papyrus arrancou o osso da pilha cinzenta, que um dia fora um Temmie, com um enorme e assustador sorriso estampado em sua face. Então ele voltou seu olhar para o irmão, que engoliu em seco e recuou um passo.

- Não há escapatória, Sans. – Murmurou, sua expressão se tornando insana. – Está acabado. – Ele fez um movimento ameaçador para limpar a poeira de sua arma. O esqueleto menor olhou mais uma vez para a torrente de água que rugia abaixo de si.

- Heh... – De cabeça baixa, com a lateral de seu corpo coberta de sangue, uma mão sobre o ferimento na tentativa falha de estancar o sangramento, e com seu dente de ouro brilhando por estar exposto em um sorriso estranho, dava ao esqueleto uma expressão assustadora. Ele ergueu a cabeça, ainda mantendo o sorriso estampado em seu rosto fatigado, sua mandíbula ainda dolorida e rubra devido ao chute que recebera. – Hasta la vista, vadia.

E pulou.

Ele ainda pôde ouvir o grito de raiva que veio do irmão antes de afundar em meio àquele turbilhão gelado.

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