Capítulo 8

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Capitulo oito

Esperando naquele sol da manhã

Soldado, continue marchando

Cabeça na poeira, pés no fogo

Trabalho naquele fio da meia-noite

Ouvindo aquele coro de anjos

Você não tem para onde correr

SOLDIER­_TOMMEE PROFITT

Evangeline

Não consigo entender o motivo de Catarina estar sendo tão legal comigo. Não que eu esteja reclamando, longe disso.

A loira traz uma leveza para a minha vida, incomparável. E por aquelas poucas horas que dedica a mim, faz com que eu esqueça quão fodida é minha vida.

Se passou pouco mais de uma semana desde a última visita de Romeo, que não apareceu aqui mais desde então.

Catarina vem me ver todos os dias e passa horas me contando sobre tanta coisa aleatória que acho que não lembro nem da metade. Mas gosto disso, e tenho que admitir que até anseio pela a hora irá chegar.

Já Matteo, nos primeiros dias, sempre aparecia aqui com um motivo diferente para a visita. Ora para ver se eu não tinha fugido, como disse, outra para fazer comida para mim, pois disse que não queria que eu morresse de fome.

Depois que o pressionei um pouco, disse que apenas queria ver como eu estava.

Passava horas me contando coisas sobre a máfia siciliana, que se Romeo soubesse o mataria. Mas caso um dia ele perguntasse, eu negaria.

Gosto daqueles dois, apesar de não dizer isso para eles.

Hoje, quando Catarina apareceu na minha porta, para que eu a acompanhasse no salão, pensei muito em discutir, e até arrumar uma desculpa, mas ela tem uma maneira de me fazer ficar tão confortável na sua presença, que pensar em ficar naquele apartamento sozinha pareceu deprimente demais.

Então aqui estamos nós.

– Está pensando em quê, hein? Tem meia hora que está aí parada olhando para o nada – Catarina pergunta, deitada em um daqueles lavatórios de salão.

– Ah? Nada. – Obviamente não iria contar que estava divagando sobre o quão importante ela e Matteo são para mim. Per dío, quanta carência Evangeline. – Estava pensando que gostaria de cortar um pouco esse cabelo.

– O que? – Grita, no meio do salão.

Catarina levanta em um rompante, com cabelo loiro todo cheio de shampoo.

Não consigo segurar a risada.

– Ei! – Reclama a cabeleira que lavava seus cabelos.

– Seu cabelo é tão lindo! – Declara Catarina, indignada.

Olho o longo cabelo, tipo muito longo mesmo, ao ponto de bater na minha bunda, mas não consigo me enxergar ali.

O cabelo extremamente liso, castanho, em conjunto os traços delicados do meu rosto,  me transformava na menininha toda delicada que meu queria que eu fosse.

– Meu pai não gostava que eu os cortasse, pois dizia eu devia parecer o mais agradável possível, e que os cabelos curtos me faziam parecer velha demais. – Digo.

– Que pai de merda.

– Tirou as palavras da minha boca – Sorrio – Mas não importa – Dispensei com um gesto de mão, para não prolongar o assunto – Agora, posso fazer o que eu quiser. – Dou de ombros.

SartariOnde histórias criam vida. Descubra agora