preparem o choro pq esse ep é baseado em pensamentos reais💪🏼
- Você só pode estar brincando com a minha cara. -Thalia abre a porta do meu quarto.
Esqueci que ela tinha a cópia da chaves da minha casa. Não sei como, mas esqueci. Afinal, ela cuida mais de mim do que minha própria mãe.- Boa tarde para você também. -digo. Lucky, o filhote de labrador que adotei, coloca a cabeça para fora das cobertas.
Fecho o livro que estava lendo e apoio em meu peito.- Que roupa de defunto é essa? -ela aponta para mim.
Faço uma careta para ela. O que Thalia chama de roupa de defunto é uma camisola de cetim azul clara e um cardigam longo e branco. Eu chamo de conforto.- O que você veio fazer aqui? -cruzo minhas pernas para que ela possa se sentar na cama.
- Além de insultar suas roupas? - brinca.
Jogo uma almofada nela.- Anda logo. -ela segura a almofada.- Veste algo melhor. Nós vamos sair.
- Eu não me lembro de ter concordado. -contra-ataco.
- Eu não me lembro de ter te dado opções.
O vento frio queima as minhas bochechas. Afundo um pouco em meu casaco, observando Thalia correr com Lucky pela grama. Me sinto grata.
Sou extremamente grata por ter ela comigo. Porque sei que ela está tentando me ajudar. Não posso mais correr. Isso faz meu coração ter que trabalhar mais rápido, e ele não pode ter esse luxo. Também me sinto extremamente inconveniente.
E se ela não quisesse estar aqui? E se ela não quisesse estar correndo pelo parque com o cachorro de outra pessoa porque essa pessoa não consegue fazer isso? Esse pensamento me vêm todos os dias.
Thalia Grace é minha melhor amiga. Sempre foi. Mas e se minha amizade tiver deixado de ser uma diversão, uma parceria, e tiver se tornado uma obrigação? Não quero isso.
Não quero ser um peso para ninguém. Apesar de saber que é exatamente isso que eu sou. Um peso. Uma obrigação.
- Vou comprar uma água. Você quer? -grito. Thalia faz um "ok" com a mão, e joga a bolinha de Lucky.
Enfio as mãos nos bolsos do casaco e saio andando até uma barraquinha. Minha cabeça está girando com todos os meus pensamentos. Sempre está.
Só me concentro no que estou fazendo quando sinto duas mãos em meus ombros.- Você está bem? -uma voz masculina me pergunta.
- Oi?
- Você ia caindo. -ele diz.- Perguntei se estava bem. -repete.
- Ah... -eu quase caí?- Sim. Estou bem, sim. Obrigada.
- Não há de quê. -ele solta meus ombros.- Mas olhe para o chão.
- Claro... hm? -encaro a pessoa em minha frente.
Ele não é mais alto e nem mais baixo que eu. Os cabelos estão bagunçados, como se não conhecessem um pente.- Percy. -ele sorri. Seus olhos se fecham um pouco. É fofo.- Prazer.
- Certo. Obrigada. Licença.
Digo, ríspida. Ando o mais rápido possível até a barraquinha.
- Você está indo para a direção errada. -ele grita.- É para a esquerda.
- Certo. Eu sabia. -digo e viro para onde ele falou.- Eu sabia. -resmungo para mim mesma.
Compro duas garrafas d'água e Thalia está me esperando no banco quando volto.
- Por que a demora? -ela rouba uma garrafinha da minha mão, bebendo tão rápido que tenho medo que engasgue.
- A fila tava grande.
- Numa barraca de bebidas? -ela arqueia a sobrancelha, mas só isso.- Vai beber? -Thalia aponta para minha garrafa, a qual eu nem abri. A dela estava seca.
- Pode pegar.
Acordo meia grogue. O relógio na parede marca onze e meia. Tento levantar e o quarto parece girar. Meu peito aperta. Não ouvi o despertador das nove e quarenta e cinco. Perdi meu coquetel da noite.
Tento andar até a gaveta onde guardo
meus remédios noturnos, sentindo pontadas no meu peito. O quarto não para de girar um único segundo.Alcanço a gaveta. Os nomes dos remédios não focam em minha visão. Até que o quarto para de rodar.
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The Life We Want (won't) Wait For us
Ficción históricaAs consultas e internações de Annabeth se tornaram mais frequentes depois do acúmulo de bactérias em seu coração. Ela precisa de um transplante e não poderia haver um jeito pior de tê-lo conseguido.