17 de abril; 2018

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saborzinho de percabeth😼 mas só um saborzinho msm😀

- Está tudo bem, Sally. -confirmo quando ela insiste em levantar minha blusa para checar o cateter.- É sério.

Ela coloca álcool na gaze e me repreende. Levanto minha blusa a contragosto.

Depois de fazer uma cirurgia e infeccionar, Sally começou a duvidar dos meus cuidados. Mesmo sabendo que os faço.

- Você teve D.A, mocinha. -ela joga a gaze no lixo e começa a fazer um outro curativo.- Quase me matou do coração.

- Não sem antes me matar primeiro. -brinco. Sally não ri.
Ela baixa minha camisa.

- Não brinque com isso, Annabeth. -me alerta.
Ela recolhe a bandeja e coloca no carrinho. Então saí.

D.A.

Disreflexia Autocontrolada. O maior pesadelo dos meus médicos. E de Sally. Basicamente, a tentativa desesperada do meu corpo de não pifar de vez. Atingi meu limite. Passei a sentir tantas dores, que meu corpo desistiu de sentir alguma coisa. Apaguei por 19 horas. Direto.

Eu poderia ter morrido.

Me afundo na cama e encaro o teto. Não percebi que adormecera até ser acordada.


- Annabeth. -mãos me chacoalham.- Ei, anda, Chase, vamos. Acorda.

Abro os olhos e encaro de volta as íris verde-mar de Percy, o rosto a centímetros do meu. Ele suspira e sua respiração, tão próxima, me arrepia.

- O que...

- Vamos logo. -ele pega minha mochila.- Já arrumei seus remédios da tarde. Vamos, ou mamãe vai nos matar.

- Percy, o que...

- Você vem ou não? -ele coloca a mão na maçaneta da porta.

- Eu não posso sair do hospital. -lembro.- Tive D.A, lembra?

- Não vamos sair do hospital, Chase. -observa o corredor por uma fresta da porta.- Eu não sou tão inconsequente.

- Não parece. -retruco.- Você está tentando tirar uma paciente do quarto.

- É só até as cinco. -responde, como se bastasse.- Você estará de volta antes da minha mãe voltar para te olhar.

Então Percy sai do quarto. Vou atrás apenas para impedi-lo de fazer uma grande burrada. E, quem diria, ele está mesmo com meus remédios certos da tarde.


- Por que... -apoio as mãos nos joelhos, puxando desesperadamente o ar. Percy me entrega uma garrafinha de água.- Por que estamos no telhado?

Enquanto bebo a água quase depressa demais, Percy se senta próximo ao parapeito. Me aproximo.

- Descobri como subir até aqui semana passada. -fala.- Achei que, como você está quase sempre aqui e quase nunca sai do quarto, pudesse ser legal.

Ele me encara com expectativa. Afasto nossas mochilas e me sento ao seu lado.

- Eu não sabia desse telhado. -digo. Percy sorri.- Claro, eu sabia que tinha um telhado, mas...

- Eu entendi, sabidinha. -ele ri.- Quer comer algo? -Percy se estica e pega sua mochila.- Trouxe aquelas bolachas sem graça que você gosta.

- Elas não são sem graça. -defendo minhas bolachas sem glúten.

- Claro que não. -ele desdenha e abre um pote com cookies azuis de Sally Jackson.

- Você é horrível. -declaro.

- Cada um com a bolacha que merece. -fala de boca cheia.

- Te odeio.

- Odeia, é? -arqueia uma sobrancelha.- Então nada de cookies azuis sem glúten para a mocinha...

- Sem glúten? -quase grito.- Eu te amo, Jackson!

- Ah, é? -ele estica lentamente os cookies para mim.- Vejamos... O que ganho com isso?

- Que tal o que não perde? -observo a altura até o chão. Ele provavelmente morreria se caísse.

Percy me entrega os cookies.

- Que cruel, Chase.

Senti os olhos de Percy me observando enquanto comia. Quando o olhei, ele virou rapidamente o rosto.

- O quê? -perguntei.- No que está pensando?

Ele me encara por alguns segundos. Abre e fecha a boca algumas vezes.

- Em nada. -se vira de novo.

- Você não me engana, Percy. -digo.- O que houve? -me aproximo dele.

Percy encara meu rosto novamente. Seu olhar percorrendo lentamente dos meus olhos para o nariz e para a boca. Os segundos viram minutos. E os minutos parecem horas nesse silêncio enorme entre nós.

Nossos rostos estão tão próximos que sinto sua respiração entrecortada. Ele se aproxima mais ainda, sem me beijar. Não achei que fosse fisicamente possível.

- Vocês dois estão malucos? -a voz de Sally nos atrapalha.
Nos afastamos tão rápido que Percy bate as costas no parapeito. Xinga baixinho.

- O que diabos estão fazendo aqui? -ela para ao nosso lado, a cara fechada.

- Mãe...

- Calado. -ordena.- Você quer me fazer perder o emprego? -vira-se para mim.- E você? Quase morreu tem dois dias! Eu não acredito, Annabeth!

- Sally... -tento.

- Já para o quarto!

- Mãe, a culpa foi minha. -Percy me defende.- Eu a trouxe. Trouxe os remédios dela. Ela não tinha esco...

- Você o quê? -a voz dela afina.- Você pegou os medicamentos da Chase? Perseu, você tem ideia do que fez?

Ele pareceu tentar responder. Sally o corta.

- Desçam. Agora.

Começamos a sair. Sua voz nos segue.

- Você vai para casa, Perseu Jackson.

The Life We Want (won't) Wait For usOnde histórias criam vida. Descubra agora