AMOR

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"Amor". É uma palavra forte. É fraca também. É contraditória, mentirosa e honesta ao mesmo tempo. É falsa, mas verdadeira. Traidora, mas também acolhedora. Nunca confie em quem usa essa palavra. Aliás, nunca confie em ninguém, qualquer pessoa é capaz de trair. 

As pessoas romantizam o amor, mas ele é cruel na vida real, ele parte o coração, dá esperanças, e parte de novo, sem dó nem piedade. O amor é divino, mas é pecado ao mesmo tempo. Tal emoção é avassaladora, capaz de destruição, de morte, e de vida também. O que seria das pessoas sem amor?

As pessoas tem a mania de unir o sexo, algo carnal, com o amor, um sentimento. "Fazer amor" eles dizem, e sinceramente, isso me dá nojo. Ou pelo menos de dava...antes de acontecer comigo. Aconteceu apenas uma vez, em todos os meus 6 anos de sexo, eu fiz "amor" apenas uma vez, e porra, é viciante. Não dá pra repetir por vontade prórpria. 

É imprevisivel, não dá pra forçar algo igual. Todo o restante é apenas sexo, desejo, paixão talvez, mas nem se comparam com o "fazer amor". É totalmente diferente, e ouso dizer que existem milhares de pessoas que morrem sem nunca ter chegado perto de ter experimentado algo assim. 

Quando se transa, é como ouvri rock. Quando se "faz amor" é como ouvir a sonata do diabo dentro de si. É estranho, mas é muito mais gostoso do que transar simplesmente, é intenso, muito muito intenso, avassalador, e você não quer parar, não quer que termine nunca. Mas ao mesmo tempo anseia pelo ápice do orgasmo, anseia pelo auge do prazer, e quanto mais você sente, mais prazeroso se torna. 

Se eu pudesse tranformar o "fazer amor" em uma música, com toda certeza seria a sonata do diabo, ela é impulsiva, tem um fio de sensibilidade, intensa e muito, mas muito confortável. Estranhamente confortável. 

Eu gosto de fazer analogias para descrever, então aqui vai mais uma. Quando eu faço sexo eu imagino coisas safadas, eu sou provocativa, eu gosto de morder, de lamber, de enganar. Mas quando eu fiz amor...eu queria abraçar, acariciar, ser abraçada, ser acariciada. Quando fechava meus olhos via de forma clara coisas clássicas, como estátuas antigas, lugares brancos, pilares antigos, céus azuis claros, com nuvens ao longe, sentia uma brisa suave. 

Se pudesse armazenar essa sensação eu o faria com certeza, é muito estranho porque "estátua antigas" não são nem um pouco excitantes não é mesmo? Então por que eu vi essa porra quando fechei meus olhos? 

Eu tive essa experiência com uma unica pessoa até hoje, não foi a primeira vez que tinha relação com aquela pessoa, e não foi a última. E mesmo quando eu tentava repetir, eu falhava. É impossível repetir aquilo, ele gruda na sua alma, não te larga, mas não deixa você repetir, nem um beijo sequer, nem um toque traz aquela sensação de novo. 

Se alguém já conseguiu "fazer amor" mais de uma vez, eu preciso urgentemente saber o que essa pessoa fez pra conseguir. É a droga mais viciante, é como se estivesse logo ali na sua frente, a cada transa uma possibilidade, mas ela é tão traíra que nunca se deixa ser sentida novamente. 

Pelo menos foi o que eu pensei, até pouco tempo atrás. Antes de Yumi entrar no meu quarto a noite, de pijama, se deitar do meu lado e ficarmos nos encarando. Ele anda diferente. Ele fez carinho no meu rosto, não me beijou, não ansiou por sexo, mas quando eu me dei conta, estava sentindo uma pequena partícula do que senti quando fiz amor, ha muito tempo. 

Ele tirou a camiseta enquanto nos beijávamos freneticamente, não queriamos parar de nos beijar, nem por um segundo, sentia a melodia retumbando bem baixinho em meu peito, como se viesse de dentro do meu coração. Não quero deixar isso passar, não posso deixar, preciso provar de novo, preciso sentir seu toque, sua batida, seu ritmo...

Ele se deitou sobre mim, e começamos a "fazer amor", era igual aquela vez, mas diferente ao mesmo tempo, era incrivelmente fácil de se reconhecer, mas com um toque único, eu sentia o violino na minha mente, e Yumi tocava esse violino com maestria, era como uma música clássica, imprevisível, impulsiva e com um que de "clássica".

Fizemos amor, foi incrível, era aquela droga de novo, aquelas estatuas brancas gregas antigas, os céus limpos, o gramado vibrando, a brisa suave soprando em meu corpo nu...foi magicamente intenso, muito intenso, estávamos ofegantes quando gozamos, mas continuávamos excitados, continuamos os movimentos, era como se apenas um mero orgasmo não fosse capaz de tirar o extase de ter aquela sensação, e nós dois estávamos sentindo.

Se parássemos, a sensação também iria embora. 

Mas nada dura para sempre. Então, quando a "sonata" foi ficando mais lenta, até então chegar ao seu fim, nós também chegamos ao nosso fim, extasiados, com a sensação ainda fluindo por nossas veias. 

Não era necessário perguntar se ele também havia sentido, estava na respiração dele, no olhar, na forma como ficamos nos olhando, ele ainda dentro de mim, ainda pulsávamos com o restinho que havia sobrado, estávamos aproveitando cada gota que se esvaia do "amor".

É algo lindo, tenho que admitir, é algo valioso. 

E a cada vez que eu provo, eu quero mais, e fico mais viciada nessa porra de "amor".


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