XXXII

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Não estava afim de ir, sentia seu corpo cedendo ao cansaço mental desses últimos dias, mas devia isso aos pais dele. Eles não mereciam que ela simplesmente falasse que não queria ir, que se recusasse a sair de uma casa que tomava por sua, mesmo não sendo dela. Não o estava fazendo por ele, não dava a mínima para se ele estava ou não. Mas apenas a sua presença a incomodava, a fazia pensar nele de um jeito que ela não queria. Esse jantar ia dar em merda, e só um tolo não saberia isso. Pensou no que vestir, se esforçado para afastar o loiro da sua mente. Para falar verdade ela já estava cansada demais de pensar nele, de ouvir seu nome, sua voz, de olhar seus olhos.

Botou uma saia justa preta, que chegava apenas ate metade da coxa, contornando seus traços com cuidado, os delimitando. Por cima, um top simples, branco e um casaco blazer do mesmo tom, apenas para complementar o outfit. Afinal, eram os Bakugo. Mesmo sendo um jantar casual, merecia um tanto de dedicação e classe na roupa usada.
Se arrumou, fez suas higienes, quase se esquecendo da presença de um certo loiro. Pensava em como não queria ir nesse jantar, em como queria evitar Katsuki para sempre, mesmo que soubesse que nesse momento, isso era bem mais difícil do que queria que fosse. Queria se deitar e esquecer que esse dia aconteceu, esquecer o que viu. Esquecer a cena de eles os dois lutando e as manchas de sangue em suas mãos. Não entendia toda essa raiva de Katsuki, mas achava que o melhor era não o entender. Fingir que nada aconteceu, ir nesse jantar e de afastar dele de vez. Mesmo que ele não fosse o único culpado pelo seu sumiço, se sentia confusa, perguntando coisas sobre ele à sua própria mente que nunca pensou em perguntar. Será que...? Não, era impossível. Ela não gosta dele, ele a irrita, a provoca, a deixa puta da vida. Não tinha como...

Estava finalmente pronta, para uma janta a que nem queria ir. Durante o tempo em que se vestia, se culpava a si mesma por ser tão coração mole, estava cedendo á sua própria palavra. Ela jurou a si mesma que se tinha que comportar perto dele, tinha que deixar de ceder a ele. E o estava tentando fazer. Mas esse jantar tinha tudo para dar errado. Saiu do seu quarto, caminhando como se estivesse sozinha naquela casa imensa, ignorando os olhos vermelhos que a seguiam com o olhar.

"Vamos?"


O mesmo caminho familiar, a viagem curta. Como era sempre, e nesses últimos tempos, mais familiar se tinha tornado. A aproximação deles se tornou algo gigante, não pela extrema aproximação, mas por tudo o que causava á sua volta. Quase como um furacão destruindo tudo em sua volta. Tirando a parte de que tudo estava sendo destruído. S/N imaginava, no canto mais profundo da sua mente, que essa nova relação deles, que misturava todo o seu passado com o presente e possível futuro, quase como num ponto entre a mudança, era muito mais que apenas isso. Não destruía, mas construía algo novo. Não que fosse sempre bom, mas nem mesmo seu orgulho a impedia de pensar no bom dessa relação, mesmo que a impedisse de falar isso em voz alta. As luzes amarelas da rua estavam ligadas, mesmo que o sol se tivesse acabado de deitar e o céu ainda estivesse claro o suficiente para um final de tarde. Uma tarde linda, com o céu tingido das mais saturadas cores. Os olhos dela estavam, como sempre, em tudo o que o vidro transparente do carro a permitia ver. Nas poucas pessoas que caminhavam na rua, dos prédios altos que refletiam a mistura de cores do céu, tudo o que podia ver. Tudo o que estava além daquele carro. Quanto menos olhasse para ele, quanto menos pensasse que ele estava ali, menos importância e atenção daria para ele.

Seu coração batia com calma nas suas mãos brincavam enquanto suavam. Sua mente estava prestes a explodir, estava pensando em tudo ao mesmo tempo, e isso a fazia pensar ainda mais. Começava acreditar cada vez mais que devia ter ficado em casa, que devia ter recusado o convite, que devia ter simplesmente expulsado o loiro de casa. Sabia que não devia estar com ele, parte desse ainda ardia de raiva perceber o que aconteceu, por ver o que viu, ver eles lutar daquele jeito, sem qualquer sentido. E realmente, parando para pensar, não fazia qualquer sentido estar aqui, no carro com ele, indo jantar com ele, na casa dos pais dele. Talvez nem mesmo respeito que tinha por Mitsuki ou Masaru a fizeste acreditar que isso fosse realmente uma boa ideia.

Lost in the Summer (Bakugo x reader) [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora