XXXI

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Tudo tinha voltado ao início. A onde tudo começou. O teto branco, a cama confortável que conhecia tão bem. A forma filosófica como encarava o teto que não era seu, enquanto escutava a voz grave do seu melhor amigo ruivo, falando sobre problemas que não eram seus. Seus dedos entrelaçados sobre sua barriga e seu cabelo ainda húmido do banho sobre a manta que cobria a cama. Todo o ambiente era igual, era aquele sentimento de liberdade e á vontade que tinha com Kirishima, um sentimento que já lhe era tão conhecido como o gosto de sua comida favorita. A forma como sorria com as histórias dele, com o que ele falava. Mas no entanto, algo estava diferente. Não com Kirishima, nem entre eles, mas sim na mente da garota deitada sobre o colchão. Sua mente se recusou a soltar as imagens do que aconteceu naquele dia, mesmo que S/N tenha decidido que o melhor seria  se soltar dele. A chuva caindo sobre seu corpo, que balançava seguindo um ritmo definido, se deixando ser guiada por um tal de olhos vermelhos e cabelos espetados. O jeito como o seu coração bateu, o jeito como olhou ele. O que estava sentindo. Nada disso abandonou sua mente. Nada. Em sete dias, nada sumiu. Mas gostava de fingir que sim. Gostava de fingir que esse afastamento, talvez o fato de estar fugindo dele, fosse apenas porque o queria fazer, e não para se tentar compreender. 

Kirishima não sabia detalhes, e por muito que insistisse, S/N não revelava o que ele mais queria saber. A mera descrição que recebeu foi apenas "fomos na festa, ele discursou, e nos viemos embora para minha casa". O ruivo sabia que faltava algo, conhecia sua melhor amiga, conhecia todos os seus olhares, respostas e maneiras de agir, sabia que algo não estava certo. Mas estava certo que se ela não quisesse contar, não podia fazer nada para a obrigar a fazê-lo, por isso tentou distrair ela do que ocupava tanto a sua mente. Contou para ela o que sabia das novas fofocas, que apenas soube por Mina, contou para ela novidades acerca de sua relação com Denki, contou para ela novidades do grupo de amigos e pouco mais. Parece pouco, mas Eijiro tem o dom da palavra quando necessário. 

Nao era cedo. 12 horas da manhã. Recebeu a garota de cabelos (cor de cabelo) depois de seu treino, que estranhamente voltou á sua rotina. Ela voltou a praticar exercício físico todas as manhãs. Kirishima não sabia porquê, mas não foi algo a que deu muita importância. S/N sabia o porquê, guardava os mistérios de seus atos longe de casa e de seus horários bagunçados para si. Apenas se queria afastar de casa, para que encontrá-la não fosse fácil. Nem sabia se ele a procuraria, não queria que o fizesse. Nem sabia se ele acha que ela vale o esforço. Mas quanto menos pensar nisso, melhor. Quanto menos pensar nele, melhor. Dessa vez, era S/N que se queria afastar. Se sentia confusa, uma estranha em seus próprios sentimentos. Naquela noite, descobriu o que sempre soube, que era apenas sexo e que se ele quisesse, ele a deixaria, sem olhar para trás. Se fosse apenas sexo, ela não estaria pensando esse tipo de coisa, não se perderia em suas próprias emoções.

"Terra chama S/N" Uma figura de cabelos espetados se colocou entre a sua visão do teto. Ela sorriu e jogou o travesseiro no rosto do melhor amigo, que se rendeu e deitou junto dela, gargalhando. "Você tem certeza que está bem?" 

"Porquê não haveria de estar?" Sorriu, com o rosto apoiada em sua mão, sobre seu cotovelo dobrado, para que fosse mais fácil observar o rosto do ruivo. Ela não tinha a certeza, e tinha vários motivos para não estar bem. Sua confusão interior era agonizante, e mesmo que os dias passassem, não conseguia se acostumar a ela.

"Por causa dele" 

"Ele não fez nada, Kiri" Ele realmente não fez. Tudo o que ela falou não era novidade nenhuma. E se era apenas pelo sexo, não tinha porque estar sempre com ele. Só quando ele estava excitado. Mas parte de si se aliviou. Kirishima entendeu que algo estava errado por causa dele, e talvez parte estivesse, mas nao tudo

"Então você fez, porque algo aqui não tá certo" S/N abriu a boca, quase se fingindo de insultada. Ele gargalhou fraco, mas ainda procurava uma resposta. Sete dias vendo ela assim e não sabendo o que a perturbava o irritava. Ele queria ajudar, sempre quis.

Lost in the Summer (Bakugo x reader) [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora