Capítulo 1

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Uma lição importante que Regina aprendeu ao longo de sua vida é que a única lei absoluta do universo é o equilíbrio em tudo o que existe debaixo do sol. Não existe dia sem noite, bondade sem a maldade, luz sem escuridão e paz sem caos...

E para a paz que buscava, ela sabia que o caos deveria ser sem proporções.

Inclusive para si mesma, quando o preço para o seu final feliz seria viver com um buraco em seu coração, como Rumplestiltskin lhe declarou tão eloquentemente. Mas parecia não importar tanto agora, com uma maldição em suas mãos e o coração partido enquanto seu inimigo celebrava um casamento com seu verdadeiro amor.

Coisa que a criança infeliz tirou dela, quando revelou seu segredo a Cora, resultando em seu amor, tendo seu coração esmagado por sua mãe diante de seus olhos e, poucos dias depois, seu casamento com o maldito rei Leopold.

Mas finalmente Branca de Neve pagaria e ela finalmente teria seu final feliz...

Demorou um pouco para juntar todos os ingredientes necessários e lançar a maldição as custas do coração de seu pai covarde, mas Regina conseguiu. Enquanto viajava para o castelo da Branca de Neve com a onda de devastação atrás de si, parecendo tão régia e exultante apesar do preço que sua alma estava pagando por todo aquele caos, ela sentiu que talvez dessa vez ela realmente ganharia, mas quando ela finalmente encontrou seu inimigo segurando seu amor verdadeiro sangrando contra o peito, ela teve absoluta certeza, ao ver Branca de Neve quebrada além do reparo.

— Por que você fez isso, Regina? — Snow perguntou parecendo miserável de seu lugar no chão com a camisola branca que usava coberta pelo sangue do marido.

— Porque, minha querida... — ela disse se abaixando para ficar na altura de seus olhos. — Você tirou meu final feliz, eu achei justo tirar o seu também.

Ela observou o medo finalmente surgir naqueles olhos verdes com a constatação de que sim, ela havia sido derrotada pela Rainha Má a custo de seu marido e filho recém-nascido.

Regina poderia ter se preocupado com a criança, mas esse não era um pecado dela e sim da tão bondosa Snow e seu Príncipe Encantado, que tomaram a decisão consciente de colocar seu bebê incapaz e indefeso dentro de um guarda-roupa e mandá-lo para sabe-se Deus onde, sem ninguém para cuidar da criança, que provavelmente não sobreviveria. Mas essa não era seu problema, de qualquer modo, não quando ela assistia a nuvem roxa e negra da maldição os alcançar e lindamente rodopiar ao redor deles...

[...]

Ela acordou abruptamente, reconhecendo o mundo estranho em que se encontrava pela primeira vez, que em nada parecia familiar. Seus olhos foram atraídos para a pequena fresta de luz que se projetava entre as cortinas creme, revelando uma manhã calma.

Ela se levantou para lentamente se sentar na cama, com os lençóis brancos sendo tirados de cima dela para revela uma camisola curta e praticamente indecente, ainda receosa de que a maldição tinha realmente funcionado, se aproximou da janela e abriu mais as cortinas para espiar do lado de fora. Parecia uma manhã calma e monótona para as pessoas que ela reconheceu andando pela rua, mas a visão foi o suficiente para Regina sorrir satisfeita.

Realmente funcionou!

— Argh! — se queixou uma voz rouca de algum lugar detrás dela, a assustando. — Deus, Regina! Você vai queimar minhas retinas desse jeito. — ela virou a cabeça em busca da fonte e ofegou surpresa com o que encontrou.

Ali na cama estava deitada de bruços uma mulher completamente nua, com somente um lençol branco a cobrindo da cintura para baixo, tentando enfiar a cabeça coberta por cabelos negros logos e desordenados embaixo do travesseiro enquanto, ao mesmo tempo, tentava cegamente buscar por um relógio na mesa de cabeceira até finalmente o encontrar e gemer audivelmente em descontentamento.

Nem Tudo É O Que PareceOnde histórias criam vida. Descubra agora