Capítulo 2

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Rumplestilstkin estava certo, a maldição veio ao preço de um buraco em seu coração que não importa quanto tempo se passava ainda estava lá. Dezoito anos após abrir os olhos pela primeira vez nessa cidadezinha amaldiçoada, nada era capaz de aplacar esse vazio, nem mesmo Becca, por quem Regina realmente se apaixonou com o passar dos anos ao seu lado, por mais que soubesse que o amor que sua esposa sentia por ela não era nada mais do que a maldição cumprindo seu dever, Regina não conseguiu se manter alheia aos sentimentos da mulher e começou a retribuir o afeto.

Foi inevitável.

A personalidade amaldiçoada de Becca era apaixonante, servindo como muleta para Regina muitas vezes, quando lidar com o presente e as memórias de um passado, agora tão distante, era demais para ela lidar sozinha. Mais do que isso, a presença constante de sua esposa a mudou e muito. Onde antes havia um desejo de vingança cego pela Branca de Neve, agora não era mais que um leve aborrecimento com sua presença ocasional em seu caminho para o trabalho...

Ok.

Talvez ela não dissesse bom dia para aqueles camponeses idiotas todos os dias, ou sorrisse sem sentido pela vida como se tudo estivesse bem, mas com Regina tinha certeza de que não era mais má, e tudo isso era graça a mulher deitada de conchinha com ela na cama.

— Becca?

— Hum? — Regina escutou seu murmúrio e se arrepiou com a respiração dela batendo em seu pescoço.

— Eu preciso te dizer algo muito importante. — declarou baixinho, não querendo alterar a calmaria daquela madrugada fria, mas ainda reconfortante.

— O que é?

— Um dia, tudo isso vai acabar e você não vai acreditar mais em mim. — ela começou a explicar com a voz um pouco trêmula. — Você vai pensar que tudo o que nós passamos não foi real e que eu menti para você ao longo de toda a nossa jornada, que te enganei, mas Becca... Eu te amo. Não importa o que aconteça, você tem que saber que para mim tudo foi real e que a sua presença é a única coisa que me ajuda a suporta a escuridão.

— Sério? — veio a pergunta tímida da morena. — Eu nunca duvidei dos seus sentimentos por mim, mas é bom saber disso. Eu sei o quanto é difícil para você expressar o que sente. Obrigada por dizer, meu amor. — ela deu um beijo em seu ombro e mais uma vez Regina se arrepiou. — Você já deve estar cansada de me ouvir dizendo isso, mas eu te amo tanto, que sinto em meus ossos, a necessidade constante de estar com você, de te satisfazer em todos os seus desejos, de adorar seu corpo com o deleite que ele merece, de te amar com todo o meu ser... — Regina limpou uma lágrima solitária que rolou com a fala dela. — De te dedicar todos os meus dias e tentar com tudo em meu poder te fazer a mulher mais feliz que esse mundo já viu. — Regina se aconchegou mais nela, suspirando em contentamento e sentiu o aperto dos braços dela em sua cintura aumentar.

Becca era seu equilíbrio no meio da escuridão e da dor em seu coração, que não importa o que ela fizesse, não conseguia escapar de seu alcance.

[...]

— O que você acha de termos um filho? — Regina perguntou suavemente um dia depois do café da manhã, enquanto lavava os pratos e olhou para trás por cima do ombro para encontrar sua linda e jovem esposa, lhe olhando com um sorriso deslumbrante, que fez o coração dela errar uma batida.

— Eu acho que essa é uma ideia maravilhosa, meu amor. — Becca respondeu extasiada e veio lhe abraçar por trás. — Eu sempre sonhei em ter uma família com você.

— Amanhã mesmo entrarei em contato com o Sr. Gold... — ela sentiu sua esposa tencionar. — O que foi?

— Eu não confio nesse homem. — ela disse com uma leve carranca.

Nem Tudo É O Que PareceOnde histórias criam vida. Descubra agora