Capítulo 5

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Três meses haviam se passado desde que um dos membros da família Mills se ausentou abruptamente de suas vidas e nunca mais voltou. Storybrooke não era uma cidade muito grande e algum deles sempre acabava encontrando Henry, com um membro do clã encantado a reboque, pela cidade, principalmente Daniel já que ambos estudavam na mesma escola, mas por um pedido dele, Regina e Becca conseguiram mudá-lo de sala e agora eles não eram mais da mesma turma e Daniel não frequentava nenhuma aula da Branca de Neve. Depois do dia em que Emma quebrou a maldição, diferente delas que ainda tentavam falar com seu filho rebelde, Daniel passou a viver como se seu gêmeo não existisse.

Elas não poderiam exatamente repreendê-lo por isso, por que era como ele se sentia e tinha o direito de sentir o que quiser, assim como as duas estavam respeitando a vontade de Henry.

Era o final da tarde e Becca, que decidiu continuar escondendo sua verdadeira identidade, havia acabado de sair de casa, depois de um dia de descanso bem-merecido, por conta do plantão que havia terminado no início da manhã, e foi em busca de sua esposa na prefeitura, que estava pronta para encerrar o dia de trabalho, quando ela chegou. De lá, as duas foram caminhando em direção ao Restaurante da Vovó, onde Daniel já as esperava, por ter passado o dia com Ruby. Mas no meio do caminho elas avistaram Henry sentado sozinho, em uma praça e não podiam perder a oportunidade de tentar falar com ele, sem a presença da família encantada por perto.

— Henry. — Regina o chamou suavemente e ela sentiu seu coração apertar em seu peito quando ele olhou para elas brevemente antes de voltar a encarar o nada, claramente mostrando que sua presença não era apreciada.

— Regina, Becca. — ele disse seus nomes simplesmente assim, desprovido de qualquer emoção.

Seus nomes. 

Regina e Becca. 

Não mamãe e mamá, como elas ouviram desde que ele e seu gêmeo começaram a falar.

Mas elas não poderiam recuar agora, não quando essa era a primeira oportunidade de falar com seu filho que elas tiveram em três meses.

— Nós sentimos sua falta, Henry. — Becca falou tentando atrair sua atenção sem sucesso. — Você não fala com a gente mais, e mesmo depois de três meses, nós estamos paradas bem aqui, e você nem se dá ao trabalho de nos olhar. — sua voz saiu mais quebrada do que ela esperava no final da sentença.

Mas foi o suficiente para fazê-lo levantar a cabeça, com a postura tensionada e ficou alternando o olhar entre elas por alguns instantes e tanto Regina quanto Becca recuaram lentamente com a raiva e ressentimento refletido em seus olhos, onde um dia elas sempre encontravam amor e admiração.

— Pronto. Satisfeitas? — a mordida em seu tom machucou ainda mais as duas mulheres. — Isso foi o suficiente para vocês duas me deixarem em paz, por que se ainda não ficou claro, eu não quero vocês aqui.

— Você não pode estar falando sério, Henry. — Regina tentou contestar. — Nós somos suas mães...

— Não, vocês não são. — ele refutou fortemente a interrompendo. — Vocês são somente a Rainha Má e uma bruxa malvada desconhecida. Eu só tenho uma mãe e o nome dela é Emma Swan e ela é quem eu amo. Não vocês, eu nunca amei vocês. — por um momento ele pareceu tão surpreso quanto elas com suas palavras, mas no instante seguinte ele continuou com seu ataque. — Eu sempre soube quem vocês eram de verdade, mas mantive o fingimento para que vocês não me matassem antes que eu conseguisse trazer a Salvadora para quebrar a maldição. — respirou profundamente. — Eu odeio vocês. Então parem de dizer que me amam por que eu não me importo!

— Henry... — Becca começou pronta para repreendê-lo, mas não teve chance.

— Eu não quero ver nenhum de vocês nunca mais. Então se vocês ou aquele meu ex-irmão traidor, passar por mim novamente, não se dê ao trabalho de me incomodar.

Regina não aguentou mais a dor em seu peito e se virou enfiando o rosto no peito de sua esposa, tentando ao máximo se controlar para não desmoronar ali mesmo no meio da rua, na frente dos presentes no parque.

— Essa é a sua vontade? — Becca perguntou ainda mantendo a postura, tendo evidenciado sua dor somente em seus olhos expressivos.

— Sim. — ele respondeu a desafiando.

— Bom, então será feito de acordo com o seu desejo. — ela falou e se virou com Regina ainda em seus braços. — Vamos buscar Daniel e depois ir para casa descansar, meu amor, que amanhã nós temos muito o que fazer. — ela olhou por cima dor ombro uma última vez para a criança que um dia foi seu filho. — Adeus, Henry.

[...]

As mulheres e o menino atingiram o seu limite!

Durante três meses, elas e Daniel vem recebendo constantes ataques das pessoas dessa cidade, como se eles fossem muito bons e santos ao ponto de nunca terem cometido um único erro na vida. As crianças na escola, quando não estavam isolando seu filho, estavam cometendo bullying com ele, sendo assistido por todos os adultos ao seu redor que aparentemente consideravam perfeitamente normal um garoto sendo atacado constantemente por seus colegas, somente por ser filho de quem era. As pessoas também estavam, uma atrás da outra, recusando serem tratadas diretamente por Becca no hospital, e em três meses, ela só realizou duas cirurgias simples. Elas também não poderiam deixar de lembrar do fato de Regina estar recebendo todos os dias, ameaças e pedidos dos cidadãos para que ela deixasse seu cargo na prefeitura.

Eles estavam cansados, quando os três enceraram a noite, fizeram sua higiene e se arrastaram para a cama do quarto principal, com ambas as mulheres sentido todo o peso da dor que seu encontro com Henry causou aos seus corações e as decisões que somente com um olhar entre elas, as duas entraram em consenso sobre o que fazer a seguir.

— Nós vamos realmente fazer isso? — Becca vocalizou o que se passava em seus pensamentos.

— Fazer o quê? — Daniel perguntou confuso.

— Daniel, você quer ir embora de Storybrooke? — Regina perguntou e pode ver seu filho suspirar parecendo aliviado?

— Eu pensei que vocês nunca fariam isso, por causa do Henry.

— Henry fez sua escolha. — Becca disse séria. — Depois do nosso encontro de hoje, não resta dúvida para ninguém com quem ele quer ficar e vamos o libertar.

— É claro que desejo deixar essa cidade cheia de hipócritas. — o garoto falou seguro. — Nós temos a chance de começar de novo em outro lugar, do jeito certo dessa vez.

— Então está decidido. Amanhã mesmo nós começamos a cuidar de tudo para a nossa mudança. — Regina concluiu começando a sentir aquele frio gostoso na barriga com o que esse novo desenvolvimento poderia significar para seu futuro.

Mas antes disso, a família Mills precisava amarrar algumas pontas soltas.

E a primeira delas...

Henry.

Nem Tudo É O Que PareceOnde histórias criam vida. Descubra agora