Capítulo Seis - Lástimas de Amor

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Os anos se passaram e por três anos nós fomos amantes. Era um segredo nosso, apenas nosso. Nunca deixamos escapar pra ninguém, ninguém sabia que existia algo entre nós além do escritório, sempre mantivemos a discrição máxima. Mas, apesar de nunca termos rotulado nossa relação, eu sabia que ele era fiel a mim e só dormia comigo assim como eu só dormia com ele.

— Um brinde aos lucros do dia de hoje. — toquei minha taça na dele.

— Um brinde a você que é a responsável por esses lucros. — Emanuel disse, se aproximando.

Seu beijo ainda parecia um beijo novo pra mim, me despertava com a mesma intensidade de quando eu tinha vinte anos.

— Que tal um banho de banheira? — sugeri afável, interrompendo o beijo.

— Agora? — riu surpreso — Já são duas da manhã.

— Tá cansado? — perguntei olhando nos seus olhos, o provocando.

— Jamais. — disse divertido.

Sorri aberto e deixei a taça em cima da mesa de cabeceira, me despindo na sua frente enquanto ele assistia hipnotizado e indo pro banheiro. Entrei na banheira ainda seca e abri a torneira, deixando que ela enchesse comigo dentro.

— Não vai esperar encher? — perguntou tirando sua camisa.

— Não. — agarrei a barra da sua calça, o puxando pra perto de mim enquanto mordia o lábio inferior sorrindo, explícita enquanto à minha intenção.

Seu sorriso safado previu o que eu faria. Sua mão desceu pra minha cabeça, massageando-a e agarrando com brutalidade meu cabelo, me fazendo arrepiar e ansiar ainda mais pelo momento que todo dia acontecia mas que parecia algo inédito pra mim sempre que eu estava prestes a fazer. Sentir o seu gosto me revigorava de uma forma indescritível e quando eu o sentia desfazer na minha boca, parecia que meus problemas não existiam mais. Nunca aproveitávamos a água da banheira de fato, a banheira era só um pretexto pra ficarmos nus e transarmos dentro dela deliberadamente.
A nossa relação nunca desandou. Nunca discutimos, sempre estávamos bem um com o outro e eu não sentia inseguranças ao seu lado, creio eu que por causa da nomenclatura que nunca existiu pra nós. Não éramos nada além de patroa e empregado, os serviços sexuais que ele me prestava ficavam à parte e isso selava e fortalecia a cada dia mais nossa relação. Mas sei lá, apesar de eu não querer namorar ou casar com ele, eu sentia que eu devia ser honesta. Acima de tudo ele era meu melhor amigo, éramos confidentes um do outro. Os segredos mais secretos e sagrados dele, eu sabia de cor. Ele achava que sabia os meus também, mais o maior dos meus segredos ele nem sonhava que existia.
Passei noites em claro decidindo se eu deveria contar pra ele ou não sobre o Marcos, repensei milhares de vezes, pus na balança tudo o que havia ocorrido e no fim achei que ele me entenderia. Supri essa vontade de pôr tudo pra fora de uma vez por todas por muitos meses. Guardei isso comigo até um dia em que estávamos no meu quarto, descansando e bebendo pós sexo igual sempre fazíamos, jogando conversa fora e trocando palavras de amor que não queríamos rotular, só queríamos dizer livremente, sem medo da responsabilidade que elas traziam.

— Não, repete! — disse rindo, me agarrando e me puxando pra ele divertidamente.

— Foi sem querer! — me defendi, rindo com suas cócegas — Para! — gargalhava sem ar.

Era o melhor momento entre nós, disparado. Eu amava transar com ele, amava o sentir dentro de mim, isso era fato, mas eu amava ainda mais aquele nosso momento a sós de brincadeiras bobas e gostosas. Era o ápice da nossa intimidade pra mim, ultrapassava a nossa nudez.

— Só paro se você repetir! — continuou a me fazer cócegas.

— Não faz isso! — disse gargalhando, tentando tirar suas mãos de mim.

Dois AmoresOnde histórias criam vida. Descubra agora