Capítulo Sete - Dois Amores Fazem Chorar

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Minhas pernas tremiam como vara verde, minha respiração descompassou e eu senti minhas vistas escurecerem. Me apoiei na mesa com medo de desmaiar, ficando cada vez mais ofegante, trêmula e fraca.
Ele se levantou da cadeira e deu a volta na mesa, se escorando na ponta dela enquanto me olhava de cima pra baixo, com desdém, mostrando superioridade.

— Que foi? Tá passando mal? — zombou, sorrindo maroto — Toma a água. — pegou o copo, me dando.

— Você tá vivo... — ignorei a água completamente enquanto o olhava, a minha voz mal saiu.

— Diferente do Marcos, sim. — devolveu o copo à mesa, cruzando os braços, sério — Que que você quer aqui?

— Por que você sumiu? — minhas lágrimas rolaram involuntariamente, minha garganta ardeu.

— Tá com amnésia? — foi ríspido — Como um bom funcionário que eu era, só fiz o que você mandou.

Me levantei da cadeira, guardando a navalha na bolsa, ficando na sua altura e o vendo de perto. Meus olhos não me permitiam o ver com nitidez, ele estava embaçado, mas eu conseguia vê-lo mesmo assim. Ele não tinha mudado nada, estava igual. Sua barba, seus olhos, sua boca... Sem aviso prévio, eu o agarrei e o apertei nos meus braços com toda a minha força enquanto chorava de alívio, dor e remorso. Não sei o que aconteceu comigo, mas toda raiva e rancor que eu sentia dele evaporaram quando eu o vi. Eu estava anos sem ter notícias do Emanuel, não consegui guardar a raiva daquela nossa discussão, não tinha nem porquê. Ele foi duro com as palavras, sim, mas ele não era louco. Ele teve os seus motivos.

— Que saudade. — disse chorando, o sentindo e afundando meu rosto em seu pescoço.

O cheiro dele havia mudado e não era do perfume que eu estava falando. O Emanuel sempre foi um homem pra mim, mas seu cheiro ficou ainda mais masculino. Agora ele cheirava à responsabilidades, deveres e seriedade, coisa que ele não exalava antes.
A melhor coisa foi ter tocado nele, me relaxou sentir sua carne na minha. Mas em vez de me abraçar de volta, ele me tirou dele como se eu fosse uma completa estranha, como se nunca tivéssemos tido nenhum tipo de contato.

— Não encosta em mim de novo. — disse firme.

— Emanuel...

— Para de falar o meu nome! Para de falar! — disse irritado — Tá com saudade de quê? De me usar? De ser uma duas caras? É disso que você tá com saudade?

— Para de falar isso. — pedi com a voz embargada — Emanuel, eu fiquei meses te procurando. Eu fiquei maluca tentando te achar, eu morri de preocupação...

— Você preocupada comigo? — me interrompeu, perguntando sarcástico — Naquela sua fala você não parecia se importar.

— Eu falei aquelas coisas porque eu estava com raiv...

— Ai, a raiva! — me interrompeu, rindo — Sempre a bendita da raiva! A raiva te fez dizer que me odiava, que me usava, que não se importava comigo, que não íamos dar certo porque eu era um fodido de dinheiro. A raiva te fez esfaquear o Marcos até a morte... — disse maneando a cabeça negativamente — É tão difícil pra você assumir suas vontades? Para de pôr culpa na raiva, a culpa foi só sua. Você falou porque quis! Você matou porque quis! Você é uma filha de uma puta porque você quer! — gritou raivoso.

— Para de me fazer de louca! — gritei — Eu não sou! Você lembra do que você me disse?! Você lembra?! Eu não falei aquelas coisas à toa, eu falei porque você me fez falar! — dei ênfase à palavra "você" — Eu matei o Marcos porque ele me traiu!

— Então por que você tá achando ruim a minha reação? — ironizou — Elisandra, você tá justificando suas reações com base em coisas que te fizeram, eu tô fazendo igual a você. — disse calmo — Você me cansa, Elisandra. — foi impassível — Deixa eu adivinhar. Veio aqui pra me ameaçar e me forçar a fechar meu negócio, imagino. Achou que fosse encontrar um velho à beira da morte fácil de matar, né? — riu.

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