Silêncio

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Tudo doía.
O coração já não batia,
Sobrevivia.
De todos corria
Mas dela não saia a agonia.
Tudo e todos a calma lhe consumia.

Estava lá novamente.
Lá ela se escondia,
Não chorava nem ria.

Por mais que escondida estivesse,
Todas as pessoas a viam.

Em sua mente,
Lá, era onde se escondia.

No meio de tudo e de todos, fugia.
Na escola,
Na rua,
Em casa...

Para todos sorria
E para todos ela estava bem.

Em si perguntava,
Ninguém repara?
Ou sou ótima em atuar?

As lágrimas queriam descer,
Tudo a perturbava,
Todos a depressiavam.

Ela queria se cortar.

Talvez isso aliviase,
Quem sabe?

Era dia,
E em um momento onde nada se via.
E na sala só havia um tédio
Uma vazia distração

Eis o momento perfeito.

Ahhh aquela agonia...
Seus dedos apertavam o estilete.

Ela repetidamente empurrava
Para cima e para baixo,
A lâmina aparecia e sumia.
Foi assim por poucos momentos.

Ela olhava ao redor,
E na sala só havia
Pessoas que se distraiam
Nada eles viam.

Devagar, pressionou a pequena ponta do estilete em seu braço. Ela já não mais via sentido naquilo.

Seu coração estava calmo, mas sua mente latejava, olhou novamente para os lados

Mas ninguém, nada via.

Lentamente ela pressionava mais a ponta do estilete contra pulso.

De novo aquela agonia.

Pensando parou, mas rapidamente repetiu em outro lugar em seu pulso.

E ninguém nada via.

Por final, fizera isso três vezes, e duas vezes passou lentamente, quase levemente, o estilete no pulso.

Até que abisteu-se... por mais que quisesse e necessitasse, ali não, agora não, não.

Cansada estava daquele sentimento.

Guardou o estilete, seus olhos brilhavam e seu coração gritava.

Tudo ainda doía demais.
Todos ainda a entristeciam demais.

Olhou para os lados com uma mente perturbada, e se obrigou a sorri quando viu o par conhecido de olhos que a encarava.

E mais uma vez,
Nada se ouvia,
Nada se sentia,
Nada se sabia
E nada se via.

De novo aquela agonia. Nada rápido se passava, tudo e todos sua paz tirava.

Para as dores que hoje me tomam.

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