"Adios!"

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Cleo estacionou o carro na frente da igreja. Havia outro carro na frente dela, saíram duas pessoas de dentro dele e eu as reconheci. Desceram do veículo, Thomas e Jessy. Imediatamente eu tive um pequeno surto, bati a mão no trinco da porta e sai do carro rapidamente. Eu gritei:

- Jessy! - Ela olhou pra mim por alguns segundos e só depois abriu um sorriso de alívio.

- S/N... - Eu corri e dei um abraço bem forte nela, a mesma retribuiu.

- Jessy, eu sinto muito, muito mesmo... - Meu peito queimava de dor, de remorso e um sentimento de culpa e impotência.

- S/N, não precisa se desculpar... - Jessy se afastou um pouco, pegou em minha mão e olhou no fundo dos meus olhos - Eu estou tão feliz em te ver, então por favor, não fala esse tipo de coisa e não se culpe.

- Mas... Jessy...

- Ei, S/N... Não é culpa sua. - Jessy deu um sorriso leve, mas eu podia ver em seus olhos uma dor reprimida. Mas a Jessy é a Jessy, sempre tentando ser positiva em qualquer situação.

Olhei para o Thomas que estava do lado. Ele estava de cabeça baixa, mas pude ver algumas olheiras profundas e aparentes em seu rosto.

- Oi, Thomas. - O cumprimentei de maneira séria.

- S/N, fico feliz que tenha vindo. - Thomas me olhou, mas ao contrário dos outros, não me recepcionou com entusiasmo.

- A gente pode conversar depois? - Pedi.

- Claro. - Thomas forçou um sorriso.

Nesse meio tempo a Cleo e o Dan já tinham saído do carro. Entramos na igreja em silêncio, todos juntos e algumas das pessoas ficaram nos olhando de canto. O grupinho mais polêmico de Duskwood estava reunido, não completo, mas reunido. A Lilly não veio pois estava cuidando da Hannah, então só ficou nós cinco ali, todos juntos. No altar da igreja estava uma coroa de flores brancas, bem grande e com uma foto do Richy no meio. Em uma mesa pequena estava um vaso de porcela, muito bonito e chamativo. Era lá que estava as cinzas do Richy. Nos sentamos nos bancos da frente, um do lado do outro e o padre começou a cerimônia.

Thomas pediu licença no meio da cerimônia, saiu e demorou um tempo para chegar. Enquanto isso, fiquei observando cada reação do grupo. Todos estavam mal, era nítido isso. Até que olhei para o pai do Richy, ele não chorava e nem sequer olhava para onde estava as cinzas do filho. Ele se manteve indiferente a qualquer pessoa que estava ali, gostaria de saber o que se passava na cabeça desse ser humano. O padre parou de dar o seu sermão e começaram as despedidas oficiais. Amigos, parentes e pessoas próximas, chegavam perto do altar e deixavam flores ao Richy. Muitos choravam, outros só ficaram olhando.

Enquanto eu ajudava a Jessy a se levantar do banco, Thomas apareceu novamente. Ele passou por nós com o boné do Richy, que ainda estava ensanguentado. O mesmo boné que ele deixou de prova, depois de forjar sua própria morte. Thomas se aproximou do altar e deixou o boné dele bem do lado de suas cinzas, disse algumas palavras e saiu da igreja sem se despedir de nós. Peguei na mão da Jessy e a segurei forte, fomos até o altar, não aguentamos ver o boné e a foto do Richy ali. Choramos juntas, uma do lado da outra, como se ambas sentissem a mesma dor e a mesma culpa. Dan também se aproximou, mas se manteve em silêncio e com o semblante sério, Cleo também se manteve firme o tempo todo. Jessy colocou a mão na foto do Richy e disse alguma coisa bem baixinho, algo que não consegui compreender e depois se afastou. Cheguei perto da foto dele e disse:

- Por Deus, Richy... Não consigo entender o por quê você fez isso. Mesmo assim, depois de tudo, eu não consigo te odiar - Uma última lágrima caiu em meu rosto - Seu mecânico burro, eu vou sentir saudades.

Como eu queria ter o conhecido, como eu queria ter salvo ele naquela mina. Eu cogitei a proposta do "homem sem rosto" de ir até a mina, mas eu fui covarde. Fiquei com medo dele, medo de ser morta e de ser enganada por ele. Quando na verdade, deixei a responsabilidade na mão do Jake e nunca vou conseguir me perdoar por isso. Se eu fosse até lá, com toda certeza o convenceria de se entregar e talvez ele não tivesse morrido. Ao mesmo tempo, pensei em como ele ficaria? Como ele conseguiria viver com essa culpa em relação ao suicídio da Amy? Eu gostando ou não, eu tinha que aceitar aquela situação.

Ficamos algumas horas ali, não sai de perto da Jessy nem um segundo se quer. Já era tarde, por volta das cinco e meia. A cerimônia acabou e a Jessy convidou todos para ir a casa dela, para tomar um café. A Cleo levou todos nós até lá, no caminho mandei mensagem para o Thomas, já que ele havia sumido:

S/N: Por que você não ficou com a gente? Eu queria conversar com você.

Thomas: Me desculpa, S/N. Eu não consegui ficar lá, vendo o Richy.

S/N: Não quero te julgar, Thomas... Mas você deveria ter ficado com os seus amigos. Poxa, desde o início você tem complicado as coisas. O mínimo que você deveria ter feito é ficado do nosso lado e principalmente do lado da Jessy.

Thomas: A Jessy vai superar, ela sempre supera. Mas e a Hannah? Ela não tem ninguém a não ser a Lilly e eu.

S/N: Então isso tudo é sobre a Hannah? Não tem nada a ver com a Jessy e o Richy. Francamente, Thomas, você é tão insensível.

Thomas: Ele é o culpado de tudo isso, agora eu tenho que ver a mulher que eu amo se destruindo por dentro e não posso fazer nada. Por favor, me entenda.

S/N: Eu já te disse uma vez e vou repetir.. Acho que criei um monstro. Você tem razão em relação a sua namorada, mas ela também errou. Pense e repense sobre as suas palavras, Thomas. "S/N está offline "


Eu fiquei muito nervosa e com raiva do Thomas, e não era a primeira vez que isso acontecia. Com certeza eu teria bastante tempo para conversar com ele e botar todos os pingos nos I. Estávamos quase chegando a casa da Jessy, quando recebi mais uma mensagem. Era a Lilly:

Lilly: Olá, S/N. Soube pelo Thomas que você finalmente chegou em Duskwood.

S/N: Oi, Lilly. Ele está ai, não é?

Lilly: Sim, ele está. O Thomas não sai de perto da Hannah por muito tempo.

S/N: Como a Hannah está?

Lilly: Ela não está bem, S/N. Mas estamos cuidando dela. Bom, não tive tempo de agradecer você e o Jake por ajudar a trazer a minha irmã de volta. E tem uma caixa endereçada a você aqui em casa. Se você ainda estiver em Duskwood amanhã, me encontre no Rainbow Cafe bem cedo.

S/N: Não precisa me agradecer, Lilly. Quem enviou essa caixa foi o Jake e pode deixar, vou encontrar você lá. E diga para a sua irmã que quando ela estiver melhor, eu quero falar com ela brevemente. Nem que seja por mensagem.

Lilly: Eu entregarei a sua mensagem a ela. Então te vejo amanhã, às oito.

S/N: Combinado. 👋🏻 "S/N está offline "

Chegamos a casa da Jessy todos juntos e um clima de alívio reinou em nossos corações.

(Continua)...

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Duskwood - Depois do AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora