Duskwood - Depois do Amanhã

Tudo é tão Dark

Percebi que estava sentada, com as costas encostadas em algum lugar. Abri os meus olhos bem devagar e uma luz invadiu o meu cérebro, me dando muito enjôo. Olhei em volta, ainda apertando os olhos para enxergar, vi que estava em um quarto peculiar. Depois, uma figura desagradável se aproximou de mim:

- Você acordou, filha? Isso é bom. - Era o meu pai, sentado na minha frente.

- Onde eu estou? - Falei baixinho, um pouco grogue.

- Olhe ao seu redor, não reconhece? É o seu quarto, querida. Nossa casa.

Olhei novamente e finalmente reconheci. Era a casa dos meus pais, eu estava sentada em minha antiga cama e tudo estava no lugar, exatamente do jeito que eu deixei. Caiu a ficha e veio todas as informações de uma vez só na minha cabeça. Eu senti uma vontade imensa de vomitar, cheguei até a tossir:

- Calma, filha. Isso é efeito da droga que eu te dei. Mas, vai passar rapidinho. Quer um copo d'água?

- Por que eu estou presa? - Meus braços estavam amarrados com uma corda e posicionados atrás de mim, nas minhas costas.

- Ora, pra você não fugir. Aliás, não gostei do seu comportamento por isso te deixei aqui de castigo - Meu pai riu e tirou o meu aparelho celular do bolso. Ele deve ter pego quando desmaiei - Já é a milésima vez que ele toca. Vamos ver quem é? - Ele olhou para a tela e depois me mostrou - Ah, é o Jake. Vamos atender?

Eu estava tonta e enjoada, não conseguia fazer muita coisa. Minha vontade era de dar um chute na cara dele, mas naquele momento não tive forças para mais nada. Ele atendeu o celular e ouvimos a voz do Jake do outro lado da linha:

- S/N, você está bem? - A voz dele estava muito ofegante - Me responda, por favor.

- Oi, Jake. Aqui é o seu sogrão. Ela está bem aqui na minha frente, quer falar com ela? - Meu pai sorriu.

- Eu sei bem quem você é, Bernardo Herrero. Se machucar ela eu mesmo acabo com a sua vida! - Jake o ameaçou.

- Você acha mesmo que eu vou machucar a minha própria filha? Não sou um psicopata, Jake. A única coisa que eu quero é o envelope preto que está em sua pose, só isso.

- Você quer essa porcaria? Então me diz onde você está e eu te entregarei. Só não machuque ela, se não a coisa vai ficar feia pro seu lado!

- Jake, não venha! Eles vão matar você! - Com um pouco de força eu consegui falar, mas fui silenciada com um tapa forte no rosto.

- S/N! - Jake gritou.

- Você não é um hacker? Descubra onde eu estou e traga o que eu te pedi. - Olhando nos meus olhos, meu pai jogou o meu celular na parede com tanta força que ele se partiu ao meio - Seu namorado é tão simpático.

Nesse momento alguém bateu na porta e depois entrou. Era um cara alto, com uma cicatriz enorme na bochecha. Seus olhos tinham marcas profundas de expressão e olheiras. Aparentemente ele tinha por volta de uns 45 a 50 anos de idade. Mas ele era muito alto e muito forte. O tal cara se aproximou e disse:

- Você me chamou até aqui, Bernardo e ainda trouxe alguém com você? Achei que nosso acordo era outro.

- Ah, não se preocupe. O seu menino deve estar a caminho e essa é a minha filha a propósito.

- Ela tem a cara da mãe.

- Sim, eu tive sorte ou talvez não. - Meu pai riu.