LUCCA PETROV
Uma janela quebrada, alguns cortes no braço, guardas gritando e correndo e um carro em alta velocidade.
Foi assim que fugi.
Ivan não foi rápido o suficiente, duas ligações, alguns favores trocados e bom... aqui estou eu; sentado em um bar, uma carreira de cocaína, em algum lugar de Chicago.
Minha bolsa com alguns pares de roupa estava jogada ao meu lado no chão, ninguém aqui me reconhecia, eu não conhecia ninguém, não tinha um lugar para ficar e nem mesmo um carro. Meu telefone estava desligado, não podia arriscar ser rastreado pelo Ivan.
- Eita amigo, vai com calma. - O barman disse rindo, me servindo uma dose de vodka sem eu mesmo pedir. - Se tiver dinheiro, tenho alguns doces.
Minha cabeça tonta finalmente reagiu, eu queria isso.
Rindo, o homem mais velho me levou para os fundo e é tudo o que me lembro.
O sol ardia em meu rosto pela manhã, quando abri os olhos, com muita dificuldade e uma dor de cabeça tremenda, vi que estava em um quarto fodido de hotel. As paredes eram amareladas, a tinta branca claramente velha, o carpete vermelho era muito sujo e os lençóis fediam a sexo antigo.
Eu suspirei me levantando, lavei o rosto na pia pequena do banheiro que o quarto fornecia. Sem coragem para tomar um banho pelo azulejo sujo, troquei de roupa, peguei a minha bolsa e saí para a rua.
Não lembro muito como cheguei ao quarto, mas isso estava sendo tão rotineiro que sequer me assustei.
Andar por Chicago era estranho, ninguém me encara com temor, ou se afastavam dois passos para não se esparrar em mim. Aqui ninguém sabia quem eu era e eu esperava que continuasse assim.
Entrei em uma cafeteria agradável, sentei-me no balcão, deitando sobre o balcão com um longo suspiro.
- O que gostaria de pedir, senhor? - a voz doce me chamou, sequer tive coragem de me levantar para me agraciar com seu rosto angelical.
Era estranho o "senhor" não vir acompanhado pelo meu sobrenome.
- Café, puro e sem açúcar. - minha voz saiu arrastada e rouca.
- Ressaca? - a doce voz riu
- Sim. - eu respondi seco, entendo meu tom, ela se afastou em silêncio e foi preparar meu café.
A mulher era gentil, bonita pelo que analisei e angelical, mas não era negra, com cachos volumosos e uma personalidade impagável. Não era Yennifer.
Quando o dia escureceu novamente, eu consegui encontrar um quarto para passar a noite melhor do que o anterior, tomei um banho quente e longo e depois me arrumei para sair.
Eu andava tranquilamente, seguindo um caminho que não sabia qual era, apenas estava indo até encontrar um lugar bom para passar a noite. A rua estava escura quando ouvi passos apressados, quando me virei só pude ver a sombra de uma mulher ser puxada para trás com força.
Um murmuro alto podia ser ouvido, assim como um choro tentando ser contido.
- Ei! - eu disse alto - Tá tudo bem aí?
- Fica na sua, cara. - A sombra alta do homem gritou na minha direção.
- Solta ela, deixa ela ir - Eu disse me aproximando.
- Tá tudo bem, vai embora... - a voz da mulher era falha, rouca e frágil.
- Solta ela, cara. - Eu me aproximei mais.
O homem não me respondeu começou a andar, me deixando para trás e puxando a mulher com ele. Com raiva eu o agarrei com força e o joguei contra o muro, puxando ele para longe da moça chorosa, não tive tempo de socar seu rosto quando senti uma dor aguda no estômago.
Olhando assustado para baixo, vejo que ele enfiou um canivete na minha barriga, com a mão trêmula ele puxou o objeto metálico de mim e sangue começou a sair da ferida, manchando minha camisa clara.
A sombra me empurrou para longe de si e saiu correndo, assustado. A mulher tropeçou para trás enquanto eu escorregava até o chão, ela também correu.
Eu estava em choque, não esperava que isso fosse acontecer, foi tudo tão rápido que nem reação eu tive para reagir, minha mente estava lenta, talvez eu nem estivesse sóbrio da noite passada.
- Aí merda, você está bem? - uma voz grossa e preocupada correu até mim, a rua era escura demais para decifrar seu rosto.
- Estou, não foi nada. - Eu disse, passando a mão pelo meu estômago, vendo ela se manchar de vermelho, bufando eu comecei a me levantar, não era realmente um corte grande.
- Aí que merda. - Ele repetiu - Qual seu nome?
Eu bufei - Lucca, Lucca Petrov.
Meu sobrenome sempre amedrontava a todos, e depois do que acabei de passar, era o que eu queria.
- Sou Tyler William - Ele diz indiferente ao meu sobrenome, mas pela entoação do seu, espera que eu o reconheça.
- Ah sim... - eu digo como se o reconhecesse, ele arruma sua posto e aposto que está sorrindo - Não faço a mínima ideia de quem você é.
- Da onde você é? - ele me pergunta duvidoso enquanto me ajuda a se levantar.
- Moscou. - digo desconfiado - Petrov - eu repito meu sobrenome.
- Eu entendi, cara. - ele ri - mas não sei quem é. Vem, vamos limpar isso.
YENNIFER MILLER
Eu tinha uma família agora, um pai, uma meia irmã e até uma madrasta. Mas era isso, apesar dos belíssimos carros que eles tinham, eu não podia usar da forma que eu queria.
Eu não corri, desde que saí da Rússia.
As vezes eu me sentia mal por ser tão egoísta, sequer consigo parar de imaginar como seria se eles não fossem tão perfeitos, eles me aceitaram de forma tão bondosa e acolhedora e mesmo assim... eu ainda queria passar minhas madrugadas dirigindo e não assistindo filmes românticos com minha meia irmã.
E ele... droga, eu queria que ele estivesse vindo atrás de mim, que estivesse sofrendo pelo menos um pouco mas eu recebi notícias e ele está festejando como nunca. Lucca Petrov está aproveitando suas madrugadas como nunca antes fez, enquanto eu ainda sinto meu coração doer a cada pequena lembrança.
Não entendo, não consigo entender como me apaixonei em tão pouco tempo, sou uma adolescente idiota.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Driving - Drakon's II
RomanceComo irmão mais novo do notório Ivan Petrov, recém capo da Drakon's, Lucca cresceu cercado de sangue e violência. Após ser iniciado, não demora muito para achar seu lugar na máfia, apostar corrida logo se tornou sua fascinação, recebendo o conhecime...