Filipe conseguia entrar no quarto do rei usando as passagens de serviço. Eles perceberam que os efeitos em Alethea, que tinha tomado o líquido puro, tinham sido mais fortes do que nas outras pessoas que o ingeriram diluído na comida ou bebida. Com o monarca fraco e sonolento, Filipe se esgueirava para o quarto escuro, e oferecia o Male para o pai tomar como se fosse água.
Não estava sendo prazeroso ver o pai sofrer, como ele poderia ter imaginado. Na noite anterior, depois de fazer a visita ao pai, Filipe voltou para o quarto, se jogou na cama e deixou as lágrimas rolarem. Se Thomas soubesse...
Devia existir um limite para a benevolência do irmão, e Thomas nunca teria concordado com o plano. Mas com o pai no trono, Erbrook teria levantado de vez a bandeira para uma guerra que nunca venceria. Não tinham soldados suficientes e Filipe não poderia confiar que as armas modificadas seriam suficientes, se a França ou qualquer outro reino decidisse atacar com força total.
Ele olhou para Alethea do outro lado da sala, mais quieta do que de costume. Thomas definia os últimos detalhes com o conselheiro Ethan, antes de assumir o trono.
- Filipe - o irmão o chamou - você precisa assinar como testemunha.
Ele se empertigou e caminhou com calma até o irmão. Thomas lhe ofereceu a pena com a ponta já molhada na tinta. Filipe passou os olhos pelo documento manuscrito pelo pai anos antes, autorizando a rainha a ser a regente e na falta dela, o príncipe herdeiro Thomas.
- Prontinho. - ele soltou a pena na mesa, observando a própria assinatura.
- Vossa Majestade deve nos dizer quais os próximos passos. - O conselheiro Ethan assoprou a tinta fresca no papel.
- Estive pensando durante toda a noite e acho que devemos seguir com os planos do meu pai. Ele pode recobrar a consciência hoje ou amanhã e creio que não ficaria feliz se eu mexesse no rumo das coisas. Por tanto, manteremos os conselheiros e os outros nobres em seus quartos, enquanto não descobrirmos quem é o espião.
Alethea quase deu um passo para frente. Tinham envenenado metade do palácio, justamente para Thomas não seguir com os planos do rei.
- Eu concordo com essa parte. Mas não acho que seja sábio mandar parte do nosso exército atacar as áreas agrícolas deles. - Filipe escolheu as palavras com cuidado - Thomas, não é hora de seguir os passos de nosso pai. Se você precisa de alguém que o encoraje a agir diferente, muito bem, eu serei essa pessoa.
Thomas encarou o irmão, sua mente envolta de uma neblina. Do dia para noite, tinha recebido a notícia que a amiga estava doente, o pai e metade das pessoas no palácio. Agora tinha que assumir a coroa no momento mais crítico do reino nos últimos vinte anos.
Filipe colocou as mãos sobre os ombros dele.
- Nosso pai foi movido pelo orgulho ferido de ter tido o palácio invadido e de ficar sustentando um acordo desvantajoso com a França por anos. Você pode até herdar muitas coisas do reinado dele, mas não isso. Você precisa ser melhor.
Thomas assentiu, hesitante.
- Preciso de tempo, para pensar no que fazer a seguir.
- Creio que não temos muito tempo, Alteza. - Ethan responde com tristeza.
- Você já tem uma plano. - Alethea deu vários passos até se aproximar dele. - O que você nos contou no outro dia.
Thomas balançou a cabeça em negativo.
- Você mesma disse que não acreditava que daria certo.
Ela pensou nas palavras de Filipe, quando disse:
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O Conselho do Rei
FantasíaPara Alethea se tornar Conselheira do Rei significa mais do que poder, é a chance de alcançar a sonhada independência. Disputando a vaga no Palácio de Erbrook com outros nobres, ela logo descobre que a competição não é nenhum pouco justa, pois algu...