As poderosas - Parte 1

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Foram meses de obra até o antigo casarão ser reformado e adaptado para virar um Spa. Vera e Clara, sócias no empreendimento, acompanharam de perto toda a finalização da reforma e no dia da inauguração, aproveitaram para relaxar no próprio Spa. Entre saunas, massagens e cuidados estéticos, o terraço do casarão possuía uma piscina onde as três aproveitavam para se refrescar.

Digo as Três, pois Vera convidada Alice. Isso por um momento foi motivo de discussão entre as sócias, pois Vera sempre acusava sua sócia de ser "boazinha demais". Apesar do conflito, Clara não demonstrou nenhum incômodo com a convidada naquele momento. Estava distante. Enquanto Vera e Alice aproveitavam a piscina, a loira olhava para fora como se esperasse a chegada de alguém. Vera começava a se comportar como se as duas estivessem sozinhas, abraçando Alice e muitas vezes beijando-a. As mãos de Vera exploravam Alice sob a água, deixando sua amiga constrangida.

— Na frente dela não, Vera. — Sussurrou Alice

— Relaxa, ela não está nem aí. Está preocupada com a pintura do vestiário.

— Mas já não está tudo pronto?

— Praticamente. Falta terminar a pintura no vestiário. Ela quis escolher o pintor a dedo, por isso o serviço atrasou. Coisas da Clara.

As duas continuaram se divertindo na piscina com as investidas de Vera e Alice fingindo não querer nada daquilo. Clara se mantinha atenta à porta de entrada e viu passar por lá um senhor carregando baldes de tinta em direção a uma porta onde na frente permanecia uma placa indicando a interdição temporária do vestiário. O homem foi e voltou mais uma vez sem perceber ser observado por uma das mulheres da piscina. João sabia se portar no trabalho e nunca olhava para onde não fosse suas tarefas, salvo raras exceções.

Após o homem entrar pela última vez, Clara saiu da piscina, deixando suas duas colegas entretidas entre si. Nem notaram sua saída. A loira seguiu em direção ao vestiário, de onde retirou a placa de interdição.

O terraço tinha dois vestiários espaçosos, separados em dois espaços. Um com os chuveiros e sanitários logo na entrada e outro ao fundo onde se situavam os armários. Era uma área pequena a ser pintada. João chegou a duvidar de um trabalho tão pequeno sendo tão bem remunerado e aceitou com uma certa desconfiança. No local, cobriu o chão, protegeu alizares e rodapés e abriu sua escada. Diluiu a tinta e ao iniciar sua primeira demão, ouviu passos. Ao ver uma mulher loira de biquíni preto entrando no espaço, seu coração acelerou, preocupado em ser prejudicado por algum mal-entendido.

— Senhora, os donos interditaram esse vestiário para pintura. Existem outros que podem ser usados.

— Eu sou a dona, não se preocupe. Vim aqui acompanhar o seu trabalho.

João inspirou, profundamente, antes de explicar suas atividades até então, mesmo sendo quase nada. Havia algo intrigante naquela mulher além do fato dela estar vestindo um pequeno biquíni na sua frente. Se sentia na obrigação de olhá-la nos olhos o tempo todo com medo de qualquer vislumbre naquele corpo ser entendido como assédio.

— Senhor João, eu preciso de uma nova pintura neste espaço. O trabalho original não ficou bom.

— Senhora, me desculpe por dizer isso, mas eu não sabia com quem falar antes. Não vejo necessidade em refazer essa pintura. Ela não está ruim a ponto de precisar disso.

Clara olhou para o pintor e olhou as paredes de perto. Em seguida subiu a escada para olhar o teto. Foi quando João teve uma vista privilegiada do quadril de sua contratante. As pernas grossas e o quadril volumoso formaram um conjunto deliciosamente tentador, impossível de não olhar. O biquíni parecia estar sendo engolido por aquelas carnes voluptuosas. Olhar o corpo curvilíneo de sua contratante lhe trouxe uma sensação de já ter visto aquelas formas antes, mas ainda não se lembrava de quando.

Contos do bairro Velho 04Onde histórias criam vida. Descubra agora