Você não está só

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Você não está só. 

Jeongguk sabia que Deus era testemunha do quanto ele tentou barganhar com sua mãe sobre uma visita à ela naquele sábado, quando tudo o que ele queria era ficar em casa, pesquisando lugares para morar, e sites que fossem confiáveis, para anunciar a venda de seus móveis, e algumas coisas que não iriam com ele na mudança, mas foi impossível, no fim das contas. Jeon Jihye era uma mulher irredutível, e como Jeon Hajun assumia um papel passivo, junto da esposa, o que ela falava era lei, dentro de casa. E Junghyun e seu cunhado, Dohyun, estariam lá com Jihoon, então ele não tinha saída. E bom, lá estava ele, com o carro parado em frente à casa dos pais, de maneira silenciosa. Ele podia ter ido de transporte público, dessa forma, usaria a desculpa do "último trem" para fugir daquele lugar o quanto antes, mas não conseguia fugir do conforto do belíssimo Hyundai ix35 de cor branca, que ele havia comprado. Aquele carro era seu maior companheiro, afinal de contas. Na primeira consulta com Seokjin, ele acabou receitando alguns medicamentos básicos, e Jeongguk já estava tomando algumas coisas. Naquele sábado, em específico, ele havia tomado medicamentos contra os enjoos, já que havia sido convidado para o almoço. As idas de Seul para Busan costumavam ser viagens, e como ele não estava afim de passar mal na estrada, ao retornar, tentou se precaver.

— Vamos lá, cara, você não pode se esconder aqui para sempre. — sussurrou para si mesmo, e depois de respirar fundo algumas vezes, saiu do carro, fechando-o e acionando o alarme.

Ele estava usando uma calça jeans escura e bem justa, com uma camisa oversized na cor preta, um tênis branco nos pés e um óculos de sol, escondendo as olheiras. O visual de Seul havia se impregnado nele por completo, era gritante a diferença de estilo do professor de biologia da capital para com o ômega sonhador que deixou a cidade litorânea. Talvez seu estilo tenha assustado seu pai, no momento em que ele tocou a campainha da casa simples e confortável. Ele não se parecia com Jeongguk por completo, já que tinha olhos menores, mais puxados e escuros do que os do filho mais novo. Os cabelos pretos já despontavam com alguns fios grisalhos, e aparência cansada acabava fazendo-o parecer mais velho de que sua idade, de sessenta anos. Ele havia se tornado pai aos trinta e um, quando Jihye tinha trinta anos de idade, e Junghyun, como o primogênito, veio como um alfa imponente. Já ele, havia nascido quando o pai tinha trinta e seis anos, e a mãe tinha trinta e cinco, sendo um ômega. Como filho de pais mais velhos, ele devia se acostumar com a criação mais tradicional, e a mente menos aberta que eles tinham, mas no fim das contas, não conseguiu se adaptar.

— Pai.

— Jeongguk-ah, é você. — ele puxou o filho para um abraço com um sorriso no rosto, deixando alguns tapinhas nos ombros dele. — Como vai? Entre, entre.

Jeongguk forçou um sorriso a sair, antes de pedir licença e entrar na casa, deixando o tênis que usava na entrada. Seu coração estava apertado. Estar em um lugar onde você não é bem-vindo é doloroso, sufocante, e ele se sentia exatamente daquela maneira. Como um homem pansexual, ele esperou receber apoio familiar, quando se descobriu, acerca de sua sexualidade, mas tudo o que encontrou foram espinhos, e um singelo "em breve você encontrará uma alfa, que irá saciar sua carência, e tudo irá melhorar", que o matou por dentro, como se toda sua existência fosse resumida ao gênero lupino e a uma suposta carência atrelada ao gênero. Jihoon estava correndo pela sala, e acabou correndo em direção ao tio assim que o viu, completamente apaixonado pelo ômega, que sua curta memória infantil o permitia lembrar em momentos de muita felicidade. Ele tinha cinco aninhos, e era um beta saudável e lindo, que não parecia com o irmão de Jeongguk, mas sim com Dohyun, principalmente na pele naturalmente bronzeada, completamente diferente do tom pálido dos Jeon, e nos cabelos grandinhos.

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