CAPÍTULO 1

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Livros, livros e mais livros. Ao terminar suas compras escolares, Draco questionava sua decisão de voltar para Hogwarts. Os olhares que recebeu no Beco Diagonal não seriam nada comparado aos que ele receberia na escola.

Após o fim da guerra, Minerva McGonagall decretara que todos os alunos que quisessem, poderiam repetir de ano, considerando que o ensino do ano anterior fora prejudicado pela guerra.

"Melhore essa cara, querido. Se queremos recuperar a nossa imagem, precisamos ser vistos felizes e em atividades normais." Disse Narcisa que caminhava ao seu lado.

"Ah claro, um Comensal da Morte e sua mãe passeiam pelas ruas. Que imagem inspiradora." Zombou Draco.

"Não seja tão duro consigo mesmo, Draco." Advertiu sua mãe.

"Só estou sendo realista, mãe. Você não conseguirá apagar nosso passado do dia pra noite." Disse Draco. "Na verdade, enquanto Lúcio estiver foragido, nossa imagem permanecerá na lama."

"Lúcio vai sumir do mapa, ele me prometeu." Disse Narcisa e Draco quase riu.

"Eu não confiaria nas promessas daquele homem." Falou ele.

"Aquele homem é seu pai, Draco." Disse Narcisa. Ao contrário da maioria dos casamentos puro-sangue, o casamento de seus pais fora por amor. Apesar de todo o ressentimento que sua mãe sentia de seu pai, alguma parte dela ainda o amava.

"Aquele homem arruinou nossas vidas." Disse Draco em resposta.

Narcisa lançou a ele um olhar duro, mas não o respondeu, sabia que ele estava certo.

"Vamos aparatar em casa." Disse ela simplesmente.

"Vá na frente, tenho algo a fazer." Falou Draco.

"Quando você chega em casa?" Perguntou Narcisa preocupada.

"Amanhã de manhã." Respondeu ele.

Narcisa o olhou desconfiada, mas aparatou, já estava acostumada com Draco passando a maior parte de seu tempo fora de casa.

Draco foi até o Caldeirão Furado, onde se serviu de uma dose de whisky de fogo antes de subir até o quarto que estava alugando. Estar na Mansão Malfoy era insuportável, Voldemort impregnara o local com lembranças sombrias. Estar lá sugava todas as energias de Draco, era como estar na presença de um dementador.

Andando em um dos corredores, Draco ouviu um barulho estranho, algo semelhante a um soluço. Ele caminhou em direção ao som com curiosidade, mas ao virar em outro corredor, foi surpreendido.

"Petrificus totalus." Disse uma voz feminina que ele conhecia muito bem. Antes que pudesse fazer algo, Draco sentiu seu corpo paralizar e tombar no chão.

Hermione Granger o olhou por cima e, em seguida, arrancou a varinha de seu bolso.

"Finite incantatem." Murmurou ela sem baixar sua varinha nem por um segundo.

"Que merda é essa, Granger?" Perguntou Draco se levantando do chão. Aquela garota estava completamente maluca?

"Fique quieto." Ordenou ela apontando a varinha para sua cabeça.

"Está ficando louca?" Gritou Draco.

"O que faz aqui?" Perguntou Granger com uma frieza que ele nunca tinha escutado em sua voz.

"Eu é que pergunto. Estava andando tranquilamente quando uma maluca me azarou." Disse Draco.

"Eu perguntei o que faz aqui." Repitiu Hermione.

"Não sei se você sabe, mas muitos bruxos frequentam esse lugar, Granger." Respondeu Draco sarcasmo.

"Este lugar em específico só os bruxos que alugam quartos." Disse Granger.

"Você acabou de responder sua própria pergunta. Ainda dizem que você é a bruxa mais inteligente da sua idade." Zombou Draco.

"Por que você estaria alugando um quarto aqui?" Perguntou Hermione desconfiada.

"Não te devo satisfações da minha vida." Respondeu ele ríspido. Ele pensou em insultá-la de alguma forma, mas mudou de ideia ao ver os olhos vermelhos da garota. Estava chorando provavelmente. "Agora me dê minha varinha e me deixe em paz."

Granger o olhou por um instante antes de entregar a varinha a ele sem baixar a própria.

Draco estava indo em direção ao seu quarto, mas parou, dando voz a uma centelha de curiosidade.

"E você, Granger? O que faz aqui?" Perguntou.

"Não te devo satisfações da minha vida." Respondeu ela.

"Justo." Disse ele se dirigindo ao seu quarto.

Hermione não conseguia dormir. Ela olhava para o teto em uma tentativa falha de colocar seus pensamentos em ordem. Se hospedara no Caldeirão Furado em busca de um pouco de ar, mas ao trombar com Draco Malfoy mais cedo, ela percebera que tinha falhado nisso também. A bruxa não entendia até agora sua reação violenta ao ver o sonserino, só sabia que tinha entrado em pânico ao ser pega chorando. Não gostava nada da ideia de mostrar suas fraquezas a alguém como Draco Malfoy.

Duas semanas mais cedo, ela tinha conseguido recuperar a memória de seus pais. Foi um processo lento e complicado, já que eram trouxas, mas deu tudo certo. O único problema era que depois de saber tudo o que a filha teve que passar, os pais de Hermione ficaram superprotetores e receosos com a magia. Ela entendia, é claro, mas não podia deixar de se sentir sufocada. Por isso sua decisão de passar alguns dias ali, dizendo que passaria uma semana na casa dos Weasley. Ela se sentia mal por deixar seus pais sozinhos depois de tudo, mas não conseguia estar junto deles e, depois de seu término com Rony, não se sentia confortável na casa dos Weasley.

Hermione e Rony tiveram um bom início de namoro, dois meses se recuperando dos acontecimentos da guerra e apoiando um ao outro. Como seus pais ainda não tinham recuperado a memória, ela passou esse tempo na Toca com o namorado. Quando Harry e Rony decidiram não retornar a Hogwarts, Hermione decidiu terminar o namoro, mesmo que aquilo doesse. Ela não conseguiria sustentar um relacionamento a distância. Rony, apesar de protestar no início, acabou concordando com ela. Ele e Harry iniciariam o curso de preparação de aurores e estavam empolgados com isso. O novo Ministro da Magia, Quim Shacklebolt, determinara que qualquer um que participara da Batalha de Hogwarts e não mudara de lado, era qualificado para o treinamento. Hermione, por outro lado, não queria seguir essa carreira, preferia concluir seus N.I.E.Ms e tentar algo no Departamento de Execução de Lei Mágicas.

Quase um mês após o término, Hermione começava a perceber que ela e Rony talvez não fossem certos um para o outro. Ela o amara, mas as vezes na vida amor não basta, é preciso compatibilidade. Mas se Rony não era a pessoa certa para Hermione, ela não conseguia imaginar outra pessoa que poderia ser.

Paradoxo (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora