Paradoxo (Dramione)

CAPÍTULO 21

"Eu terei apenas duas semanas livres. Preciso aproveitá-las da melhor forma possível." Declarou Hermione.

No dia seguinte, embarcaria no Expresso Hogwarts para as férias de Natal. Estava ansiosa em ver seus pais, em ver sua casa. Estava nervosa para ver seus amigos. Estava animada para a festa de Theo.

"E o que pretende fazer?" Perguntou Draco deitado em sua cama com os braços atrás da cabeça.

"Dia 20, vou desembarcar em King Cross e passar o dia com meus pais. Dia 21, passarei com Harry e Rony. Dia 31, a festa de ano novo de Theo." Respondeu Hermione falando rapidamente. Dessa forma, ela passaria doze dias com seus pais.

Ela andava de um lado para o outro em seu quarto, planejando o que exatamente faria em cada um desses dias. 

"O que acha de passarmos um fim de semana juntos?" Sugeriu Draco erguendo as sobrancelhas.

"Fim de semana romântico?" Perguntou ela. A ideia soava maravilhosa, um fim de semana para relaxar e esquecer do mundo. Só Hermione Draco.

"Exatamente." Confirmou Malfoy.

Hermione pensou por um instante, repassando o calendário em sua cabeça. 

"Pode ser nos dias 26 e 27." Sugeriu ela. Seriam os únicos dias que dariam certo.

"Perfeito." Concordou Draco.

"E para onde iríamos?" Perguntou Hermione se sentando na cama.

"Isso será surpresa." Respondeu Malfoy.

"Diga logo, Malfoy. Gosto de me planejar." Disse ela franzindo os lábios.

"Então planeje para que esteja livre dias 26 e 27." Retrucou Draco.

Hermione o fuzilou com os olhos. Aquilo só podia ser brincadeira.

"Draco Malfoy, acho melhor me dizer exatamente o que está se passando na sua cabeça, ou eu vou..."

"Vai fazer o que, Granger?" Perguntou ele com um sorriso travesso. "Confie em mim, você vai gostar."

Hermione o olhou por um instante e sorriu. Ela confiaria nele.

"Tudo bem." Disse por fim, se deitando em seu peito entalhado pelas cicatrizes do sectumsempra. Outra noite, Draco comentara sobre isso, amaldiçoando Harry por tê-lo deixado com cicatrizes irreversíveis. No entanto, ele não comentara sobre a cicatriz apagada e quase imperceptível no seu antebraço esquerdo. Comentaria quando estivesse pronto.

A Marca Negra ainda era um assunto sensível para ele. Por mais que agora fosse apenas uma cicatriz, era algo que Draco sempre lutava para cobrir, para esconder. As vezes, Hermione o flagrava olhando com ódio para o próprio braço. Ela respeitava sua decisão de não falar nada, ela também não falava sobre as próprias cicatrizes.

Se perdendo nas carícias que Draco fazia em seu cabelo, Hermione afastou esses pensamentos. Ela planejaria exatamente o que faria nos próximos dias, mas deixaria aquele fim de semana nas mãos de Draco. Sabia que o que quer que ele estivesse planejando, ela gostaria.

☆

No vagão dos monitores do Expresso Hogwarts, Draco observava Hermione fazer anotar coisas em um bloquinho com sua pena de repetição rápida enquanto falava com Theo. Eles planejavam as rondas dos monitores para as próximas seis semanas. Quando Draco sugeriu que eles fizessem isso depois, teve que ouvir Hermione falar sobre os perigos da procrastinação. 

"Por que faríamos isso depois se temos tempo livre agora? Quando as aulas voltarem novamente, estaremos cheios de aulas e tarefas. Já ter isso feito nos tirará um grande peso das costas." Disse Hermione irritada.

Draco achou melhor não discutir. Quando ela estava daquele jeito, cheia de coisas na cabeça, a melhor coisa que ele poderia fazer era deixá-la falar e por suas ideias para fora.

Apesar de criticá-la por planejar as coisas tão obcessivamente, Draco planejava as palavras e a situação exata que contaria a sua mãe sobre seu namoro. Primeiramente, precisaria sondar Narcisa e descobrir qual era sua opinião sobre os nascidos trouxas. Quando fizera isso meses antes, Narcisa fora muito vaga para que Draco pudesse ter certeza.

O amor de sua mãe por ele superaria o preconceito de sangue? Ele torcia para que sim, mas além disso, torcia para que Narcisa realmente gostasse de Hermione, para que a aceitasse e percebesse a bruxa brilhante que ela era. 

Narcisa Malfoy sempre fora suprematista puro-sangue, apesar de não tão radical quanto Lúcio. Ainda assim, se afastara da própria irmã ela ter se casado com um nascido-trouxa.

Por outro lado, se o próprio Draco fora capaz de mudar, sabia que sua mãe era também. Apesar de tudo, Narcisa era uma boa mulher. Draco acreditava que ela tinha aprendido a lição com a guerra.

Quando o trem parou, ele beijou Hermione em despedida.

"Até semana que vem." Disse ele com as mãos na cintura dela.

"Mal posso esperar." Disse Hermione com um sorriso. 

Ainda com a lembrança dos lábios dela nos seus, Draco seguiu de volta para a Mansão Malfoy.