CAPÍTULO 4

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Dois dias antes do retorno a Hogwarts, Draco estava novamente no Caldeirão Furado bebendo seu whisky de fogo. Ele passara menos tempo ali no último mês, ajudar sua mãe na reforma da mansão distraiu sua mente.

O primeiro cômodo a ser reformado foi a sala de jantar. Narcisa se certificara de que o local ficasse irreconhecível. Isso fazia com que Draco conseguisse fazer suas refeições com mais paz. O local agora estava bem iluminado e decorado com cores claras. Flores estavam espalhadas pelo lugar, dando mais vida a casa. Talvez não fosse a decoração que Draco escolheria, mas aquela já estava boa.

Draco girou o líquido âmbar dentro do copo. Não vira mais Granger ali desde o dia que foram à Travessa do Tranco.

Como se seu pensamento a invocasse, Hermione entrou no pub, parecendo vir da Londres trouxa.

"Granger?" Chamou Draco sem saber o porquê. Tudo o que queria era distância daquela garota.

"Oi, Malfoy." Disse ela e então se dirigou ao balconista. "Uma dose de whisky de fogo, por favor."

"Ainda está alugando um quarto aqui?" Perguntou ele.

"Não que isso seja da sua conta, mas não, não estou." Respondeu Granger franzindo os lábios.

"Ela tem a gentileza de um trasgo." Zombou Draco.

"Igualzinha a você." Disse Hermione e, em seguida, virou sua bebida em um único gole, deixando Draco de olhos arregalados. Ela saiu em direção a Londres trouxa e Draco teve que controlar seus impulsos para não ir atrás dela.

Hermione estava em seu quarto revisando os livros que levaria para Hogwarts no dia seguinte quando ouviu um barulho em sua janela. Era uma coruja que ela nunca tinha visto.

Abrindo a janela ela percebeu que a coruja carregava um embrulho. Hermione pegou o pacote e o fitou com curiosidade.

"Obrigada." Disse ela a coruja que voou e seguiu seu caminho.

Hermione abriu o pacote e franziu o senho. Era um livro de couro preto: Maldições Poderosas e Suas Contramaldições.

"Specialis revelio." Sussurou ela apontando sua varinha para o livro. Estava limpo, sem feitiços. Abrindo-o, ela notou um papel dobrado ao meio na contra-capa. Ela abriu o papel e seu queixo quase caiu ao ler o que estava escrito.

Querida Hermione Granger,

Quando soube de suas inclinações para estudar artes das trevas, pensei em te presentear com esse exemplar da biblioteca dos Malfoy. Embora esse livro ensine maldições, ele também ensina como revertê-las com bastante precisão. Você encontrará nessa obra uma riqueza de detalhes que não encontrará em nenhuma outra.

Atenciosamente, Draco Malfoy.

P.S. Você não é querida para mim, escrevi apenas por educação. Ao contrário do que você sugeriu ontem, posso ser gentil.

Hermione não pode deixar de rir em descreça quando leu aquilo. Ou Malfoy estava tramando algo, ou estava ficando maluco. Não podia negar, no entanto, que ficou empolgada para ler o livro.

"Hermione, que barulho foi esse?" Perguntou sua mãe entrando no quarto.

"Uma coruja." Respondeu.

"De quem?"

Hermione pensou em mentir, mas lembrou das promessas que fez aos pais.

"Draco Malfoy." Revelou ela.

"O garoto que te atormentava na escola? Aquele que você descreveu como..." Ela parou por um momento para lembrar. "Um idiota supremacista puro-sangue?"

"Esse mesmo."

"E o que esse garoto queria? Estava te incomodando?" Perguntou sua mãe preocupada.

"Não, não estava. Só queria me enviar um livro. Nos esbarramos outro dia no Beco Diagonal e eu acabei comentando com ele sobre uns livros que eu gostaria de ler."

"Estranho." Disse sua mãe.

"Ele está apenas provando, segundo as palavras dele, que ao contrário do que eu disse, ele era sim capaz de ser gentil." Disse Hermione.

"Disse ao pobre garoto que ele era incapaz de gentileza?" Perguntou a Sra. Granger arregalando os olhos.

"Pobre garoto? Tá brincando?" Perguntou Hermione perplexa. "E eu só disse isso a ele porque ele disse primeiro a mim. Segundo ele, eu tenho a gentileza de um trasgo."

"Oh querida, pelo o que posso ver vocês dois são incapazes de gentileza." Disse sua mãe com um sorriso doce.

"Eu sou uma pessoa gentil!" Exclamou a garota indignada.

"Eu sei, meu amor, só estava brincando." Disse a Sra. Granger rindo. "De qualquer forma não dê muita confiança a esse garoto. E me diga se ele voltar a te incomodar."

"Eu aviso, mas acredito que não vá ser necessário. Ele me pediu desculpas pelas coisas que dizia na época da escola, acredita?" Contou Hermione.

Sua mãe parou por um instante antes de falar.

"Pensando bem, acredito. As crianças crescem, Hermione." Disse ela e, em seguida, saiu do quarto deixando sua filha com seus pensamentos.

Paradoxo (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora