Capítulo 25

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Hope cumpre o que prometeu e vem até meu quarto após uns vinte minutos, vestindo roupas completamente diferentes. Ainda estou com minha calça preta e o suéter que usei na viagem para cá, mas cheguei a passar um pouco de rímel e uma fina camada de gloss, e Hope percebe imediatamente.

— Olha só pra você, Salvatore — ela diz, provocando, enquanto me puxa porta afora até o corredor.

— Achei que deveria usar, já que eu vou socializar com lordes e tudo mais — digo a ela. — Mas ainda não faço ideia do que vou vestir para o jantar hoje à noite.

Hope faz um gesto com as mãos.

— Eu te disse, vou cuidar disso.

— É isso que me assusta — murmuro, e ela me dá um sorriso malicioso.

— Você duvida do meu gosto?

— Não duvido, tenho é medo — digo, e ela solta uma risada.

Andamos pelo corredor, passando por retratos e pequenas alcovas com estátuas de mármore e, no caminho para as escadas, eu pergunto:

— Por que seu quarto se chama “Quarto Ponche de Frutas”?

Sem responder, Hope vai até uma porta mais à frente no corredor e a abre, gesticulando para que eu me aproxime.
Olho para dentro e então dou um passo para trás quase que imediatamente.

— Uau.

As paredes do quarto são tão vermelhas que quase machucam meus olhos, e a roupa de cama é coberta por uma estampa de árvores frutíferas e cachos de uvas.

— Faz sentido agora — digo, e ela acena com a cabeça.

— Quando lorde Henry se tornou Lorde das Ilhas, os antigos proprietários dessa casa tiveram que entregá-la a ele. Pelo que dizem, eles estavam tão enfurecidos por causa disso que tentaram redecorar todos os cômodos antes de ele chegar aqui. Mas só conseguiram fazer isso com esse quarto, deixando-o o mais pavoroso possível. Lorde Henry achou engraçado, então ele manteve desse jeito.

— Design de interiores como vingança — comento. — Gostei.

Sorrindo, Hope fecha a porta e continuamos nosso caminho pelo corredor e descemos as escadas até o salão principal de novo. Sherbet não está lá, mas tem um homem em pé vestido num terno de tweed, com uma bengala na mão, batendo impaciente no chão de mármore.

— Tio Henry — Hope chama, e o homem se vira para ela, seu rosto enrugado se abrindo num sorriso ao vê-la.

— Ah, lá vem confusão — ele diz com afeto, e Hope termina de descer a escada e vai abraçá-lo.

Lorde Henry está na casa dos setenta e poucos anos, mas se move e se comporta como um homem muito mais novo, com os ombros para trás, o cabelo espesso e branco. E, quando ele olha para Hope, seus olhos azuis brilham.

— Não sabia se você viria mesmo — ele diz, se curvando para beijá-la na bochecha, e Hope aperta os ombros dele antes de se afastar.

— Eu não perderia um dos seus jantares por nada, tio Henry — ela diz e então acena para mim. — E eu trouxe minha colega de quarto, Josette.

Ela abaixa o tom de voz para um sussurro falso.

— Ela é americana.

— Ah! — Lorde Henry pega minha mão e beija o dorso. — Assim como alguns de meus netos, então eu tenho muito carinho por seus compatriotas.

— A filha do lorde Henry, Maggie, se casou com um banqueiro de investimentos de Nova York.

— Sim, verdade — Lorde Henry confirma. — Ele é terrivelmente chato, mas eu não acho o mesmo de todos os americanos.

Her Royal Highness   • H O S I E •Onde histórias criam vida. Descubra agora