Reino de Gelo e Destruição / Vol. 3

Capítulo 39: Duas irmãs.

Holly

Não havia mais nada a ser feito. Tínhamos preparado as três cortes para a guerra. Nico e Amaris estavam a postos, assim como Darian, o novo líder da Corte Solsticial. As terras humanas estavam a comando de Freya, junto com o exército dos superiores que lutariam conosco. Os feéricos estavam prontos para a batalha ao redor do castelo.

Estávamos na sala do trono, prontos para quebrar o acordo de sangue e dar início a luta que se aproximava no horizonte. Tirei o vestido esvoaçante, assim como Halley e Amaris, dando lugar a uma roupa mais confortável. Em cima da mesa, que Alfie havia trazido para a sala do trono, o acordo de sangue estava estendido ao lado de várias velas.

—Elas estão no Mundo Inferior. —Mackenzie surgiu no meio das sombras, parando ao meu lado. —Bruxas e mais bruxas por todo lado. Estão nos túneis que dão para Dimensão Alada. Sabem que pretendemos quebrar o acordo a qualquer momento.

—Onde está Olivia? —Aaron indagou, passando o braço ao redor da minha cintura, enquanto eu encarava o acordo sem parar.

—Sobrevoando o reino com Raya. Vamos transformar esse castelo em um campo de guerra logo logo. —Ele se remexeu, abrindo um sorriso. —Gostaria de saber se algum de vocês tem um plano B, caso tudo dê errado.

—O plano é não morrermos. —Nico respondeu, girando uma flecha na mão, enquanto a encarava com curiosidade. —E o plano B é não morrermos.

—Hm... entendi. —Mackenzie fez uma careta. —Vou voltar e puxar os pés de vocês caso eu morra. Que os deuses me livrem de ficar preso com Adya.

—Holly? —Olhei para Aaron, quando ele aproximou o rosto do meu e apertou a mão na minha cintura. —O que foi?

Olhei para os outros. Para Nico e Amaris, ao lado de Darian e Freya. Depois para Mackenzie, que olhava as próprias mãos com uma expressão tranquila e distraída. E depois para Halley e Atlas, de mãos dadas próximos ao trono. Minha mente estava parada no que a Rainha Bruxa havia me dito. Eu, Halley e Atlas iríamos interferir no futuro do acordo. Elas tentaram evitar isso. Mas agora estávamos todos aqui. Duas irmãs e um feérico metade bruxo, prontos para fazer isso.

—Só estou pensando no que está prestes a acontecer. Não sabemos se elas estão armando algo ou só vem para a batalha. —Dei de ombros, me voltando para Atlas. —E o Poço das Almas?

—Ainda estou tentando localizar. Mas se entramos no meio de uma guerra, vai ser meio difícil concentrar meu poder em duas coisas diferentes. —Afirmou, tirando os olhos de Halley e me encarando. —Ah não ser que queiram esperar.

—Não faz diferença. Elas nos matariam se fôssemos humanas ou feéricas. —Declarei, vendo Aaron abrir a boca, pronto para dizer algo que seria a favor de esperar mais um pouco. Mas já havíamos esperado demais. Já havíamos dado tempo o suficiente para as bruxas armarem algo contra nós. —Vamos fazer isso hoje. Se não conseguir encontrar o Poço das Almas até elas chegarem, foque seu poder apenas na batalha.

—Como elas vão saber que o acordo foi quebrado? Tipo, elas vão mandar uma delas até aqui pra testar? —Mackenzie fez uma careta.

—A Rainha Bruxa vai sentir. —Aaron respondeu, enquanto Mackenzie parecia mais confuso ainda.

Peguei o Acordo de Sangue, vendo os olhos de todos no movimento que eu estava fazendo. Encarei as duas marcas de sangue ali presente e então deslizei o papel para cima da chama de uma das velas. O papel antigo começou a queimar no mesmo instante.

Aaron deu um passo para trás quando as chamas aumentaram ao redor do papel, queimando e o transformando em cinzas. Olhei pra ele, vendo seu rosto curvado em algo similar a dor, enquanto ele parecia estar prendendo a respiração.

—Aaron? —Soltei o papel, deixando que ele caísse sobre as outras velas e queimasse por inteiro. Aaron caiu de joelhos no chão, enquanto eu ia até ele e me ajoelhava ao seu lado. —O que está sentindo?

Ele balançou a cabeça negativamente, fechando as mãos em punho e as apertando até seus dedos ficarem brancos. Toquei seu rosto, tentando entender.

—É o sangue dele que estava no acordo. Do pai dele e consequentemente dele também. —Atlas murmurou, como se fosse a explicação óbvia. —A Rainha Bruxa provavelmente está sentindo a mesma coisa.

—Aaron? —Chamei de novo, sentindo o corpo dele incendiar em contato com a minha mão. Tentei segurar as mãos dele, mas algo atingiu em cheio a minha mente e eu caí para trás, com as mãos espalmadas no chão para tentar me segurar.

Olhei para a mesa, vendo o acordo queimar por completo. A fumaça acinzentada chamou minha atenção, parecendo girar em cima das velas, formando alguma coisa e me deixando zonza. Ouvi a voz de Aaron, mas ela parecia estar longe demais a medida que meus olhos ficavam embaçados. Tentei me agarrar a algo. Mas no segundo seguinte, eu estava em outro lugar.

Continua...