Capítulo 47: Águas Sagradas.

1.4K 297 61
                                    

Olhei para Halley, vendo o corpo da rainha desabar enquanto ela se engasgava com o próprio sangue. Ela se contorceu no chão, até ficar imóvel sobre uma poça de sangue. Soltei uma respiração pesada, vendo as sombras que se moviam ao redor de Halley, enquanto ela ainda segurava a adaga, com a mão pingando sangue e os olhos na rainha morta.

—Halley? —Chamei, vendo ela erguer os olhos até mim. Seu rosto ficou vermelho e ela soltou a adaga, correndo na minha direção até me agarrar em um abraço apertado. Ignorei aquelas sombras que se agarravam a ela, a apertando contra mim com toda força que conseguia. —Acabou, Halley. Acabou. Vamos ficar bem. Vamos ficar bem!

A nossa volta, as bruxas que ainda lutavam desapareciam a medida que percebiam que sua rainha havia caído. A batalha acabava, deixando um rastro de corpos, estátuas de pedra e sangue. Halley se afastou para olhar meu rosto, tocando meus cabelos e os empurrando para trás.

—Feérica. —Murmurou, abrindo um sorriso fraco. —Você ficou ainda mais bonita.

—Você vai ficar também. Apesar de eu achar que você já está muito, muito bem. —Olhei para aquelas sombras ao seu redor, que deslizavam até seu ombro, parecendo curiosas. —Venha comigo.

Segurei a mão de Halley e a levei em direção ao Poço das Almas, até estarmos de frente para ele, ignorando o corpo da rainha atrás de nós. Morta. Halley olhou para as águas sagradas, contraindo os lábios em nervosismo.

—Não é agradável. Mas é rápido, prometo. A não ser que não queira. —Afirmei, apertando a mão dela. —A decisão é sua. Se não quiser fazer isso, não precisa fazer.

Ela olhou pra mim e depois para as águas de novo. Halley soltou minha mão, se escorando nas pedras e passando uma perna de cada vez por cima, até que elas estivessem dentro da água. Com um suspiro pesado, ela prendeu a respiração e afundou na água. Me afastei do poço, observando e esperando que ela voltasse da mesma forma que eu.

—Holly? —A voz de Aaron soou atrás de mim, me fazendo girar o corpo lentamente. Ele estava parado a alguns metros, me olhando com uma expressão indecifrável. Abri um sorriso pra ele, vendo seu rosto se iluminar e seus lábios se curvarem em um sorriso muito grande, que deixava suas bochechas cheias e os olhos pequenos.

Andei até ele, vendo seus braços se abrirem para me receber. Passei meus braços ao redor dos seus ombros, afundando meu rosto na curva do seu pescoço. Meu corpo amoleceu, como se ele fosse o calmante que eu precisava. Me afastei quando senti sua mão subir até meu queixo. Ele tinha os olhos no meu rosto, com uma expressão de pura e genuína felicidade.

—Tão linda e feita especialmente pra mim. —Ele colocou meu cabelo atrás da orelha, observando ela com atenção, antes de toca-la e fazer meu corpo estremecer. —Agora sabe como é sensível.

Abri um sorriso, segurando o rosto dele e o puxando para que eu pudesse beija-lo. Nossos lábios se grudaram, se abrindo para encaixar um no outro enquanto nossos gostos de misturavam a medida que nossas línguas dançavam juntas. Aaron me apertou contra si, me fazendo suspirar em apreciação, antes de me afastar para poder olhar seu belo rosto de novo.

—Somos iguais agora. —Afirmei, e ele assentiu, com um sorriso muito grande no rosto, enquanto acariciava minha bochecha. —Amo você, Aaron. Obrigada por ter me esperado por todo esse tempo.

—Eu também amo você, minha doce e bela assassina. —Ele tocou sua testa na minha, sorrindo com o canto dos lábios. —Minha rainha.

Nossos lábios se juntaram de novo, em um beijo lento e tranquilo, que ambos sabíamos que teríamos a eternidade para repetir. Me afastei de Aaron de novo, vendo as sombras dos corvos se aproximando, até formarem a silhueta de Atlas. Ele surgiu próximo a nós, com uma expressão distante, enquanto olhava para o Poço das Almas.

—Vamos querer ouvir uma explicação pra isso? —Aaron indagou, fazendo ele se voltar para nós, contraindo os lábios em resignação.

—Mais tarde. Mas não se preocupem, não envolvi seus nomes em nenhum acordo com ela. —Afirmou, se voltando para o poço de novo, quando as águas se moveram e mãos surgiram de lá, se agarrando as paredes de pedra para subir.

Halley caiu para fora do poço, se erguendo até estar de pé, com a roupa molhada grudada em seu corpo magro e esguio, onde orelhas pontudas surgiam entre os cabelos negros. As sombras ainda estavam ao redor dela, percorrendo seus ombros, enquanto ela erguia os olhos até nós. Atlas caminhou até ela, tocando seu rosto e depois a envolvendo em um abraço apertado o protetor.

—Portadora das Sombras? —Aaron arqueou as sobrancelhas, com a pergunta retórica. Ele voltou os olhos pra mim, assim como Atlas e Halley.

—Foi antes de se tornar feérica. Eu vi. —Afirmei, abrindo um sorriso pra ele. —O que acha que eu ganhei?

—Ganho alguma coisa se eu chutar e acertar? —Ele ergueu uma das sobrancelhas, com um ar provocativo que fez meu peito se aquecer e minha boca secar.

—Talvez. —Dei de ombros e ele balançou a cabeça negativamente, abrindo um sorriso muito grande. Estendi a mão para o lado e criei uma espada, vendo os olhos dele se iluminarem.

—Ah, isso é tão sua cara, amor. —Afirmou, me fazendo abrir um sorriso muito, muito grande.



Continua...

Reino de Gelo e Destruição / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora