Capítulo XX

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Calor, algo que faz com que nossos corpos entrem em estado de desespero, ou até mesmo estresse. Durante as noites mais longas e sombrias, Leonora se encontrava revirando de um lado para outro, com seu corpo suando de frio, de puro desespero e medo dos pesadelos, das lembranças que assombrava sua mente. Ela se via correndo em uma floresta, negra e sombria com a lua cheia e um pouco de medo, pelos barulhos brutos e agressivos que estavam indo atrás dela. Ela estava descalça e estava com sua camisola de renda preta e fina, correndo dentre as árvores e os galhos daquela devastadora floresta sombria.

Quando ela se aproximou lentamente de uma pequena casa, onde tinha uma minúscula porta, ela suspirou profundamente aliviada, a cada passo que se aproximava da casa, ela ia diminuindo ao tamanho do lugar, como em um desenho animado. Se sentia estranhamente assustada e segura, então atravessou a porta, dando a visão de dentro do local.

Uma grande sala com várias camas, e caixas antigas e empoeiradas, tinha cheiro de carne fedida, e cheiro de urina canina, como se o lugar fosse realmente um mundo completamente desconhecido e assustador.

Quando olhou para atrás, para ver se havia conseguido escapar de seja lá, o que a perseguia brutalmente entre as árvores daquela floresta. Assim que se virou com o corpo para a frente, ela viu a mulher dos olhos negros se aproximando de si, fazendo com que Leonora acordasse aos gritos.

— Ei Ei Ei, eu estou aqui...sempre vou estar aqui...– Mesmo paralisada, os olhos de Leo tomaram direção e foram ao encontro daqueles olhos escuros e profundos, ela queria gritar, mas não conseguia. As mãos de sua própria "mãe" estavam sufocando suas vias respiratórias, trazendo um sentimento de desespero e puro pânico.

— Mamãe! PARA POR FAVOR! – Ela pedia implorando com a voz embriagada de medo, puro pavor, ela queria se desculpar com a própria mãe, mas Beatriz não estava ali, não era ela, e sim, uma aparição do subconsciente de Leonora que ainda estava entendendo seu próprio passado.

— A mamãe sempre vai cuidar de você, pequena rata. – Sussurrou no ouvido da garota, fazendo sua consciência se desligar, e ativar o modo de autodefesa para matar a própria mãe. Quando conseguiu se mexer, ela subiu em cima da mulher loira com olhos negros, começou a enforcar o pescoço da mesma, enquanto a mente de Leo se perdia em um ato de coragem assassina e autodestruição total de seu controle. Não via o que realmente estava acontecendo, acreditava profundamente que estava matando a própria mãe, e isso trazia uma sensação de alívio e necessidade.

Sufocando o pescoço da mãe, ela tentou buscar outras formas de acabar logo com o que estava acontecendo, então olhou para o lado e viu uma caneta no criado-mudo, e assim que pegou em sua mão direita, ela tentou enfiar no pescoço da mulher, mas ela riu profundamente e sumiu, dando lugar à Ismael que segurando firmemente a mão da garota, impedindo que ela o matasse com uma caneta em seu pescoço.

Chorando, ela tomou consciência e tentou sair de cima do homem, mas caiu na chão, enquanto se encostava na parede, para se proteger de si mesma e para proteger o homem.

— Leo...por que você achou que eu era sua mãe? – Questionou, tentando se aproximar da garota, mas ela chorava, negando e se desviava dos toques dele. Nos olhos dele tinha medo, medo por ela, sentiu que tinha algo errado para isso acontecer, ela não podia odiar tanto assim a própria mãe. Mas surpreso, ele jogou a caneta para longe, e agarrou o corpo de Leo que começou a se debater e a gritar, enquanto ele apertava o corpo dela contra o dele.

Pacientes com estresse pós-traumático, tendem a ficar em estado de choque durante horas para poder se acalmar, e as vezes é necessário, força bruta para imobilizar seus músculos que estão tensos, o abraço por trás, segurando as mãos, e cobrindo o tórax do paciente, faz com que ele se sinta seguro, e confortável. Mas como a prática não adiantou com Leo, ele utilizou uma técnica de desmaiar o paciente, com um pouco de falta de ar em seu pescoço. E assim que ela apagou, ele a colocou sobre a cama e a cobriu, ajeitando o cabelo loiro da garota, ele acariciou sua bochecha direita e saiu do quarto, o fechando por fora.

Amores Perdidos = "O amor enxerga além do horizonte" Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora