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21 de março,
1986.
will byers.

Antes da última aula, eu havia contado para El o que havia ocorrido no intervalo -mesmo ela já tendo escutado boatos pelos corredores-, e nós concordamos em ir ver Campbell, que provavelmente estava na enfermaria.

Quando bateu o sinal para ir embora, nós saímos correndo para enfermaria, esbarrando em algumas pessoas no caminho.

Abrimos uma fresta da porta, e a enfermeira olhou para nós por cima dos óculos.

— Nós... Queríamos falar com o Henry Campbell, ele está aí? - El foi quem se pronunciou.

— Visita pra você, Henry. - A mulher se curvou para trás na cadeira, comunicando o garoto que estava sentado em uma cadeira afastada. — Entrem, queridos, entrem. - Disse gentilmente fazendo um gesto para entrarmos.

Avançamos, a sala não tinha muitas coisas. Uma maca no canto, alguns aparelhos médicos, e uma cadeira que parecia bastante confortável, que era onde Campbell estava. Com o rosto cheio de curativos, e um dos pulsos enfaixados. Ele olhava para os próprios pés mas quando nos aproximamos ele olhou para nós, mas sem levantar a cabeça. Um pouco assustador e intimidante, devo confessar.

— Oi! Parece um pouco idiota, mas nós- quer dizer, eu, queria agradecer por me defender lá na sala de aula. E por jogar água na Angela também, aquilo foi incrível, totalmente incrível. - El começou, se embolando um pouco nas palavras, mas acho que ele entendeu o recado.

— Só fiz o que todos querem fazer. Aquela garota tem uma voz irritante. - Disse simplesmente, e voltou a abaixar o olhar.

— Finalmente alguém que concorda comigo. - Soltou uma risada aliviada. — Eu sou Jane, aliás! Mas você pode me chamar Eleven. - Estendeu a mão.

Eu tinha quase certeza que ele iria soltar uma risada esnobe e zoar da El também. Mas pelo contrário, ele olhou para ela e sua mão estendida e soltou uma risada anasalada, relaxando a postura e finalmente levantando a cabeça.

— Sou o Henry, mas você já deve saber, Eleven. - Apertou a mão dela com um sorriso de canto nos lábios. — Por que seu nome é um número?

— Longa história. - Ela sorriu. Senti a voz de El ficar mais aliviada e empolgada.

Depois que soltaram as mãos, Henry desviou o olhar de minha irmã, e foi de encontro ao meu.

— Eu- Eu sou o Will. - Demorei um pouco para entender que deveria dizer meu nome também e estender a mão.

— É um prazer, Will. - Soltou uma risada e apertou minha mão também.

— Bom, Henry, você já está liberado. - A enfermeira se pronunciou entregando um papelzinho para o garoto, que se levantou da cadeira e pegou sua mochila jogada no chão. — Quero passar a semana inteira sem te ver aqui, escutou? - Avisou, em tom de brincadeira.

— Não prometo nada, monamour! - Exclamou passando pela porta, sendo seguido por nós.

Henry se ofereceu para nos acompanhar até nossos respectivos armários, e no caminho fomos reclamando de Angela e seu grupinho. Foi divertido, por incrível que pareça, Campbell é muito engraçado.

Mas eu e ele inventamos de encher a garrafinha antes de sair, então fomos correndo para o bebedouro enquanto El ia para a saída na nossa frente. Ficamos conversando sobre nossos trabalhos da primeira aula -sobre o meu, na verdade. Já que ele não tinha feito por que de acordo com Henry, ficou com preguiça de pensar- Eu ri do comentário, mas expliquei mais sobre meu cartaz.

Quando abrimos a porta para ir ao pátio, estava formada uma roda de pessoas rindo de El, de novo. Ela estava de pé, com o braço estendido mas abaixando ele lentamente.

— Porra, de novo?! - Henry disse impaciente, e foi se enfiando no meio da roda para chegar até Eleven, eu fui atrás, ainda desacreditado.

Já no meio, eu vi o trabalho dela destruído. As risadas cessaram quando viram Henry entrando na frente de El.

— Tá querendo um balde d'água na cara desta vez, caralho?! - Ele gritou para Angela.

— Tenta a sorte. Mais uma dessa e você é expulso, Campbell. E eu vou rir muito da sua cara quando você estiver deixando a escola como se fosse um cachorrinho com o rabo entre as pernas. - Depois que ela disse isso, seu grupinho explodiu em risadinhas.

Eu vi Henry apertar a mão em um punho, e respirar fundo.

— Ei, ei! O que está acontecendo aqui? - A professora chegou, esbarrando em alguns alunos. — Jane... Jane, quem fez isso? - Ela colocou a mão no ombro de El, e olhou para nós três.

— Use sua imaginação, professora. - Henry respondeu ironicamente, olhando para frente.

A professora o encarou confuso, mas depois seguiu o olhar do garoto, onde estava Angela.

— Olha só, Angela. Venha já comigo. - A mulher disse autoritária e pegou no braço da loira, escutando suas defesas no caminho.

Já que o show havia acabado, as pessoas então foram indo embora, e nós três nos abaixamos para recolher as peças do trabalho de El, que até então não tinha falado nada.

— El... eu sinto muito. Vai ficar tudo bem. Não tá tão ruim, a gente concerta, tá bem? - Eu tentei consola-la.

— É, dá pra concertar. Olha, - Henry havia achado o bonequinho de Hopper quebrado. — Podemos colar o mini Hopper, e ele vai ficar ótimo novamente.

El deu um sorriso fraco, e pegou as peças quebradas, apertando-as fortemente.

Henry me olhou preocupado, como quem dissesse ‘ela vai ficar bem?’ e eu o olhei de volta ‘eu espero que sim’.

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NOTAS DO AUTOR:

o nosso trio de ouro se formandooooOo to mt feliz 😁😁

𝐦𝐚𝐠𝐞 𝐨𝐟 𝐦𝐲 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 , will byers.Onde histórias criam vida. Descubra agora