6.

8K 1.2K 914
                                    

22 de março,
1986.
will byers.

— Ei, Will. Por que você não chama o Henry pra vir pra cá? Já que vocês não estão afim de sair de casa né.. - Jonathan sugeriu depois que Mike subiu para dar o café da manhã de El.

Eu não sei se quero vê-lo depois do que aconteceu ontem. Provavelmente não vou saber como agir, e irei começar a gaguejar.

Mas El e Mike daqui a pouco vão se resolver e ficar grudados a tarde inteira, então, não era uma má idéia chamar Henry.

— Talvez eu ligue para ele depois que terminar de comer. - Respondi.

Depois de comer, eu fiquei mais um tempo na mesa pensando muito se ligava ou não para Campbell. E finalizar resolvi que iria ligar.

Procurei o sobrenome "Campbell" na lista telefônica e disquei o número.

— Alô? - Era Henry, com uma voz sonolenta. Eram quase meio-dia, sério mesmo que ele acabou de acordar.

— Oi Henry! Sou eu, Will.

— Ah, oi! - Sua voz mudou para um tom mais animado, e eu sorri mesmo sabendo que ele não iria ver.

— Então... Liguei para saber se você não quer vir aqui em casa. Não vamos fazer nada hoje, e eu não quero passar meu segundo dia de férias no tédio. - Expliquei um pouco nervoso, enrolando a linha do telefone em meu dedo.

— Ah, claro! Eu só vou... tirar o pijama e comer alguma coisa.

— Não acredito. Você acabou de acordar?! - Perguntei incrédulo.

— Férias, Byers! Férias. - Respondeu tranquilo e eu soltei uma risada. — Até depois, garoto-que-acorda-cedo-nas-férias!

Desligou, quando percebi eu já estava com um sorriso estampado no rosto. Balancei a cabeça tirando ele.

— Ele vai vir? - Meu irmão perguntou quando passei por ele na sala.

— Vai! - Gritei da escada.

Eu e Jonathan estávamos assistindo um filme qualquer que passava na TV, e eu me sentia ansioso pela chegada de Henry, que quando ouvi batidas na porta fui correndo para atendê-la.

Abri encontrando ele com suas roubas habituais, uma camisa de banda -desta vez era do Iron Maiden-, seu casaco xadrez vermelho por cima e seus jeans preto rasgado. Em uma mão ele segurava seu skate, e na outra, ainda enfaixada, segurava uma caixinha de cartas.

— Então, para não ficarmos entediados, eu pensei em trazer o baralho do meu pai para jogarmos. Você sabe? - Perguntou e eu neguei com a cabeça. — Melhor ainda! Vai ser ótimo jogar sem você saber as regras. - Disse com um sorriso e eu revirei os olhos dando espaço para ele entrar.

— E ai, Henry!

— Fala, Jonathão! - Bateram as mãos em cumprimento.

Nós dois subimos para meu quarto, e enquanto eu fechava a porta, ele se jogou em minha cama.

Pequenos flashbacks se passaram pela minha cabeça, mas eu resolvi ignorar.

— Venha aqui, pequeno Will. Vou te ensinar como joga. - Deu duas batidinhas na cama.

Eu me sentei em sua frente com as pernas cruzadas e ele começou a explicar enquanto embaralhava as cartas. E eu só pensava: Como ele faz isso tão rápido?

Começamos a jogar algumas partidas, e eu fui entendendo o jogo ao longo que íamos jogando. Rimos, debochamos um do outro, fizemos dancinhas da vitória, e muitas outras emoções rolando somente num jogo de baralho.

— Não vou mais jogar com você, Henry! Você só rouba! - Joguei as cartas nele.

— Você que não sabe perder. - Ele riu e jogou o travesseiro em mim. Começamos uma rápida guerra de travesseiros, mas paramos quando Henry disse que estava com sede de tanto ganhar de mim.

— Eu deveria deixar você passar sede. - Fomos descendo as escadas, ele me provocando e eu reclamando.

Mas congelamos quando vimos dois policiais parados na porta conversando com Jonathan, e perguntando por El.

Que apareceu atrás de nós, e os homens viram ela.

— Ei você. Você é Jane Hopper? - Eles empurraram Jonathan para o lado e seguraram El pelo braço, e a viraram de costa. — Você tem o direito de permanecer calada. - Ele puxou uma algema do bolso.

— Qual é cara?! Isso é ridículo. - Henry interviu.

— É! Aquilo foi um acidente! - Eu completei, mas o policial apenas olhou para nós e levou El para a viatura. Como se ela fosse uma criminosa.

Nós seguimos eles até o carro, disparando perguntas, que eram ignoradas pelos mais velhos.

Eu me virei para o Jonathan, desesperado.

— O vôo da mamãe já saiu?!

— Merda.. - Ele correu para dentro de casa.

Senti minhas mãos ficarem trêmulas e lágrimas descerem pelas minhas bochechas. Não acredito que isso está acontecendo conosco.

Os braços de Henry me envolveram em um abraço, e eu retribuí permitindo mais lágrimas descerem enquanto ele afagava meu cabelo. Quando tudo isso ia parar?

𝐦𝐚𝐠𝐞 𝐨𝐟 𝐦𝐲 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 , will byers.Onde histórias criam vida. Descubra agora