❛𝗮𝘁𝗹𝗮𝗻𝘁𝗶𝘀❜

003 | what does that mean?

003, o que isso significa?

Acordo sem o calor do corpo de Louis ao meu lado.

Suspiro me remexendo entre os lençóis e esfregando os olhos.

Olho na direção do banheiro esperando encontrar Louis lá dentro, ou ao menos a luz acesa indicando que o mesmo está lá. Mas isso não acontece. Louis não está em lugar nenhum no quarto e muito menos no banheiro.

Ele deve estar na cozinha. O que significa que ele passou pela mala caída no chão do quarto.

Merda.

Assim que me sento na cama, uma nuvem de pensamentos e pressentimentos ruins me perseguindo, ouço um estrondo alto. Algo sendo esmurrado.

Antes mesmo que possa raciocinar alguma coisa, corro até a sala de estar do nosso pequeno apartamento, mesmo descalça e prendendo meu cabelo do jeito mais desleixado possível, isso sequer importa agora.

Paro de correr assim que ponho os pés  o cômodo. Partridge está sentado na mesa de jantar, um papel familiar treme junto a sua mão enquanto ele o lê, seu rosto ficando tão vermelho que é como se ele fosse explodir. Mas ele não vai.

Ele achou a carta.

Louis achou a carta que o escrevi ontem à noite quando estava arrumando minhas coisas para ir embora, antes de ele me puxar para dormir junto a ele.

Engulo em seco tentando preparar meu psicológico para o que está por vir, mas isso não é possível, nunca é. Não importa quantas vezes brigarmos, nunca vou estar pronta para ouvir as palavras que saem de sua boca.

Palavras que costumam me cortar mais fundo do que uma faca cortaria.

— O que isso significa? — as palavras saem lentamente de seus lábios, baixas e claramente sendo controladas para não saírem em forma de gritos histéricos.

Sinto um bolo se formando em minha garganta, impedindo quaisquer palavras que queiram sair. E por mais que eu me force a falar, elas não saem, se recusam a existirem.

— Lily, o que essa carta significa? — sua voz fica rouca e ainda mais profunda, baixa, a cada palavra proferida. Eu sei que ele está se controlando, já tivemos nossa cota de brigas escandalosas nas quais os vizinhos chamaram o síndico.

— Eu... Hã, Louis, larga esse papel.

— Lily, o que é essa porra de carta? — a bomba relógio explode e ele já não se importa em controlar sua voz. Louis é como uma bomba relógio, que explode tantas vezes que já nem faz mais sentido, na verdade, nós somos a porra da bomba relógio. — Você realmente iria embora sem nenhuma merda de explicação? Sem ao menos me dar satisfação? Apenas iria embora como se caralho nenhum tivesse acontecido? Fala alguma coisa!

Mas eu não consigo falar nada, o que eu diria? Todas as respostas para suas perguntas são sim. Sim, eu iria embora igual a porra de uma perdedora que ao menos tem coragem para enfrentar seus problemas.

— Você vai ficar aí calada? — sua voz sai dolorida, embargada. E a pior parte é que eu sei que lhe devo uma explicação.

— O que você quer que eu diga? Eu iria fazer exatamente isso. Mas adivinha? Eu sou covarde até mesmo para isso Louis, eu não consegui ir embora e eu me odeio por isso.

— Você não tem que ir embora, você nem deveria ter cogitado essa ideia estúpida. — ele fala se levantando, parando na minha frente com aquele olhar desesperado e magoado, me fazendo sentir culpa por tudo isso.

Mas a culpa não é minha, é nossa.

— Eu não deveria ter cogitado esse ideia? — minha voz é esganiçada quando o olho igual a uma louca — Você não percebe o quão absurdo isso soa? Louis, nós deveríamos ter ido embora há muito tempo.

Seu olhar se move para o teto quando suas mãos amassam a carta antes de a soltar no chão e passar as mãos em seu cabelo. A mandíbula contraída e a língua passando no interior da bochecha só me mostram que isso vai ser pior do que o esperado.

Mais dolorido do que o esperado.

— Acha que deveríamos ter desistido na primeira briga? Ter apenas fugido da realidade?

— Não Louis, não foi isso que eu disse. O que quero dizer é que deveríamos ter percebido quando as brigas aumentaram, que aquilo não era normal, isso não é normal. Isso me machuca... muito, e tenho certeza de que faz o mesmo com você. Como pudemos pensar que algo que nos machuca é normal?

Quando seu olhar finalmente se volta para mim, eu percebo que não sou a única a me sentir muito afetada com isso tudo. E que essa briga nos levará a algum lugar, porque Louis não está mais em negação. E por mais idiota que seja, isso me dói, saber que finalmente teremos um desfecho dói, mesmo ansiando por isso há tanto tempo.

Seus olhos estão vermelhos e ele já parou de tentar segurar as lágrimas porque elas correm livremente por seu rosto e isso me faz sentir meu coração sendo quebrado em milhões de pedaços minúsculos que jamais poderão ser colados novamente.

— Eu não quero te deixar ir Lily, eu te amo. E essa nem é a pior parte, porque eu sei que você ficará muito melhor sem mim, eu sei que o certo é ficarmos longe um do outro, é isso que as pessoas fazem quando já não fazem bem umas às outras. Mas e se eu disser que não quero fazer o certo? Eu não quero ficar longe de você, porque sei que isso vai doer e tenho medo de que doa mais do que acordar todos os dias ao seu lado e ver que não nos fazemos bem mais, que não importa o que eu faça, eu não posso fazer isso dar certo, eu não consigo, não mais.

E por um segundo eu quero voltar atrás, eu quero me xingar e me bater até deixar de existir. E agora eu me sinto tão, tão culpada, porque, por alguma razão, eu não pensei no que Louis sentia, eu me esqueci completamente de que ele também tem sentimentos e de que claramente se sente tão destroçado e estilhaçado nessa situação como eu.

— Mas isso não era pra doer Louis, o amor não foi feito para machucar. E dói tanto, que eu sinto como se fosse me despedaçar; e por mais egoísta que isso seja, eu não quero mais sentir essa dor, eu não quero mais. Eu te amo tanto, mas eu quero correr o risco de ficar longe, e se a dor de ficar longe for pior do que a que eu sinto agora, que se foda, eu só não posso suportar a ideia de me machucar e machucar a pessoa que eu amo.

— Eu gostaria de implorar para que você ficasse, mas sinto que ficará melhor sem mim. Porque nós poderíamos ter tido tudo.

— E mesmo assim, tudo o que conseguimos no final, foi nada além de cacos quebrados.

mt legal escrever coisa triste