006, amor não é suficiente.
Louis tem sido extremamente presente durante a gestação.
Quando ele falou que gostaria de fazer parte de toda a gestação, fiquei mais relutante do que nunca. Tinha plena consciência de que passar tanto tempo junto a ele seria difícil para ambas as partes, principalmente porque nossos sentimentos continuam os mesmos, não é preciso ser nenhum gênio para conseguir ver isso.
Ficar perto de Louis me parecia uma ideia impossívelmente dolorida, mas até agora, estamos conseguindo levar isso bem. Com levar isso bem, quero dizer que sequer olhamos nos olhos um do outro e nunca – nunca – trocamos qualquer palavra que não seja relacionada ao bebê.
Sinto como se fosse sentir uma dor mais agonizante do que as minhas dores de cabeça se o olhasse nos olhos, porque eu veria toda a tristeza que eu ajudei a causar; e eu não tenho forças o suficiente para encarar isso, porque, como já dito antes, eu sou uma covarde de merda.
Me abaixo com dificuldade – minha barriga está cada vez mais evidente, e está cada vez mais difícil fazer tarefas simples do dia a dia, sozinha, não só por conta da gravidez – e apanho o envelope branco que o carteiro acabou de deixar na minha porta.
Suspiro ao ver o nome do hospital no remetente. A equipe do St. Kilian continua entrando em contato comigo para que eu repense a minha decisão de não fazer o tratamento.
Eu nunca os respondo.
Eles não estão insistindo para que eu tente o tratamento porque se preocupam com a minha saúde, estão insistindo para poderem estudar melhor sobre o que tenho e ganharem com isso.
Tenho plena consciência de que estaria ajudando outras pessoas com o mesmo problema que o meu, se os deixassem me "estudar", mas não poderia fazer o tratamento mesmo que quisesse, 1) o valor é muito mais alto do que eu poderia cogitar pagar e 2) os remédios usados fariam extremamente mal para o bebê e aumentariam minhas chances de sofrer um aborto espontâneo. Não posso correr o risco de deixar isso acontecer. Não posso tirar de Louis a única parte minha que restará para ele.
...
— Passei na farmácia no caminho para cá e comprei algumas coisas. — Louis falou animado, um sorriso grande e bem perto do sentimento satisfação, em seu rosto.
Esse sorriso sempre marcava seu rosto assim que ele entrava no meu apartamento. E isso me preocupa, me preocupa que se eu for a causa desse sorriso, as pessoas nunca mais poderão o ver.
Do meu lugar jogada no sofá, inchada demais e com a barriga grande demais para conseguir ficar andando por aí, lamento a ideia de tirar do mundo o sorriso mais lindo e sincero que as pessoas poderiam um dia ver.
Não quero ser a responsável por isso.
— Olha — ele começa, felizmente não parecendo notar meu estado lamentável — eu comprei alguns cremes e óleos corporais que, segundo as minhas pesquisas, te ajudarão a mater sua pele saudável e livre de estrias entre outras marcas. — ele tirou os cremes da sacola e os colocou alegremente sobre a bancada, parecendo alegre e orgulhoso se si mesmo por ter pensado em mim.
— Você não precisava...
— Precisava sim, por mais que você e eu não possamos mais ficar juntos, eu ainda me importo e me preocupo com você, muito mais até do que você diria ser o ideal para ex namorados.
Louis falou tudo de uma só vez, e pela feição de arrependimento em seu rosto assim que terminou, ele não pensou muito bem antes de falar.
Não havíamos conversado sobre o nosso término ou o fato de que não há muito tempo atrás, nós estávamos juntos em um relacionamento, e nos amávamos. Ainda nos amamos. Eu ainda o amo.
Vínhamos evitando esse assunto desde meses atrás, desde que lhe contei sobre a gravidez.
Até agora.
O silêncio tornou o ar denso, tão pesado e grosso que quase posso tocá-lo.
Desvio o olhar do chão e finalmente o encaro, vendo seus olhos parados nas coisas que ele estava tirando das sacolas, parecendo paralisado e surpreso com as palavras que ele próprio deixou escapar.
Seus lábios se abrem várias vezes, e se fecham também, parecendo procurar as palavras certas, mas nunca as achando.
— Olha, eu...
— Te amar não deveria machucar tanto assim. — digo em um sussuro tão baixo que chego a duvidar que ele tenha me escutado, me limito a encarar apenas o chão, pois sei que não teria forças o suficiente para olhá-lo nos olhos.
Minha fala o corta e nos afoga no silêncio mais uma vez.
— Então está dizendo que ainda me ama? — sua voz saiu tão, tão dolorida, que quase me levantei e fui até ele, o abracei e disse que sim, que eu havia perdoado todos os nossos erros e brigas, discussões e todas as desavenças.
Mas eu não posso ser mais fraca do que já sou. Não posso permitir que nos machuquemos mais e mais, uma vez atrás da outra, sem previsão para parar.
E nesse momento, pouco importa se eu o amo, pouco importa se ele me ama. Nada disso muda algo na situação. O amor não importa agora. O amor não é o suficiente e nunca vai ser, é apenas um sentimento maravilhoso e que todos precisamos experimentar pelo menos uma vez na vida, mas nunca vai ser o suficiente. Você nunca vai conhecer alguém que sobreviveu apenas de amor, aguentando todos os outros sentimentos devastadoramente ruins que o acompanharam apenas por amor, é impossível.
E é por isso que tenho que dar o meu melhor para não deixar minha voz falhar e segurar o mais forte possível as lágrimas, quando digo de forma fria:
— Não, estou dizendo que já te amei o suficiente para sair despedaçada.
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❛𝗮𝘁𝗹𝗮𝗻𝘁𝗶𝘀❜
Fanfiction(💭) 𝗮𝘁𝗹𝗮𝗻𝘁𝗶𝘀. Onde Louis não pode salvar seu relacionamento com Lily. Obra inteiramente escrita por mim, não permito adaptações. | 𝘄𝗿𝗶𝘁𝘁𝗲𝗻 𝗯𝘆 -ibeaver | 𝗮 𝗹𝗼𝘂𝗶𝘀 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗿𝗶𝗱𝗴𝗲 𝘀𝗵𝗼𝗿𝘁 𝗳𝗶𝗰 | 𝘀𝘁𝗮𝗿𝘁𝗲𝗱: june, 20...