❛𝗮𝘁𝗹𝗮𝗻𝘁𝗶𝘀❜

002 | i love you Lily.

002, eu te amo Lily.

Eu preciso ir embora.

Depois da briga em que Louis gritou comigo e a única coisa que consegui fazer foi chorar igual a uma estúpida indefesa, ele nos guiou até a cama e me abraçou até que dormíssemos, ou melhor, até que ele dormisse.

Agora estou arrumando uma mala, pegando o mínimo de coisas possíveis, apenas o necessário.

Tento não pensar muito no porque estou fazendo isso, na verdade, nem penso no que estou fazendo. Falar para mim mesma que estou apenas arrumando a mala de uma viajem é bem mais fácil do que explicar para meu psicológico fodido que estou largando meu namorado em nosso apartamento enquanto ele dorme porque apesar de o amar muito, eu não sou cega e posso ver que não dá mais, que discutimos por coisas inúteis e que essas brigas estão se estendendo cada vez mais e se tornando frequentes, piores a cada vez.

Louis é sem sombra de dúvidas uma das pessoas que mais amo e é por o amar tão intensamente que tenho pensado sobre por um ponto final em nosso relacionamento há algum tempo. O fato de ele ter gritado comigo realmente me magoou muito e por mais que doa admitir, me deixou com medo, mas isso foi apenas a gota d'água. Não quero persistir com isso e acabar conhecendo uma versão do Louis que irá apagar o Louis que eu amo.

Quando estou quase fechando a mala de mão, observo na luz fraca do quarto – o nosso quarto – um porta-retrato na mesa de cabeceira. Na foto estamos eu e Louis abraçados e sorrindo na direção da câmera, estamos no parque e o fotógrafo é um turista aleatório que se ofereceu para tirar uma foto. Meu sorriso nessa foto é tão, tão sincero e tão cheio de sentimentos. Eu queria voltar a ser essa Lily, e gostaria que meu namorado voltasse a ser esse Louis. Nós éramos felizes antes de todos esses desentendimentos, muito felizes, minhas dores de cabeça sequer existiam. Agora elas fazem parte de mim.

— Amor? O que você está fazendo aí? — a voz sonolenta de Louis acaba me assustando, me fazendo congelar onde estou.

Não sei o que falar, não quero mentir mas também não posso simplesmente dizer que estou indo embora. Então o silêncio acaba se estendendo por um longo período de tempo.

— Lilly? Está tudo bem amor? Aconteceu alguma coisa?

A cada vez em que ele me chama de amor, tenho ainda mais vontade de desistir dessa vontade idiota de acabar com tudo o que construímos e simplesmente voltar para o seu lado.

Engulo o nó que se torna cada vez maior em minha garganta e me obrigo a falar:

— Está tudo bem sim, meu bem. Estou apenas pegando algumas roupas que estão caídas no chão. — fecho os olhos percebendo que minha desculpa acabou nos levando a um péssimo tópico. — Você sabe, a bagunça da discussão de mais cedo.

Consigo ver a sombra de Louis se apressando em se sentar na cama, uma das mãos se levantando até o rosto para esfregar os olhos.

— Eu sinto muito por mais cedo Lily, prometo que a partir de hoje irei fazer o meu melhor para poder mudar.

— Já é tarde demais para isso meu amor. — as palavras acabam escapando como um sussurro dos meus lábios, junto com uma lágrima insistente.

Louis parece confuso, e ainda está sob efeito do sono então não está muito consciente, o que me faz acreditar que ele não ouviu o que eu disse. É melhor assim.

Em uma ação claramente inesperada por mim, Louis engatinha na cama até ficar frente a frente comigo, passando seu braços pela minha cintura e me puxando com ele para deitarmos na cama.

Eu tento forçar minha consciência a me tirar daqui, mas seu abraço é tão quente e confortável que por mais que eu saiba que essa é uma decisão burra, eu quero ficar.

— Assim é melhor. — fala nos deixando de conchinha,  beijando meu ombro antes de sussurar que me ama e, não obter uma resposta.