❛𝗮𝘁𝗹𝗮𝗻𝘁𝗶𝘀❜

004 | positive.

004, positivo.

Sinto as lágrimas se acumulando em meus olhos. Aperto a borda da bancada de mármore com força o suficiente para deixar meus dedos brancos, me segurando ali consciente de que não tenho força o suficiente para sustentar meu peso.

Vai ficar tudo bem, eu sei que vai. Tem que ficar.

Quando levanto o olhar e encontro meu reflexo derrotado no espelho do banheiro, já não tenho mais tanta certeza.

As coisas não estão bem, e muito menos estão caminhando para ficarem.

Mesmo depois de dois meses longe de Louis, eu ainda me sinto quebrada e sinceramente, não percebi nenhuma diferença na dor de quando estava com ele para agora. A única diferença é que não faço ideia de onde ou como ele está, cortamos todo e qualquer contato que tínhamos. Eu cortei.

Um soluço vindo do meu próprio corpo me lembra de que agora terei que achá-lo, não por mim, mas pelo teste de gravidez em cima da bancada.

Positivo.

De tantos momentos, tinha que ser agora?

Eu sei que esse bebê não tem culpa, mas porra! Eu sequer estou conseguindo lidar com as minhas dores de cabeça constantes, como poderei ser mãe se ao menos terei tempo e psicológico o suficiente para criar meu filho?

Eu preciso achar Louis o mais rápido possível, e o fato de eu não querer o ver porque tenho medo de todos aqueles sentimentos que ainda nem foram embora, voltem à tona, não importa agora. Eu preciso achá-lo. Pelo meu bebê. Pelo nosso bebê.

...

Louis é um ator, não só um ator, um dos mais famosos do momento.

Não que eu não soubesse disso, Partridge sempre se saiu muito bem na atuação, mas quando ainda estávamos juntos, sua carreira estava meio parada.

E isso me leva a pensar que talvez o motivo de sua carreira estar finalmente avançando, é porque não estou mais presente na sua vida.

Há alguns dias atrás, assim que saiu o resultado do exame de sangue que fiz para descobrir se a gravidez era mesmo real e se sim, de quanto tempo era a gestação, a primeira coisa que fiz após receber o resultado, foi ligar para Louis.

Ele não sabe que vai ser pai, ainda. Só o disse que precisávamos conversar e que era importante.

Nós combinamos de nos encontrar em uma cafeteria no centro da cidade, onde agora estou sentada o esperando.

A cada vez que o sino do café toca indicando um novo cliente, meus batimentos cardíacos aumentam na expectativa de que seja Louis. Não sei como reagir quando o ver, tudo o que mais quero é fugir. Mas eu não posso.

Solto um suspiro trêmulo, levando minha xícara de café até os lábios e dando um pequeno gole na bebida fumegante. Assim que retiro a xícara da boca, vejo de relance um corpo na minha frente.

Levanto o olhar o mais lentamente quanto é possível, me preparando mentalmente para o que está por vir. Mas eu poderia me preparar por anos, e nunca estaria pronta para encarar Louis Partridge sem lembrar de todo o nosso passado juntos. Um passado que gerou consequências, e uma delas está dentro de mim.

Encaro o rosto pálido de Louis, sua aparência física quase não mudou, tirando o fato de que está magro, muito magro. Deve ter perdido no mínimo, uns três quilos.

Seus olhos ganham uma espécie de brilho especial, revivendo as lindas orbes castanhas que pareciam estar apagadas já há algum tempo. E eu odeio isso, porque sei que meus olhos ganharam o mesmo brilho que os seus. Posso sentir a corrente elétrica de felicidade se espalhar pelo meu sangue, correndo tão desesperadamente pelas minhas veias na intenção de contaminar todo o meu corpo com essa felicidade repentina.

— Oi. — é a única coisa que sai de sua boca, a palavra sai suave e com um toque de esperança.

Esperança que não deveríamos ter.

Não sei como contar isso de uma forma delicada, não sei ser delicada. Não vejo nenhuma outra opção a não ser ir direto ao ponto, assim não teremos que jogar conversa fora e dar falsas esperanças para nossos corações ferrados.

— Eu estou grávida.