capítulo 2

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— Você é uma babaca, sabia?! — Murmurei enfurecida para a garota a minha frente, seu sorriso sarcástico apenas ficando maior

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— Você é uma babaca, sabia?! — Murmurei enfurecida para a garota a minha frente, seu sorriso sarcástico apenas ficando maior.

Camille não parecia se abalar com nada, nem mesmo com o fato de que terá que ficar na detenção por 4 semanas após as aulas.

— Sabe porque eu me chamo Camille, amiga? — Ela arqueou as sobrancelhas, parecendo se divertir com o meu nervosismo aparente — Porque minha mãe é uma narcisista do caralho, e se há algo que eu herdei dela foi o meu egoísmo palpável. E adivinha? Eu não me importo nem um pouquinho por você.

Ela deu de ombros ao me ver abrir a boca desacreditada, fechando as mãos em punhos, enquanto tentava me controlar para não deixar a raiva me dominar por inteiro. Eu estava lutando muito para não socar a cara daquela maldita garota até ver o seu nariz jorrar sangue e os seus dentes voarem para fora de sua boca. Estava me controlando muito, muito mesmo.

Respirei fundo, corroendo a palma da mão com as minhas unhas medianas, enquanto a via girar nos calcanhares e sumir pelos corredores, me deixando sozinha para lidar com meus sentimentos sufocantes.

Um segundo depois, o sinal tocou, indicando o final das aulas, me fazendo respirar algumas vezes para me acalmar. Observei o mar de alunos que vinha na minha direção contrária, rumando a saída, enquanto eu começava a dar alguns passos rumo a sala de detenção. Aquele seria o primeiro dia de 4 semanas intensamente torturantes.

Apesar de ter uma avó amorosa, tenho certeza que um sermão me esperava quando voltasse para casa. Isso era raro, mas acontecia. No começo, quando me mudei para Santa Barbara, e os meus problemas se mostraram  de grandes proporções, vovó fez de tudo para me ajudar. Me levou aos melhores terapeutas e psiquiatras. Demorou pouco para concluírem o diagnóstico, todos disseram a mesma coisa. Eu sofria de transtorno explosivo intermitente (TEI). Eu tinha explosões constantes de raiva e não conseguia controlar meus impulsos. Qualquer coisa mínima era suficiente para ativar meus comportamentos agressivos. Eu quebrava pratos, jogava coisas no chão, socava paredes e batia em crianças sem a mínima consciência do que estava fazendo, era quase instintivo. Os pais das crianças fizeram reuniões escolares e de condomínio para falar sobre mim, fui excluída de festinhas de aniversários e mal saia de casa antes de começar o tratamento. Tudo isso, segundo minha psicóloga, fora causado por muitos traumas na infância, traumas estes que eu não queria reviver...

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