O Preço Que Se Paga

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JHON

As mãos de Jhon irradiavam uma beleza mística, o vento se tornava mais suave e era possível até mesmo escutar os próprios batimentos de seu coração, era uma sensação indescritível de poder absoluto que se concentrava em sua marca, contudo ele se assustou derrubando seu instrumento, a poderosa e ao mesmo tempo suave aura desapareceu, mas a luz ainda persistia.

-Você pensa errado – Marcos falou como se lesse instantaneamente a mente de Jhon.

-Como assim?- O músico perdeu a concentração e o brilho sumiu dando lugar a uma grande sensação de cansaço físico e mental, Jhon fez um gemido de cansaço e deitou no chão frustrado.

-Bem garoto agora que você finalmente aprendeu a usar vou te oferecer a escolha da sua vida – Março fez uma longa pausa, como se tivesse receio em falar. Isso chamou muito a atenção de Jhon, mas não o bastante para fazer ele sair do chão que parecia muito convidativo para um cochilo.

-A magia tem um alto preço a se pagar.

-Qual? – Jhon não fazia idéia, ele pensava que o cansaço já era o tal preço natural que se pagava.

-Essa energia que usaste não vem de você ou da natureza como muitos dizem, apenas a manipulação dessa energia vem dos magos bruxos e seja lá o que for a sua classe mágica, a fonte do poder vem diretamente do grande dragão, ou como popularmente conhecido dragão primordial.

-O grande inimigo da humanidade, aquele das lendas?

-Sim, além disso esse poder da marca também vem dele então Veni também extrai poder da criatura... Você acredita no Deus dos átrios? – Parecia que Marco perdeu o raciocínio e fez uma pergunta totalmente distante do assunto.

-B-Bem muitos na minha vila acreditavam, então eu também acabei acreditando.

-A fé não é uma gripe Jhon, você não pode acreditar em algo só porque todos ao seu redor acreditam também, a sua religião é escolha somente sua – Jhon pensou nisso por um tempo sobre essa importante questão, ele nunca havia parado para pensar sobre isso.
-Eu acho que não acredito em nada - disse por fim.

-Bem você não parece muito certo disso mas enfim! Todos aqueles que usam o poder do dragão estão condenados.

-Condenados?

--Sim, basicamente você vai para aquele lugar - Apesar de falar sério Marco estava sorrindo.

-S-Serio?

-É claro, o que você esperava? está usando o poder de um ser obscuro. Mas caso queira rejeitar esse caminho eu sei uma forma de retirar sua marca, você perderia a capacidade de usar poderes mágicos mas em troca sua vida poderia voltar a normalidade – Jhon pensou muito tempo sobre essa questão, Marco criou uma pequena bola de fogo e brincava com ela enquanto esperava a resposta.

--Minha vida jamais poderá voltar a normalidade, pois ela foi destruída no momento em que aquelas malditas criaturas chegaram em minha casa! – Jhon exclamou com um ódio irracional, fazendo Marco desfazer sua bola de fogo.

-Nossa você me lembrou muito alguém ao falar assim, mas se é vingança e violência o seu desejo, eu posso ajudá-lo.

-Eu quero me vingar mas não sei do quê já que os monstros culpados foram mortos – Jhon pensou alto demais e se amaldiçoou por isso.

-Bem, então se vingue do grande dragão, tecnicamente falando ele tem controle sobre todos os monstros que assolam essas terras, além de ser considerado o maior representante do mal então por que não se vinga dele? – Jhon não respondeu nada, mas concordou com aquilo, ele não iria mais pensar nele próprio como culpado, era tudo culpa do dragão, todos os sentimentos ruins todas as decepções, e a sua raiva tudo seria direcionado a ele. Apenas ao focar por um tempo sentiu suas mãos formigarem e lá estava novamente, dessa vez não era um brilho mas sim chamas puras que irradiavam de sua mão ele sentiu um formigamento. Mas ao olhar novamente percebeu que não havia brilho e muito menos o fogo, apenas o formigamento.

-Que bom que fez sua escolha, agora vamos amadurecer esse talento! – Marco disse algumas palavras desconhecidas e algo voou de sua mão indo em direção a Jhon, que instintivamente colocou suas mãos na frente, se defendendo da bola incandescente. Contudo uma parte do ataque quebrou uma fina barreira nas mãos dele e atingiu o rosto de Jhon, era quente mas não o suficiente para causar uma ferida grave, uma pequena quantidade de sangue escorreu pelo rosto de Jhon.

-Ai!

-Você está desconcentrado, precisa de um foco, apanhe seu instrumento! – Marco falava de modo autoritário. E Jhon obedeceu, ao se concentrar em seu instrumento ele pensou em toda a tristeza e tormento que sentia todos os dias por ter visto a morte de todos os seus amigos, aqueles que o criaram e o tratavam bem, a família dele. O instrumento irradiou uma fraca luz saindo da marca.

-Ótimo, agora segure! - Marco lançou outro ataque igual ao anterior, no entanto Jhon tocou uma corda com toda sua força usando seus sentimentos concentrados, um som muito forte explodiu e uma rajada quebrou completamente o ataque que Marco havia lançado.

-Muito bem garoto! Você tem um talento nato! – Contudo dessa vez Jhon sentiu algo estranho em seu corpo, como se uma energia negativa estivesse tomando conta dele lembrava um poderoso e terrível veneno, sua pele queimava e os seus olhos lacrimejavam, ao prestar mais atenção ele viu que pingava sangue em vez de lágrimas.

-Mas o que está acontecendo? – Ele olhava para Marco desesperado por uma resposta.

-Essa é a influência maligna do dragão, você se acostuma com isso, é até bem estranho pois normalmente não é tão forte em alguém que começou a usar magia agora, receio que tempos tenebrosos estão por vir – Apesar de Jhon não entender a frase final ele ficou aliviado de que aquilo não era permanente, pois o mesmo estava imóvel esperando seus olhos cessarem de derramar sangue, e quando finalmente parou ele pôde se deitar no chão, estava cansado, eram muitas desvantagens para usar um poder tão fraco como aquele.

-O que está fazendo? Seu treinamento apenas começou! – Março tinha uma enorme sorriso que ia de orelha a orelha, não foi preciso uma resposta e o velho lançou o próximo ataque.

A Ascenção Do BárbaroOnde histórias criam vida. Descubra agora