Ato I

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Rin amava a visão da sua sacada se sentia a dona do mundo vendo as pessoas lá embaixo como pequenas formigas vivendo suas vidas alheia do que acontecia acima delas focadas demais em sobreviver, já seu irmão não gostava tanto quanto ela, talvez por conhecer exatamente o que acontecia ali em baixo, mas naquele dia o lugar não estava tão bonito, olhou para baixo e viu a fumaça por todo o reino, esperava ouvir choros de dor e mães em luto por conta de seus filhos mortos, mas era outra sensação que preenchia o ar e isso a deixava mais irritada, o reino inteiro estava aliviado pela invasão e a culpa era inteiramente sua.


- Oh, quase me esqueci, está na hora do chá. - seu irmão comentou como se fosse apenas outro dia normal sem qualquer importância - Hoje teremos brioches.


- Vá embora enquanto a tempo, eles nem vão olhar para você duas vezes. - a princesa balbucia e seu irmão assenti, havia duvida no olhar dela, mas nunca falaria, não era alguém de voltar para trás - ...está tudo bem, não fique triste, okay? Nunca esqueça de sorrir.


- Obrigado, não saberia o que fazer sem você. - seu irmão não faz menção de se curvar, apenas sorri o que é o suficiente, só queria vê-lo sorrir mais uma vez, amava seu sorriso - Adeus.


E então ele se vira deixando a irmã sozinha, fazia tanto tempo que não sentia essa sensação, um vazio familiar, mas esquecido em meio as festas e bebedeiras do Palácio, os gêmeos tinham se tornado um só a tanto tempo como se fossem siameses conectados pela alma, olhando para o lado Ela procurava sua metade, mas não estava mais ali, Apenas o vazio, fecha os olhos ouvindo a porta sendo arrombada, 1... 2... 3..., sons de passos subindo as escadas, podia diferenciar o andar do líder? Pesado, firme a frente de todos, sem vacilar nenhuma vez.


O ritmo dos passos a lembravam uma peça, ela não sabia como acabava, mas o começo a tinha marcado, o som dos músicos e as cortinas abrindo, o nervosismo do começo do show, o frio na barriga com a primeira linha de diálogo.


- Seu tempo de tirania acabou, Está presa. - os passos agora estavam no seu quarto, ela se vira fitando a comandante Com sua armadura vermelha reluzente, o ar tenso entre as duas, todos esperando a reação da princesa que nunca veio - Algemem ela.


Soldados se aproximam com correntes as mesmas que sempre viu nos milhares de escravos do Palácio que há serviam, a ironia de agora ser ela a usar a quase faz rir, afinal se algum ser humano merecia estar acorrentado com certeza era ela, os soldados tentam toca-la, mas dá um passo para frente fugindo de seu toque.


- Como se atrevem? Bárbaros. - eles olham para a comandante vermelha esperando uma ordem, mas se manteve em silêncio fitando a garota, ela já havia visto este olhar, a vendo como uma piralha mimada fazendo um escarcéu - Eu sei onde fica a porta, posso ir sozinha.


E então eles a levam do seu castelo, do seu reino, do seu lar, sem qualquer despedida ou um julgamento, ela já havia recebido sua sentença, culpada desde o ventre da mãe, culpada em cada gota de seu sangue, os sussurros era ensurdecedores para ela, sabia o que o povo dizia, a flor maligna tinha sido podada e seu espinhos não podia ferir mais ninguém ela esperava ir para o reino vermelho, mas a comandante ia para o leste, o reino azul, seu coração da um salto, ela não queria ir para lá, ver os olhos do príncipe cheios de desprezo, a mulher de vermelho parecia feliz em ver o desconforto da princesa, seus olhos mostravam seus segredos, suas emoções fluindo em seus olhos e por toda a viajem foi isso que ela se fixou em ver, as entrelinhas da comandante, alegria, vitória, nojo, irritação, nojo, ódio, rancor, nojo, nojo e nojo... e alegria de novo quando vê o rosto da princesa ao sentir a carruagem parar.


Havia uma fila de pessoas olhando, observando a garota Entrar no Palácio acorrentada, mas mesmo como as mãos e os pés presos ela andou como se fosse seu próprio palácio não teriam o prazer de ver Rin se curvar, não podia permitir que vissem a princesa daquele jeito, quando enfim entra no castelo não é levada para a sala do trono e sim para a masmorra nos andares inferiores tinha sido uma boa escolha, não dava para saber o que ela faria próxima a família real, mesmo que estivesse naquela masmorra porquê queria, merecia estar lá.


- Sua suíte, princesa. - o guarda fecha a porta da cela a prendendo, Ela se senta no chão virada para uma pequena janela não muito grande, só um quadrado de luz, mas o suficiente para poder olhar a vida que nunca mais teria


Então voltou a fechar os olhos pensando novamente na peça, o primeiro numero já havia acabado e era o momento onde o ator principal entrava, o ar do salão inteiro mudou com a construção do primeiro ato sendo seu ápice sua aparição no palco, mesmo que soubesse que ele ia aparecer afinal aquela era sua história sempre era uma emoção quando o momento chegava.


- Princesa... - A voz suave do príncipe entrou na sala, cantarolada e bonita tinha o poder de acalmar mesmo que ele estivesse em fúrias - Porquê fez aquilo? Pessoas morreram por sua culpa.


- ...Eu sei, mas não havia como parar, eu tinha que fazer o reino verde pagar. - ela ouve os passos se aproximando da cela agradecendo por estar de costas e não precisar ver o horror em seu rosto, mesmo que pudesse ouvi-lo - Nós amávamos a mesma pessoa... você sabe disso? Não sabe.


O príncipe não diz nada havia boatos de que a a princesa amarela estava apaixonado por ele, mas não pensou que ela chegaria a um ponto tão cruel e horrível, por um momento de vacilo a princesa se sente atraída a olhar se virando lentamente, primeiro olhando as altas botas negras, as roupas azuladas e a coroa bem mais simples que a dela em sua cabeça apoida nos fios azuis de seu cabelo, ela fita seus olhos sem vida cansados de tudo aquilo esperava ver ódio, rancor, mas encontrou algo bem pior, ele estava vazio, sem qualquer emoção aparentemente frio demais para ela tocar.


- Você não pode ser tão cruel assim, tem que ter outro motivo. - Mas ela não tinha, não sabia porque fez aquilo, não podia explicar o que passara na cabeça - Me ajude a entender ou diga logo suas últimas palavras.


- Príncipe Kaito. - Ela se levanta indo até a porta da sela encarando seu rosto perfeito e os olhos escuros como o mar, ele a encavara continuava inexpressivo. - Sorria, combina com você.


E então a princesa se senta novamente na sela esperando ouvir os passos do príncipe ir embora, mas continuaram ali, ela olhou para janela se perguntando onde estaria seu irmão e então fez algo que a princesa nunca fazia, ela chorou, chorou até sentir sua dor prensar seu coração, a princesa nunca fazia aquilo, mas não importava, afinal não era a princesa.

Reinado de pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora